4/28/2007

Ação de Guerrilha pela Terra


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Originally uploaded by 50graus | 50degrees.
Descobri no Blog de Guerrilha esta ação. A 50graus.org cobriu o gramado em torno do Empurra, em frente ao Parque do Ibirapuera, aqui em São Paulo, com pinguins de gelo.
O marketing é pura guerrilha. E no site há imagens para fazer stickers e espalhar por aí. Quem quiser conhecer outras ações dos caras, vale visitar o Flickr (o link está embaixo da foto).
Achei inteligente, sutil e delicado. O que vocês acham?

4/27/2007

Nosso Lar

Senti um grande tremor

Acordei com pavor

Ao saber que estava próximo

O dia do horror



Olhei para o céu azul

Olhei o mar, enfim

Ele estava vermelho, sangrava

Pedindo socorro a mim



Salve antes que seja tarde

Pare hoje, pois amanhã não se sabe

Salve todos, salve os bichos



Este é nosso lar, acorde!

A responsabilidade é nossa, assume!

Salve-se, salve o bicho-homem!



(Poema escrito por Manuela Furtado em 22.04.2007 - Dia internacional da Terra, e gentilmente cedido para publicação neste blog.)

4/23/2007

Pelos nossos filhos

Podemos diminuir a quantidade de lixo produzida no nosso dia-a-dia, sim, com criatividade, economia e, no fim, quem sai lucrando somos nós mesmos. Para algumas pessoas, no entanto, talvez seja necessário que se tomem medidas enérgicas para alterar significativamente seu comportamento em relação à questão ambiental. Infelizmente, tal mudança muitas vezes não acontece naturalmente, e torna-se necessário insistirmos na informação e no exemplo.

Na verdade, se por um lado é preciso explicar seriamente às pessoas que estamos prestes a uma tragédia ambiental nos próximos anos, por outro lado, informar apenas não é suficiente para alterar o comportamento de muitas delas. Talvez seja necessária a adoção de medidas que tenha um caráter obrigatório em relação ao problema ambiental.

Como cidadãos temos o direito de exigir de todas as pessoas que se responsabilizem por suas ações e também de exigir de nossos governantes mudanças nas leis que possam, de alguma forma, conter práticas consumistas da população, como a que já é adotada em países, por exemplo, que cobram pela sacola nos supermercados, obrigando a população, de certa forma, à redução do consumo de tais embalagens.

Certamente não vamos, sozinhos, resolver os problemas do nosso planeta, mas podemos contribuir para que as próximas gerações, as dos nossos filhos e netos, encontrem uma Terra melhor. Nos próximos 50 anos, muitos de nós terão descendentes próximos ainda vivos, pois muitas das pessoas que nasceram hoje, ainda estarão vivas. Portanto, que cada um faça a sua parte e da melhor forma possível. Pelos nossos filhos e pelos filhos de nossos filhos.

Participe da ação coletiva do Faça a sua parte!

Imagem daqui

4/22/2007

Idéia 38 para o Dia da Terra

No ano passado a Lucia Malla organizou para o “Dia da Terra” uma blogagem coletiva que foi um verdadeiro sucesso. Milhares de blogs aderiram e postaram algo para marcar a data e lembrar dos problemas que afligem nosso planeta. Como boa bióloga, a Lucia mantém um blog que é um verdadeiro caldo de cultura de ótimas idéias que faz propagar em modo epidêmico. Não foi portanto com muita surpresa que a idéia desse blog viesse a nascer exatamente dentro do “Uma Malla pelo mundo”, na sua caixa de comentários. Da idéia se passou à ação e o blog ganhou as estradas da rede. O numero de colaboradores cresceu e ótimos textos e debates vem se desenvolvendo aqui, ousaria dizer, de altíssimo níveis.


Esse ano, temos uma proposta a fazer para comemorarmos esse dia da Terra de modo a transformar essa que seria apenas uma homenagem lida e ouvida por nós humanos, em algo que a homenageada, a Terra, pudesse realmente perceber, sentir o quanto estamos a seu lado e lutamos por ela.


