8/30/2007

Precisando de uma sacola nova?

Como já comentei aqui, de vez em quando, visito o blog do No Impact Man (em português, uma tradução livre seria “O homem do impacto zero”). O projeto dele é legal e o blog é um prato cheio para quem quer fazer alguma coisa pelo meio ambiente mas não sabe o quê. Porque simplesmente tudo o que ele faz é pra evitar impacto sobre o meio ambiente. Ele não compra nada novo (compra roupas em brechós, reutiliza embalagens - de terceiros, que fique bem claro - para criar novos utensílios domésticos, como o copo reutilizável que carrega pra lá e pra cá), não usa eletricidade (sim, ele mandou desligar a eletricidade do apartamento dele - eles lavam a roupa na banheira e, pra imitar o movimento da máquina de lavar, eles pisoteiam a roupa mais ou menos como os antigos produtores de vinho pisavam nas uvas), não usa transporte que emita gás carbônico (só anda a pé ou de bicicleta)... Enfim, ele pesquisou e adotou um estilo de vida o mais livre possível de impactos sobre o meio ambiente.

Revendo alguns artigos e comentários mais antigos aqui do blog e lá do Futuro do Presente, reparei num pequeno debate sobre sacolas reutilizáveis para evitar trazer para casa aquelas malfadadas sacolas de plástico. E recentemente teve um post lá do No Impact Man sobre isso: ele estava quebrando a cabeça para descobrir como faria para arrumar uma sacola de compras reutilizável sem ter que comprar uma sacola de pano nova. Daí apareceu um amigo com um presente criativo e inusitado: uma sacola feita a partir de uma regata. Isso mesmo, uma camiseta regata! Fantástico. O cara costurou a parte de baixo da camiseta velha (provavelmente uma que não era mais usada) e voilà! Transformou-a em uma sacola de compras. As alças da camiseta são as alças da sacola. Superecológico.

8/28/2007

Podemos delegar a nossa parte?

Em uma das notícias reproduzidas hoje no Portal do Meio Ambiente, Adriana Kuchler, da Revista da Folha, fala sobre como as pessoas procuram aliviar a sua parcela de culpa pelo estado em que se encontra o meio ambiente hoje através de ações paliativas.

OK, podemos procurar formas de compensar o impacto que nossas vidas modernas, corridas e cheias de tecnologia causam: plantar uma árvore ou contribuir para um evento ecológico, por exemplo. É um passo no sentido de reconhecermos que estamos causando algum impacto negativo sobre o meio ambiente.

Mas é importante termos em mente que precisamos fazer mais. Precisamos reduzir o consumo. De tudo. Precisamos reaprender a viver.

E alguém disse que seria fácil fazer a sua parte?

8/21/2007

Campanha bacana em S.Paulo: óleo de cozinha

Recebi o aviso por e-mail agora. A Porto Seguro, em parceria com o Instituto Triângulo promove uma ecoatividade: o seu óleo de cozinha por sabão ecológico. De 20 a 31 de agosto, os postos Porto Seguro de S. Paulo recebem o óleo de cozinha em garrafas PET e dão em troca duas pedras de sabão ecológico - produzido com materiais poluentes, se transforma em produto ecológico (e economicamente rentável), o que desperta os consumidores para o consumo consciente.
Os postos da Porto Seguro atenderão de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h30.
Veja a relação:
Tatuapé - R. Azevedo Soares, 1043
Pacaembu - Av. Pacaembu, 35
Paulista - Av. Paulista, 91
S. Bernardo do Campo - R. Atlântica, 585
Osasco - Av. Corifeu de Azevedo Marques, 5090
Santana - Av. Nova Cantareira, 764
Indianópolis - Av. Indianópolis, 1267
Santo André - Av. Portugal, 1285
Guarulhos - Av. Dr. Renato de Andrade Maia, 1325

Lembre-se: um litro de óleo de cozinha contamina um milhão de litros de água - o consumo de uma pessoa por 14 anos. Recicle!