Como é até óbvio, o próprio nome do blog é um convite à ação. Pensamos somente em explicitar mais isso, com exemplos práticos e reais, de pessoas que estarão se esforçando para melhorar o seu modelo de consumo com vistas a uma melhoria do ambiente.

Propomos uma ação coletiva onde para a postagem do dia 22, a sugestão para quem for participar, é que faça um post onde se coloque uma sua meta a ser atingida no que se refere ao meio ambiente. Explicando melhor:


Cada um que postasse, poderia declarar a sua meta no que se refere a economia de recursos, a porcentagem de lixo separado, enfim, o que for. Exemplo: espero reduzir em 20 por cento meu consumo de combustível. Isso é um dado objetivo e mensurável. Alguém pode traçar como meta diminuir o consumo de água, ou o de embalagens, comprar menos supérfluos ou mesmo simplesmente andar mais a pé . Cada um fala do seu empenho no seu blog e o “Faça a sua parte” reúne os links no dia 22. Mas o objetivo também é o de ter uma meta que o “Faça a sua parte” possa noticiar ou linkar ao longo de todo ano. No próximo dia da terra, daqui a um ano, o “FSP” fará um grande balanço dos resultados.


Faço um exemplo um pouco mais detalhado. Meu caso particular. Consumo com meu carro, em média 1600 litros de gasolina por ano. Posso traçar uma meta de reduzir 20% desse consumo, claro que sem fazer uma substituição com outra fonte de energia e sim uma economia real. Parece fácil, mas envolve um mundo de decisões, planos e mudanças de hábitos. O que vou fazer? No lançamento da campanha faço um post expondo isso. Depois, a cada um, dois ou três meses, posto algo sobre meu progresso. Quantos passeios programei fazer com a bicicleta em lugar do carro. Meterei as fotos que ilustram esse meu esforço. E os números. Vou pedir ajuda, incentivos, idéias, orações. Chamar à participação e envolver as pessoas em torno de uma idéia. Porque tudo isso?


Porque todas as questões relacionadas com meio ambiente tem um fundo político/ideológico, de como nos relacionamos com o mundo e como o consumimos. Mudar essa realidade é um dos nossos maiores objetivos e começa com a mudança das mentalidades e os modos de atuar na realidade. Não podemos pretender que algo se mova simplesmente lendo este blog e esperando que alguém faça a sua parte. Nos precisamos fazer a NOSSA parte."


Está lançado o desafio!

Dia da Terra

Os posts de quem estiver participando da "Idéia 38" estão linkados na lista ao lado. Divulgue suas metas e deixe um comentário.

4/19/2007

Planeta Sustentável: site bacana

Este é o novo site da Abril. Com apoio do Banco Real, da Bunge e da CPFL, o Planeta Sustentável tem muito conteúdo e reflexões sobre sustentabilidade. Um tema que merece discussão e tratamento sério. Na equipe de produção, minha colega, Ana Carmen Foschinni. Espero que todos curtam muito.

4/16/2007

Dia Mundial da Terra

Efeitos do aquecimento climático: o degelo nas regiões polares (Antártica) e a extensão das terras castigadas pela seca (Tailândia).

O Dia da Terra é comemorado por milhares de organizações, em centenas de países, com o objetivo de conscientizar as comunidades sobre a importância da preservação do Planeta Terra. A data foi criada nos Estados Unidos em 1970, com o primeiro protesto contra a poluição, convocado pelo Senador norte-americano Gaylord Nelson, e passou a ser comemorada por outros países nos anos 90.

Esperamos que, no mundo todo, se organizem atividades como limpeza de praias, palestras sobre aquecimento global, campanhas de reciclagem, concursos, workshops, shows e outros eventos culturais que realmente estejam voltados para essa questão tão séria que estamos vivenciando: o que podemos fazer em relação a questões ambientais que o Planeta enfrenta.


Foto: daqui

4/14/2007

O dia da Terra está chegando!