8/20/2007

Dia Mundial sem Carro

Dia 22 de setembro. Marquem a data, divulguem, contem para todo mundo. Este dia - e, faço votos, sempre que for possível - os carros ficarão na garagem. É o Dia Mundial Sem Carro.
Um dia para conhecer a sua cidade de outros ângulos: do topo dos ônibus, da profundidade dos metrôs, com a graça dos trens, o sussurrar do vento da bicicleta, o velho e bom caminhar pelas calçadas.
Aqui em S. Paulo, a ONG Nossa São Paulo, que acaba de ser fundada por Oded Grajew se adona da idéia. Mas a história já acontece há muitos anos, divulgada pelo Rua Viva. E, para este ano, parece que haverá experiências bacanas na TV Cultura. A conferir.
O melhor é ver que cada vez mais gente (e dinheiro) se aglutina em torno de idéias que promovem bem-estar. Porque aturar esse tanto de carros nas ruas, ninguém merece. O que no Brasil parece bobagem, em Nova Iorque será obrigatório: o prefeito de lá, contou Gilberto Dimenstein em julho, determinou, na marra, que os táxis sejam menos poluentes, quadruplicou a área das ciclovias e, para completar, prometeu cobrar R$ 16 para cada carro que circular em Manhattan. Palmas para Bloomberg. Se o cara sair candidato à presidência, como dizem, estarei na torcida.
Privilegiar o transporte individual acima do coletivo é pernicioso - para os indivíduos e para o planeta. Meu consumo anual de carbono, descobri, é mínimo. Quem tem carro, entretanto, deve muito ao planeta. E, segundo matéria de hoje, na Folha Online, não há biocombustível que resolva.
Enquanto os cientistas tentam resolver a equação, eu não uso carro. Vendi no começo do ano e sou uma mulher feliz - e livre para escolher meu meio de transporte. E, confesso: quando estou cansada, cansadíssima, apelo para o táxi. O meio ambiente - e o meu bolso - agradecem.

Todos pelo meio ambiente


Vi lá no Blog do Planeta: uma iniciativa um tanto ousada da organização Blog Action Day. Eles propõem que, no dia 15 de outubro, todos os blogs do mundo falem sobre um único assunto: o meio ambiente. E perguntam: o que aconteceria se todos os blogs publicassem posts sobre o mesmo assunto, no mesmo dia? Um assunto. Um dia. Milhares de vozes.

Quem quiser participar pode registrar seu blog aqui.

8/16/2007

Faça a sua parte?

Isso é assustador. Se é assim na "educada" Inglaterra, imagine no resto do mundo???

É preciso mais educação ambiental para que as pessoas entendam de verdade a idéia básica de faça a sua parte. Urgentemente.

8/15/2007

XVII Semana Mundial da Água



Como se desenvolver sem poluir? É uma das questões que estão sendo colocadas aos 2500 cientistas do mundo inteiro que estão reunidos esta semana (12-18/08/2007) em Estocolmo para a XVII Semana Mundial da Água. Ela tem como tema principal a mudança climática e como objetivo a proposta de soluções de desenvolvimento sustentável, principalmente em relação aos biocombustíveis e às instalações sanitárias.

Representantes dos governos, de empresas, especialistas do setor da água, membros de ONGs, e responsáveis das Nações Unidas debaterão estas temáticas. Por exemplo, está em pauta o caso dos biocombustíveis, que permitiria a redução dos gases que provocam o efeito estufa, mas cuja produção gastaria muita água. Um outro problema sério a ser tratado são as instalações sanitárias. Bilhões de pessoas estariam "na fila do banheiro", pois apenas a metade da população terrestre tem acesso a eles, o que é uma grande fonte de poluição. Aliás, segundo o discurso de abertura do chefe do governo sueco, 34000 pessoas morrem anualmente em conseqüência das doenças provocadas pela falta de água potável e de instalações sanitárias.

E as conseqüências dos vários tipos de poluição já são perceptíveis, pois entre 1996 e 2005, estima-se que 80% das catástrofes naturais foram de origem hidráulica ou meteorológica. E as inundações, que afetaram cerca de 66 milhões de pessoas anualmente entre 1973 e 1997, estão entre as catástrofes naturais que provocam mais danos. A água é a maior vítima da mudança climática.

A questão dos investimentos dos bancos e das empresas no setor da água e a cooperação entre países vizinhos visando a gestão deste recurso também estão sendo discutidas durante esta semana.