Dia 22 de abril, domingo que vem, é o dia da Terra. O tema mundial para a data em 2007 é "Chamada para ação sobre aquecimento global", exatamente o mesmo tema que foi a razão de nascimento desse blog verde. Separe a data na agenda, porque é muito provável que haja movimentação blogosférica - e das boas! ;)

4/11/2007

A repórter Flavia Galembek, da revista Vida Simples, conta como passou 30 dias consumindo somente o essencial. Vejam um trecho da matéria:

“O fato é que a humanidade precisa, rapidamente, aprender a priorizar seu consumo e refletir, antes de passar no caixa, que cada compra influencia o seu futuro e o do planeta. Seja por contribuir com as péssimas condições de trabalho no local onde o bem foi produzido, seja por gerar lixo em demasia, seja por degradar o ambiente, entre dezenas de outras motivações absolutamente louváveis que fazem parte das preocupações do nosso tempo. Ou então porque simplesmente deseja ter fôlego para planejar melhor as próximas compras, os próximos sonhos (de consumo ou não).”

Ela mostra como podemos mudar hábitos simples da vida, e que, quando realmente queremos, descobrimos que muitos de nossos hábitos são absolutamente dispensáveis e desnecessários. Basta abrirmos os olhos.

Ainda nesta edição da Vida Simples, Osvaldo Martins, diretor da organização The Green Initiative, fala sobre a compensação dos impactos ambientais causados por cada um através do plantio de árvores.

De maneiras diferentes, eles mostram como cada um pode fazer a sua parte. Pense e você encontrará algo para fazer que esteja ao seu alcance. E a sua iniciativa pode tocar um parente, um vizinho ou até mesmo um estranho, naqueles momentos em que, naturalmente, você adota o seu comportamento em público.

Consulte a lista de participantes do "meme" das 3 atitudes ecoconscientes, aí do lado direito do blog, e certamente você encontrará algo que esteja ao seu alcance.

4/10/2007

Game ecológico

O designer Jeff Nusz criou o game Sprout, onde o jogador é uma semente que precisa sair da ilha onde está e chegar à floresta. Para isso você tem a habilidade de ser muitas árvores diferentes.
Simples e belo, feito com guache e colagens, o game pode ser um belo disparador de consciência, não? Ele foi criado para um concurso de games - e levou o segundo lugar.

Via MeioBit
Canção Mínima

No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.
E, no planeta um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta.

Cecília Meireles

4/09/2007

2007: Ano da Arborização

Decreto no Diário Oficial do Rio de Janeiro instituiu 2007 como o Ano da Arborização, e criou o Programa Municipal de Arborização Urbana para ampliar o plantio de árvores na Cidade. A iniciativa está ligada ao Protocolo de Intenções do Rio, através do qual a Prefeitura se comprometeu a minimizar os efeitos do aquecimento global.

Entre as ações previstas estão o plantio de 25 mil árvores por ano, o reaproveitamento de resíduos de podas, e ainda campanhas de educação ambiental, concursos e outras iniciativas. Uma das primeiras ações já foi implantada: também por decreto, a Prefeitura determinou que sejam plantadas árvores em áreas públicas para compensar a desarborização causada por novas construções. A liberação do habite-se ficará condicionada ao plantio das mudas, preferencialmente nativas do Estado do Rio. Os construtores ficam responsáveis pelo plantio e deverão utilizar, nos próximos dois anos, espécies que alcançam a maior altura.

Não sei se entendi bem, mas está parecendo uma licença pra derrubar árvores nas áreas em que o construtor deseja fazer seu projeto imobiliário, desde que plante mudas em outro lugar. Quantos anos levarão até que tais mudas se transformem em árvores? Isto é, caso a lei seja cumprida. O que vocês acham? Replantio está se tornando uma licença pra desarborizar, é isso?

imagem daqui

4/08/2007

Relatório do IPCC

Saiu o relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), órgão da ONU, sobre o clima mundial. A notícia em inglês bem explicada está aqui, e em português aqui. Uma visão mais geral do que poderá acontecer com o Brasil pode ser lida aqui. O relatório sai a cada 5 anos (em média), e é provável que esse seja discutido bastante pelos próximos anos, e sirva de base para várias decisões políticas, sociais, econômicas e - por que não? - científicas.

Em todo caso, vale ressaltar: aquecimento global causado pela humanidade nos últimos 50 anos JÁ É consenso na ONU. Os países mais pobres serão os mais afetados pelas mudanças do clima que virão pela frente. Agora é tentar minimizar essa mudança. Como? Só com melhores leis ambientais, cortes de emissão de CO2 pelos países industrializados, conscientização das pessoas de que esse é um problema de cada um de nós. As decisões políticas entre governos deveriam se encarregam de melhorar esse cenário. Mas, enquanto elas não vêm (e alguns governos altamente poluidores, como a China, se recusam a cortar emissões), que nós pelo menos façamos a nossa parte.

4/06/2007

Ok! Sexta-feira Santa talvez não seja o melhor dia para falar em carne. Mas não há como evitar divulgar iniciativas como essa. É um post publicado pela Roberta Malta, pessoa ligadíssima nas artes da gastronomia e do meio ambiente. É sobre uma parceria entre a WWF Brasil e um restaurante que "faz a sua parte"! Com autorização da autora, é claro!

O Via Sete, restaurante carioca do jovem empresário Ricardo Stern (um dos responsáveis por introduzir os wraps nos cardápios brasileiros), tem mais uma iniciativa inovadora. Fez uma parceira bacana pacas com a WWF, ong nascida em Brasília que cuida da preservação da natureza e do desenvolvimento sustentável .

Agora quem for lá provar as comidinhas do suíço Felix Optiz encontrará uma equipe de garçons e funcionários preparados para falar sobre a instituição e tudo ligado a ela.

Doações podem ser feitas junto com o fechamento da conta que tá vindo com um folheto, mais do que esclarecedor, conscientizador do papel do cidadão nessa engrenagem. É tipo só não ajuda ou, no mínimo, para pra pensar no problema, quem não quiser. Por falta de informação ou oportunidade é que não será!

Ricardo diz que sempre fez a sua parte: recicla o óleo utilizado na cozinha, usa produtos orgânicos e papéis reciclados.

O encontro do restaurante com a WWF inspirou o chef da casa a criar um prato de filet mignon orgânico, marinado no molho de tamarindo, acompanhado de salada de legumes com um molho pesto feito com manjericão igualmente orgânico.

A carne, oriunda da pecuária orgânica do Pantanal, onde o gado é criado com o menor impacto ambiental, surpreende na textura leve e no sabor inusitado. Eu não comi, mas dizem que derrete na boca igual manteiga! Capaz do meu estômago cheio de úlceras e erosões estranhar...

Por ser o primeiro restaurante brasileiro a ser parceiro do WWF-Brasil, o Via Sete é hoje o primeiro posto avançado da ONG na cidade. Bom, né?

Que essa, como toda boa idéia, seja rapidamente copiada.



Prato com filet mignon orgânico, do Via Sete


Colabore:

Via Sete
Rua Garcia D’Ávila 125, Ipanema, RJ
Telefone: 2512-8100


Sim, sim, que seja copiada.

4/05/2007

Bacalhau na Semana Santa - até quando?

Cresci celebrando a Sexta-feira da Paixão com minha família. Embora eu morasse no Espírito Santo, não comia a famosa torta capixaba - iguaria que, por sinal, não sou muito fã devido ao excesso de mariscos que minha mãe sempre comentava serem de "procedência duvidosa". Como tenho ascendência nordestina por um lado, fazíamos então na sexta-feira um verdadeiro banquete baiano: vatapá, caruru, arroz de côco e feijão de côco. Era mais sagrado que qualquer crença religiosa: chegava a sexta-feira, e íamos todos para a casa do meu tio ver a tia Alice preparar o melhor vatapá do mundo. (Sem exageros, o dela é realmente o melhor que já comi na vida.)