8/12/2007

Casas que Economizam Energia

Atualmente fala-se muito em casa ecológica. Mas o que é? Dizem que uma casa ecológica é construída com materiais locais, naturais, que sofreram o mínimo de transformações. Por exemplo, um igloo, as casas dos índios, uma casa de palha...

A casa sustentável seria uma casa que apresenta o conforto da vida moderna, mas já incluindo os critérios de respeito ao meio ambiente, como a utilização de materiais ecologicamente corretos, uma minimização do consumo de energia e baixo teor de emissão de CO2.

Recentemente ouvi uma terceira definição para este tipo de residência: a casa econômica!A economia consistiria na minimização da água e da energia fornecida pela rede pública e das emissões de CO2. No entanto, o argumento de venda junto ao público é a economia em ...dinheiro. "Economize 800 libras na tua conta de luz por ano comprando esta casa."

Esta casa (foto acima) faz parte de um conjunto de casas populares que serão construídas pelo governo britânico, das quais 10% são casas "econômicas", com baixo teor de emissão de CO2. O projeto que venceu a concorrência pública integra os ítens já tradicionais das casas sustentáveis tais como painéis solares fotovoltaicos, mini-turbinas eólicas, vidros triplos que absorvem a radiação solar em função da estação do ano, reutilização da água dos banhos e das pias para a descarga do banheiro e recuperação da água da chuva (veja o diaporama).


Veja também o VÍDEO do jornal televisivo francês apresentando esta casa.

Trata-se de apenas 10% das novas casas a serem construídas, mas acho que isto demonstra que os governos dos países industrializados começam a levar a sério o problema do aquecimento da Terra e adotar medidas concretas para combatê-lo.


No Brasil, também existem projetos para a construção de casas sustentáveis, como a "Casa Verde" (à esquerda) e a "Casa Sustentável", cujos protótipos integrando os princípios da arquitetura bioclimática e materiais certificados foram apresentados recentemente em São Paulo e no Rio Grande do Sul, respectivamente.

E também idéias originais e inusitadas como as casas com estrutura de bambu e com argamassa de raspas desta planta e de pneus, construídas em Três Rios (RJ) e Maceió (AL). Aliás, a utilização de materiais de construção provenientes da reciclagem, é um dos pontos inovadores da arquitetura ecológica, como pode ser visto na casa do arquiteto Sérgio Pamplona, em Brasília (DF), na qual pneus usados são preenchidos com terra e usados como degraus das escadas.

Existem também iniciativas interessantes para casas populares como o projeto para comunidades carentes, com métodos construtivos e características ecológicas do Instituto Habitat, e também o projeto de habitação sustentável voltado às comunidades de baixa renda em São Leopoldo (RS).

O importante é constatar que a procura de soluções para a construção de habitações auto-sustentáveis em energia, com aproveitamento máximo da água e com limitações nas emissões de CO2 já está sendo incorporada na mentalidade coletiva. Parece que as pessoas são menos reticentes em relação à mudança ao seu modo de morar que ao de se locomover, pois o uso do automóvel até agora não encontrou substituto "aceitável".

Leia mais :

Noções sobre a Arquitetura Sustentável
Tecnologias diminuem gastos de energia e água
6 Idéias para uma casa ecológica
Conselhos do Greenpeace para cada cômodo da casa
O bom e o barato da casa ecológica


8/11/2007

Transition Towns

A dependência do petróleo por parte da economia mundial, assusta. Há quem aposte suas fichas nos biocombustíveis, e há quem decidiu eliminar os riscos de uma nova dependência.

Transition Towns é o nome de um movimento que começa a ganhar força na Inglaterra. Acreditando ser tarde demais para encontrar fontes alternativas de energia, com disponibilidade imediata e em quantidade suficiente para atender a demanda mundial, Rob Hopkins e seus seguidores resolveram antecipar o futuro e começam a aprender a viver sem o conforto da tecnologia.



Para as comunidades que decidem aderir à filosofia, tudo tem início com a transição da produção e do consumo. Cada bairro ou cidade se organiza para tornar-se independente e utilizar cada vez menos o transporte de mercadorias – pelo menos as mercadorias que podem ser produzidas localmente ou que podem ser substituídas por produtos alternativos. Mas eles estão apostando tudo em uma mudança de estilo de vida, decididos a abrir mão de alguns itens de conforto.