Para mim, a contradição máxima da Semana Santa residia exatamente aí. Como é que em um dia quando você supostamente precisa jejuar (é a tradição, não é?), nós comíamos o triplo do normal? Apenas esquecíamos da carne, mas de resto, era uma fartura só. Eu realmente não entendia. E cresci sem entender, e até hoje acho extremamente irônica essa contradição.

Eis que depois de quase 10 anos afastada do país - e obviamente descartando o feriado da Semana Santa do calendário - esse ano estou coincidentemente no Brasil nessa época para relembrar as tradições que rondam esse dia.

Sinceramente, fiquei assustada. Não com as prateleiras de ovos de chocolate, que agora têm opções mil, mas com as quantidades astronômicas de bacalhau que são vendidas nessa época nos mercados. O preço reflete bem a raridade desse peixe, mas as pessoas não estão nem aí - a maioria nem sabe que esta pode ser a última geração a comer esse peixe. Inacreditável.

O bacalhau da Noruega, também conhecido como bacalhau-do-atlântico, representa 50% do bacalhau à venda no mercado mundial hoje. É da espécie Gadus morhua, e sua reprodução é bastante demorada, além de ineficiente: a fêmea chega a pôr 10 milhões de ovos para apenas um se salvar. Para se alimentar, ele precisa de águas com uma temperatura extremamente restrita - uma diferença de um grau pode ser suficiente para ele não migrar e perecer. Por essas e outras, é muito problemático criar o bacalhau em cativeiro, pois ele precisa de muita área para sobreviver, já que é um peixe tipicamente migratório, e de temperatura mais que adequada. Há tentativas, mas elas não são bem-sucedidas.

O bacalhau sempre foi pescado por todo Atlântico Norte há milênios. Quando era pescado de modo artesanal, e o foi por mais de 1000 anos, a população de bacalhau conseguia se manter em níveis estáveis no mar. Mas o advento da indústria pesqueira de grandes navios e redes de arrasto colossais levou a produção à uma queda vertiginosa, e em 1992, a produção total de bacalhau chegou a um quinto da produção de 1969 (dados desse excelente artigo). Hoje, o bacalhau já praticamente desapareceu da costa do Canadá, e mal sobrevive na costa escandinava. Os vilarejos noruegueses que dependem do bacalhau para manutenção da economia entraram em estado de alerta: era necessário tomar providências para que o animal não se extinguisse por completo. Essas providências foram tomadas: estabeleceram-se cotas de pesca; mas não foi suficiente, pois as grandes indústrias compravam as cotas dos pequenos pescadores, e continuavam com a dizimação do bicho a níveis assustadores.

Atualmente, o bacalhau consta na lista vermelha de animais ameaçados de extinção como "vulnerável", e sua população chegou aos níveis quantitativos mais baixos da história - nunca houve tão pouco bacalhau no mar. Seu preço no mercado reflete a fragilidade da sua população e sua insustentabilidade: está ficando cada vez mais difícil encontrá-lo. Se tudo continuar como está, se não pararmos de pescá-lo industrialmente, o bacalhau estará fadado à extinção no ambiente natural. E se o aquecimento dos mares também continuar no ritmo que está, o bacalhau poderá simplesmente ser extinto de vez, já que o aumento das temperaturas do Atlântico Norte levaria sua população ao colapso. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Aí eu volto ao mercado aqui perto de casa. Pilhas e mais pilhas de bacalhau sendo vendidas. O preço alto parece não intimidar o consumidor perante a necessidade de se manter a tradição - triste constatar nesse caso que parecemos a China abatendo tubarões a qualquer custo. A instituição igreja faria muito mais pela saúde e bem-estar do planeta se, na Semana Santa, incentivasse seus fiéis a literalmente jejuarem (e saírem dessa contradição estranha), ou educasse seus seguidores a evitarem a compra de bacalhau. Será que se o consumidor soubesse que está contribuindo diretamente para o fim de uma espécie importante do topo da cadeia alimentar do Atlântico, persistiria nessa tradição que já não se sustenta?

E volto também às Semanas Santas da minha infância. Sem saber, em plena década de 80, antes do verde ser notícia, já fazíamos uma sexta-feira um pouco mais ecoconsciente que a atual, com o melhor vatapá do mundo. Viva a minha querida tia Alice.