A educação para a nova geração – a primeira em muitos anos a viver sem o petróleo – conta com palestras em escolas, filmes e ensina atos simples, como a troca de lâmpadas normais por aquelas de baixo consumo, ou a substituição dos aquecedores domésticos a óleo, gás ou eletricidade por aquecedores a lenha. O mel local tomará o mercado do açucar, assim como o chá, do qual os ingleses não abrem mão, deverá ser transportado por navios, e não mais por via aérea. Adeus à geladeira: irão comer chucrute, alimentos desidratados, salgados ou conservados com banha, além de frutas e verduras frescas.



A coleta de água da chuva para armazenamento em cisternas é uma das saídas encontradas para evitar um duro racionamento, e a água do banho será reutilizada para regar jardins e hortos caseiros.

O último estágio prevê o uso de moedas locais. Será o fim da globalização? E se for, isso precisa ser negativo?

8/09/2007

Os 10 websites mais verdes

O Guardian publicou hoje uma lista daqueles que os repórteres consideraram os websites mais "verdes" do planeta (aqueles motivados de alguma forma na construção de um futuro melhor). Boa parte deles são baseados no Reino Unido, mas não deixa de ser interessante e útil se inspirar nas idéias que eles nos deixam. A lista segue abaixo:

- Grist - revista online com novidades e notícias sobre o ambiente, abrangendo desde dicas a política ambiental, tudo com muito humor. Uma espécie de portal verde.

- Real Climate - dessa lista, é meu site predileto. Cientistas de renome discutindo a ciência hardcore por trás das mudanças climáticas. Melhor e mais confiável fonte de informação sobre o tema atualmente na web.

- World Changing - o site do desenvolvimento sustentável por excelência. Está nos meus feeds há anos e nunca deixa de me surpreender, com visões pra lá de interessantes. Muitas análises de gadgets e arquitetura sustentável. De moda a biodiversidade. Discute-se de tudo por lá, enfim. As dicas ecoconscientes são fenomenais. Não perca.

- TreeHugger - dicas verdes sob formato blog, com destaque para a seção "Take action", que estimula a participação de todos. Eu não connhecia esse site antes, e estou no momento me deliciando com o enveredamento por lá.

- Free Cycle - um site de troca de produtos usados. O objetivo é diminuir a geração de lixo. Interessante.

- Liftshare - um organizador de caronas e afins. Se você quer dividir um táxi com alguém, coloque seu anúncio lá. Uma proposta para diminuir a circulação de carros com uma só pessoa dentro pelo mundo.

- Seat61 - um site de turismo responsável, utilizando principalmente a malha ferroviária pelo mundo. Aos viajantes de plantão, as dicas são fantásticas.

- Recycle now - dicas fantásticas sobre reciclagem, projetos em execução, etc. Lotado de idéias interessantes. Infelizmente a lista de pontos de reciclagem é para o Reino Unido apenas, mas desconsidere essa parte e leia os artigos sobre o tema. Vale a pena.

- Planet Ark - dedicado a diminuir o impacto humano cotidiano sobre o planeta. Dicas e afins.

- Adili - para estar na moda sem comprometer o ambiente.


Todos valem a pena ser visitados e frequentados, já que sempre trazem perspectivas, dicas e idéias novas sobre os dilemas sérios que enfrentamos no cotidiano em todos os níveis (político, científico, econômico, etc.) sobre a causa ambiental.

8/04/2007

Desastre Ambiental no Rio Grande do Norte

Visitando os blogs amigos, me deparei com esta notícia, preocupante para todos que se interessam pelo meio ambiente :


Um dos maiores desastre ecológicos do Rio Grande do Norte ocorreu neste final de julho, causando a morte de pelo menos 40 toneladas de peixes e crustáceos entre os rios Jundiaí e Potengi. Uma das suspeitas é a de contaminação química gerada por algum tipo de produto despejado no rio, o que causou a falta de oxigênio para os peixes. Segundo as declarações da bióloga Rose Dantas no jornal "Tribuna do Norte", "mesmo que todo o problema seja logo sanado, inclusive impedindo que as empresas voltem a despejar dejetos no rio, o impacto foi tamanho que será necessário, pelo menos, seis meses para que os pescadores voltem ao trabalho e, para despoluir totalmente a área, seriam necessários cerca de 15 anos".