***************

- Mais desanimador que ver a venda alucinada de bacalhau nessa época do ano, é constatar qual foi a alternativa "mais barata" encontrada aqui no Brasil: cação seco. Cação ou tubarão, um animal cuja pesca no Brasil é advinda apenas de "bycatch" (haja pesca acidental, viu... Só mesmo os órgãos fiscalizadores e ingênuos acreditam nessa desculpa esfarrapada da indústria pesqueira.) Eu vi uma pilha enorme de cação seco à venda no mesmo mercado que vi hordas de bacalhau. Sinceramente, a emenda, nesse caso, é tão ruim quanto o soneto.

- Já ouvi inúmeras vezes as pessoas argumentarem ao comprar bacalhau (ou qualquer outro produto que esteja ambientalmente ameaçado) que "o bicho já está morto mesmo, então é melhor comprar do que deixar estragar". É exatamente essa mentalidade que fomenta o mercado, e mantém as indústrias pescando incessantemente. Em minha opinião, o contrário seria mais sensato: se você simplesmente parar de comprar, mesmo com a oferta alta, o mercado encalha com o produto. Da próxima vez que for comprar do distribuidor, o dono do mercado vai diminuir sua cota de compra, pois não quer ter um prejuízo com aquele produto. E o distribuidor, por sua vez, comprará menos da indústria, é a lei básica do mercado. Essa bola de neve reversa de diminuição do consumo seria, para mim, uma das melhores formas de se evitar a extinção completa das espécies animais ameaçadas pelo desenfreado e exagerado consumo humano.


(Post originalmente publicado aqui.)

4/04/2007

Papel ou plástico?

A cidade de San Francisco aprovou nessa última terça-feira uma lei que proibirá o uso de sacolas plásticas em supermercados grandes, tornando-se a primeira cidade nos Estados Unidos a abolir o uso dessas sacolas. Os supermercados têm seis meses para cumprir a lei e as farmácias - que aqui vendem de tudo um pouco, não só remédios - tem o prazo de um ano. De agora em diante, os supermercados terão como opção o uso de sacolas biodegradáveis feitas de maizena ou sacolas de papel reciclado.

As sacolas plásticas começaram a ser usadas nos Estados Unidos há 50 anos, inicialmente como um saquinho para sanduíches e como uma alternativa para os sacos de papel. No momento, 180 milhões de sacolas plásticas são distruibuídas anualmente na cidade de San Francisco. As sacolas são difícies de reciclar e muitas vezes acabam nas águas dos rios e do mar, matando animais marinhos.

O Departamento do Meio-Ambiente de San Francisco e o Worldwatch Institute (O Observador do Mundo), estima que de 4 a 5 trilhões de sacolas plásticas são usadas pelo mundo anualmente. São necessários 430 mil galões de petróleo para a produção de 100 milhões de sacolas plásticas.

Então, da próxima vez que você for ao supermercado, lembre-se de trazer uma sacola de casa. Minha mãe sempre saía de sacola em punho quando ia ao supermercado ou à feira. Estou tentando viver o exemplo dela.


Fonte: San Francisco Chronicle

(Esse post foi publicado originalmente no blog da Regina em 29/03/07 e gentilmente cedido pela autora para publicação aqui. Regina, muito obrigada!)

4/03/2007

Antes radioativo que poluído

Eis que foi publicado um estudo mostrando que a poluição pode ter efeitos mais nocivos que a radiação nuclear. Foi medida a expectativa de vida das pessoas em áreas que foram irradiadas por bomba atômica (Hiroshima e Nagasaki) ou tiveram acidentes nucleares (Chernobyl) e em áreas poluídas de grandes cidades. Além disso, comparou-se também a expectativa de vida de pessoas fumantes e/ou obesas , que notoriamente têm expectativa de vida reduzida, com os grupos acima. Em todos os casos, estar num ambiente radioativo foi menos impactante à expectativa de vida que viver nessas condições infelizmente tão comuns.

Triste, não?