Assustador, não? Leia mais :


Desastre ambiental forte en Natal/RN
Imunizadoras são suspeitas do desastre no rio Potengi

UPDATE:


E a poluição dos rios ocorre também em outros pontos do planeta...


Na França o governo vem de decretar (7/8/2007) a extensão da proibição do consumo dos peixes do rio Rhône pescados de Lyon até o mar Mediterrâneo.


Segundo as análises realizadas, estes apresentam uma contaminação pelo PCB, mais conhecido como piroleno, composto clorado isolante usado principalmente em transformadores, que se acumula nas partes gordurosas dos peixes. Ingerido regularmente, ele pode causar problemas de fertilidade, de crescimento e câncers nos seres humanos.


Suspeita-se que a origem da contaminação remonta aos anos 80, quando estes eram lançados no rio sem contrôle sendo que este contaminante faz parte dos 12 poluentes classificados pela ONU entre os particularmente perigosos, os POP (poluentes orgânicos persistentes). No entanto, uma enquete está sendo realizada para verificar se novas descargas deste poluente não estão ocorrendo em algum ponto do rio e também para estudar as conseqüências desta contaminação e os meios de remediá-la.


Saiba mais :


O consumo de peixe do Rhône proibido devido à contaminação pelo PCB

8/03/2007

Amamentar é um ato ecológico II

Denise1No ano passado, fiz esse post como parte da blogagem coletiva proposta pela Lucia Malla, no Dia da Terra. Agora, na blogagem coletiva sobre amamentação, achei que o post deveria ser divulgado por aqui, como minha primeira contribuição ao blog "Faça a sua parte".

Uma das coisas que me apaixonaram na amamentação foi a sua complexidade e as diversas formas de se trabalhar com esse tema. Apesar de parecer um ato solitário, apenas entre a mãe e o bebê, a amamentação envolve muito mais - garantia de direitos humanos e trabalhistas, gênero, educação, luta contra promoção indiscriminada de alimentos infantis e... ecologia.


Impacto Ambiental da Alimentação por Mamadeira

Desperdícios

Se todo bebê norte-americano recebesse mamadeira, quase 86.000 toneladas de alumínio seriam usadas nas 550 milhões de latas de leite descartáveis. Se as latas tiverem rótulos de papel, somam-se outras 1230 toneladas de papel às enormes quantidades de papel brilhante usadas na propaganda do produto. Embora algumas latas sejam reutilizadas, grande parte do metal e papel seria jogada fora e raramente reciclada.

Os leites para bebês vêm sendo, crescentemente, comercializados na forma de alimento pronto-para uso, em caixas feitas a partir de uma mistura de materiais e, conseqüentemente, impossíveis de serem recicladas.
Denise2Mamadeiras, bicos e demais acessórios são feitos de plástico, vidro, borracha e silicone, geralmente reutilizáveis, mas raramente reciclados ao final de sua vida útil. A nova idéia de vender leite pronto em mamadeira, por vezes já com o bico, significa que jamais será reutilizado.

Em 1987, somente no Paquistão, 4 milhões e meio de mamadeiras foram vendidas. O número de mamadeiras por bebê é bem maior em países industrializados (a maioria dos bebês nos EUA usa pelo menos 6).

Todos estes produtos desperdiçam recursos naturais (estanho, papel, vidro, etc), causam poluição desnecessária na sua produção e empacotamento e proporcionam um problema de lixo.

Os plásticos representam uma preocupação especial, pois a maioria deriva do petróleo, um recurso chave, e sua produção causa poluição. São raramente reciclados pela ausência de equipamentos adequados e dificuldade em separar os diversos tipos. São virtualmente indestrutíveis e permanecem como poluentes quando jogados fora.

O nome dos chamados plásticos biodegradáveis é errado, pois apenas um dos seus elementos é orgânico e se biodegrada deixando pedaços muito pequenos como poluentes - pelo menos os plásticos "não biodegradáveis" podem ser removidos e reciclados ou destruídos adequadamente. A fumaça resultante de sua incineração pode conter dioxinas e outros tóxicos.


Água

Denise3Ao preparar o leite artificial, a mãe deve esterilizar a água e os utensílios.

Água e energia para fervura são facilmente disponíveis no mundo industrializado,
mas não é uma razão para desperdício.

A energia geralmente vem de usinas convencionais e nucleares que poluem o meio ambiente.

A falta de água não é comum nos países desenvolvidos, mas em 1975 a OMS estimava que 60% das pessoas em países menos desenvolvidos não tinham acesso a água suficiente. Não é raro que, em algumas partes da África, as mulheres gastem 5 horas por dia buscando água. Um bebê de 3 meses alimentado por mamadeira necessita de 1 litro de água por dia para adicionar ao leite e outros 2 para ferver bicos e mamadeiras15. Além disso, deve-se somar a água necessária para lavar e enxaguar.

A lenha também é um recurso precioso em alguns países em desenvolvimento e tem sido usada em rítmo alarmante. Gasta-se 200g de madeira para ferver 1 litro de água. Assim, em um ano, uma criança alimentada artificialmente consumiria pelo menos 73 kg de valiosa madeira.

Líquidos esterilizantes comercializados são comumente usados para limpar a maioria das mamadeiras e bicos em muitos países industrializados. A maioria deles usa como base água sanitária clorada e a produção de ácido clorídrico está relacionada à emissão de dioxinas.


A Indústria Leiteira

Denise4Seriam necessárias 135 milhões de vacas leiteiras para substituir o leite de mulheres só da Índia. Cada vaca precisa de cerca de 10.000 m2 de pasto, o que significa dedicar 43% da área da Índia à pastagem (uma área equivalente a 6 vezes o tamanho da Grã-Bretanha) para substituir o leite materno.

Para criar pastagens é preciso desmatar, o que leva, conseqüentemente, à erosão e exaustão do solo, ao aumento de gases que contribuem para o efeito estufa, além da redução de flora e fauna decorrente da mudança do solo. Para se produzir um quilo de leite para bebê, gasta-se no México, 12.5 m2 de floresta tropical.

As vacas liberam metano, gás importante para o fenômeno estufa, através de flatus e fezes aumentando a poluição atmosférica. O gado produz 100 milhões de toneladas anuais de metano, 20% do total. A eliminação do excremento é um problema por si só e geralmente causa poluição de rios e do subsolo.

A criação de gado contribui também para a formação da chuva ácida. A amônia dos currais reage com o dióxido de enxofre (presente no ar em países desenvolvidos) produzindo sulfato de amônia que ataca as folhas e se converte em ácidos nítrico e sulfúrico quando atinge o solo. A criação intensiva de gado, comum nos países onde a maior parte do leite artificial é produzida, exacerba este problema.

Os fertilizantes nitrogenados muito solúveis usados na produção de ração para vacas leiteiras podem contaminar os lençóis de água. Um milhão e meio de pessoas na Grã-Bretanha bebem água com níveis de nitrato acima dos estipulados pela Comunidade Econômica Européia.

Fertilizantes nitrogenados e detritos animais são as duas principais causas do excesso de plantas em lagos e rios (o lago ou riacho
se torna rico em nutrientes causando crescimento excessivo das plantas). Sua decomposição consome todo o oxigênio da água, causando mau cheiro e matando a vida existente. Estima-se que o custo para limpar águas poluídas por nitrato, de apenas uma região da Grã-Bretanha, será de 200 milhões de libras.


Processamento e Transporte
Denise5A maior partes dos leites artificiais é leite de vaca pasteurizado e convertido em pó. O leite é desnatado, filtrado e aquecido entre 95 a 105ºC durante 14-20 segundos, homogeneizado, resfriado e secado com 5 jato de aproximadamente 73ºC e borrifado em um ambiente de 160ºC. A fabricação do leite de soja é semelhante.

A energia necessária para atingir as temperaturas e os procedimentos mecânicos adequados causam poluição do ar (chuva ácida e efeito estufa), bem como a utilização de recursos naturais como combustível. O leite ou soja, ingredientes principais dos leites infantis artificiais, são misturados a um coquetel de substâncias
industrializadas.