4/01/2007

Limpar a casa sem poluir o planeta



Produtos de Limpeza: o desafio de limpar a casa sem poluir o planeta
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O acúmulo das substâncias dos produtos de limpeza nos rios, lagos e praias, que recebem esgotos, pode prejudicar a vida das plantas e animais que vivem nestes locais. A espuma branca ("cisne-de-detergente") reduz a penetração do oxigênio do ar na água, diminuindo assim o oxigênio disponível na água para respiração desses seres.
Os fosfatos também favorecem a multiplicação de algas vermelhas, que em excesso também prejudicam a oxigenação da água (processo chamado de eutrofização das águas).

A poluição das águas nos rios, lagos, mares e oceanos ocorre também pela reação química resultante da soma dos inúmeros produtos de limpeza que usamos em nossas residências: detergentes, sabão em pó, amaciante, sabonetes, shampoos, cremes dentais, desinfetantes, limpa-vidros, água sanitária ( com 2% de cloro ativo), amoníaco, entre outros. Essa combinação potencializa os impactos sobre a qualidade das águas, sobre a fauna e flora dos ecossistemas, assim como aumenta o perigo para as populações que consumirem estas águas ou se alimentarem desses animais aquáticos posteriormente.


O potencial que os produtos de limpeza sintéticos possuem para causar danos à saúde humana e ao meio ambiente é grande. Por essa razão devem ser usados de forma moderada, cuidadosa e, quando possível, substituídos por outros métodos e produtos menos agressivos aos ecossistemas. Além de optarmos por produtos ecológicos, podemos também tomar pequenas providências no dia-a-dia para diminuir o impacto ambiental dos produtos de limpeza convencionais. Apresentamos, abaixo, algumas sugestões.


Como fazer para diminuir o impacto ambiental na limpeza doméstica

• Varrer a sujeira com vassouras, uso do aspirador de pó e do pano de pó. Eles diminuem a necessidade do uso de produtos químicos fortes.

• Evitar adquirir produtos em cuja fórmula constem componentes como cloro, formaldeído e solventes. É importante não comprar produtos clandestinos, sem embalagem própria ou rótulo que descreva os conteúdos químicos e indique o fabricante, orienta a Organização Não Governamental Greenpeace.


• Resgatar o hábito do uso da água quente combinada com sabão para desinfetar ambientes. Os modernos vaporizadores, nada mais são do que uma sofisticação tecnológica dessa antiga e eficiente prática de limpeza.

• Buscar alternativas para limpeza com produtos caseiros e igualmente eficientes:

-
Use vinagre branco e água na mesma proporção, para limpar vidros, azulejos, vasos sanitários e espelhos, não há nada melhor.

- O Bicarbonato de Sódio serve para limpar pias, bidês e vasos sanitários em banheiros. Também substitui o cloro na remoção de limo. Basta deixá-lo agir por uma hora e depois retirar o limo com uma mistura de suco de limão e sal.


• Reaproveitar pedaços de sabões velhos. Siga os seguintes passos:

a) Misture os pedaços de sabões com um punhado de açúcar e vinagre.
b) Derreta em banho-maria, misturando bem. ) Coloque num vasilhame e deixe endurecer por dois dias.

• Procurar conhecer e testar os produtos de limpeza ecológicos que existem no mercado. Dar preferência aos produtos que tenham selo de certificação. Isso significa que a empresa passou por uma auditoria sobre os processos e matérias-primas utilizadas.


Outras dicas:

Para limpeza de forno você não precisa de nada mais que água quente, bicarbonato de sódio e palha de aço.

E se você quer realmente purificar o ar use somente uma mistura de ervas com suco de limão ou vinagre.

Também tire o pó das lâmpadas. Por incrível que pareça, lâmpadas empoeiradas gastam mais energia.

Na cozinha, utilize panos ao invés de toalhas de papel. São laváveis e reutilizáveis.

SÃO DICAS PRÁTICAS E ECONÔMICAS PARA AJUDAR O NOSSO PLANETA!


Artigo e dicas na íntegra no Sítio do Moinho.