O leite geralmente viaja distâncias consideráveis antes de ser processado e a lata, o papel, as mamadeiras, etc, também devem ser transportados.

Depois de empacotado, o leite é levado ao consumidor. O Equador, por exemplo, importa leite dos EUA, Irlanda, Suiça e Holanda. Outros países exportadores incluem o Japão, França, Alemanha, Dinamarca, Grã-Bretanha e Nova Zelândia; a maioria dos países importa leite de lugares distantes. Não há dados exatos sobre a poluição causada por este transporte desnecessário, que é sem dúvida considerável.

(Texto de Andrew Radford, leia mais aqui.)

Atenção:

Não pretendo, com essas informações, colocar nos ombros das mulheres mais um peso e responsabilidade pelo "futuro do planeta". Minha mensagem não é que, porque a amamentação é um ato ecológico e o uso de mamadeiras é prejudicial ao meio ambiente, as mulheres devem amamentar.

O que quero deixar registrado é mais um argumento para que toda a sociedade apoie as mulheres, para que possam amamentar com prazer e tendo garantidos todos seus direitos. Amamentar não é um dever, mas é um direito da mulher.



Campanha Internacional

Denise6

A primeira vez que ouvi falar no impacto ambiental do abandono da amamentação foi na Eco 92, quando a IBFAN Rio organizou uma série de eventos pra divulgar esse tema.

Em 1997, a pedido da WABA (Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno), coordenei, em nível internacional, uma campanha de esclarecimento sobre esse tema, na Semana Mundial da Amamentação.

Foi minha primeira experiência de trabalho, verdadeiramente "globalizado". Organizamos um pequeno grupo de trabalho, em Porto de Galinhas, que contou com uma venezuelana (Antonieta Hernandez), uma uruguaia (Cecilia Muxi), três brasileiros (eu, Lígia e Marcus Renato de Carvalho) e um inglês (Andrew Radford, autor do trabalho Impacto Ecológico da Alimentação por Mamadeira).

Esse grupo elaborou um esqueleto para o "folder de ação", que foi redigido por Andrew e revisado por pessoas de todos continentes. Meu ex, Paulo Santos, bolou com o cartunista Libório, toda produção gráfica e criamos um software educativo, para crianças; uma cartilha eletrônica; uma cartilha impressa e um livrinho para colorir. Todo material foi impresso na Malásia, em diversos idiomas e distribuído de lá mesmo, para quase 100 países.

Esse foi um trabalho do qual me orgulho muito, porque é uma forma fantástica de trabalhar a questão da amamentação com crianças e adolescentes que ainda não têm interesse nenhum em relação aos cuidados com bebê. Não adianta falar sobre os benefícios do leite materno, mas eles entendem muito bem e se preocupam bastante com nosso meio ambiente.


Leia mais sobre o assunto:




(Postado originalmente em 22/04/06 por Denise Arcoverde no Síndrome de Estocolmo e gentilmente cedido para publicação aqui. A Denise está agora organizando uma blogagem coletiva sobre amamentação para o dia 07 de agosto. Participe!)

8/02/2007

Amamentar é um ato ecológico

Aproveitando que começou ontem a Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM) 2007, queria falar rapidinho sobre os benefícios da amamentação para o meio ambiente (porque os benefícios para a saúde da mãe e do bebê, além de indiscutíveis, podem ser pesquisados em fontes mais adequadas, como o Aleitamento.com, o Matrice e o Amigas do Peito, entre tantos outros sites maravilhosos sobre o assunto).

O leite do peito não requer o uso de gás ou eletricidade para ser aquecido, não produz lixo desnecessário (latas, caixas, mamadeiras, bicos, embalagens) e o único "recurso natural" gasto para produzi-lo são as calorias da mãe.

Por isso, amamente! Seu bebê, sua saúde e o meio ambiente agradecem.

Atualização - E a Lucia Malla deu a dica: a Denise Arcoverde está convocando a blogosfera para uma blogagem coletiva sobre amamentação. Participem! Informem-se, leiam os posts e saibam por que amamentar é bom para o seu bebê e para o meio ambiente.