7/30/2007

Uma prévia da discussão para dezembro

Vai começar em Nova Iorque nessa semana uma "discussão informal" sobre mudanças climáticas e aquecimento global. Organizada pela ONU, essa mini-conferência vai tentar delinear os pontos mais importantes a serem amplamente discutidos em dezembro, quando haverá em Bali uma conferência sobre mudanças climáticas que, tudo indica, será das mais impactantes já realizadas.

É a ONU mobilizando governos para a realidade do aquecimento. Será que a mensagem chega aos mais poluidores?

7/28/2007

Pneus e ecologia

Na edição online da revista FAPESP deste mês de julho, um pesquisador da UNICAMP comenta sobre seu trabalho de pesquisa com substitutos reprocessáveis para a borracha, principalmente de pneus. O pesquisador vem analisando diferentes arranjos moleculares para que a borracha ecológica seja tão eficiente quanto a borracha vulcanizada que hoje reina no mercado.

E a cifra mais assustadora do artigo para mim foi essa: todo ano, cerca de 1 bilhão de pneus são descartados (vai pra onde esse lixo?) no mundo. Perante um caos desse, qualquer ajuda científica que minimize essa cifra já é de grande ajuda.

7/27/2007

Seu óleo vegetal usado pode virar sabão

A empresa Disque Óleo Vegetal Usado recolhe o seu óleo de cozinha usado para fazer sabão. Basta armazenar o óleo em garrafas pet de 2 litros (ou latas) e, quando tiver 3 garrafas cheias, ligar para o Disque Óleo, solicitando a retirada.

Se despejado no ralo, o óleo de cozinha usado torna-se um grande poluidor, facilita o entupimento dos canos, mesmo os mais largos, e exige gastos maiores na rede de tratamento de esgotos para decantá-lo.

A saída é a reciclagem e, agora, está ao alcance de todos. Você, dona de casa, também pode doar o seu óleo. Divulgue para as pessoas na sua rua, para a sua comunidade e para seus amigos a importância da reciclagem. Junte-se a nós e contribua para o meio ambiente! Faça sua parte.
A natureza agradece!

DISQUE ÓLEO VEGETAL – (21)2260-3326; 7827-9446; 7827-9449

Leia mais: http://www.disqueoleo.com.br/aempresa/

Mulheres, uní-vos em defesa da natureza: reciclem seus ciclos

Sexta passada falei da questão dos valores que temos atualmente e dos limites que queremos nos impor em prol da sustentabilidade.

Pois bem, aí vai um teste para as mulheres:

"O aBIOsorvente é um absorvente íntimo reutilizável, 100% algodão (anti-alérgico) e surge como uma alternativa ecológica aos absorventes descartáveis que, além de possuírem substâncias tóxicas, são bastante poluentes.

Você já tinha parado para pensar que podem existir alternativas aos absorventes descartáveis?

Que os descartáveis contém resíduos, do próprio processo industrial, que podem não fazer nada bem ao seu corpo (contribuindo para váaaarias doenças ginecológicas: desde a simples candidíase até um câncer de colo de útero)? Fora o impacto ambiental que eles causam: cada uma de nós irá consumir, ao longo da vida fértil, algo em torno de 10 mil absorventes descartáveis, que ficarão aí pelo mundo por volta de uns 100 anos...

Mas imagine que não é só você que está no planeta, que são milhões de mulheres descartando todo dia absorventes, e contribuindo significativamente para piorar a qualidade de vida do mundo em que habitamos. Apenas nos Estados Unidos são jogados fora 12 bilhões de absorventes e 7 bilhões de tampões por ano. Isso é muita coisa!

Há quem pense que não pode fazer nada a esse respeito;..."

Continuem lendo aqui.

Fonte: Coisas de Mulher, recebido via mensagens do Grupo de Educação Ambiental da Internet - GEAI.

7/24/2007

Reduzindo as Emissões de CO2 dos Automóveis

A Comissão Européia decidiu em fevereiro último adotar um enfoque global para alcançar o objetivo da União Européia de 120 g/Km (contra os atuais 160 g/Km) de emissões médias de dióxido de carbono (CO2) proveniente de carros novos daqui até 2012, para lutar contra a mudança climática e reduzir a poluição atmosférica. Em outras palavras, em média, as emissões dos carros novos vendidos nos 27 países da Europa não deverão ultrapassar 120 g CO2/km daqui até 2012 ou seja, um consumo de 4,5 litros de óleo diesel ou 5 litros de gasolina por 100 Km.

Para alcançar este objetivo, a Comissão Européia conta com as melhorias das tecnologias da indústria automobilística para permitir de reduzir a 130 g CO2/Km. Para as 10 g/Km suplementares, ela conta com as medidas complementares relativas aos pneus, ao uso de biocombustíveis e aos sistemas de ar condicionado.

O tráfego rodoviário é a fonte de cerca de um quinto das emissões de CO2 da União Européia, dos quais cerca de 12% são devidos aos carros particulares. Mesmo se a tecnologia dos automóveis melhorou bastante durante os últimos anos, principalmente em relação ao rendimento dos combustíveis, as reduções das emissões de CO2 que estas melhorias acarretaram não foram suficientes para contrabalançar os efeitos do aumento do tráfego e do tamanho dos carros. Enquanto entre 1990 e 2004, os países da Europa reduziram de cerca de 5% as emissões globais de gases responsáveis pelo efeito estufa, as emissões de CO2 provenientes do transporte rodoviário aumentaram de 26%, apesar da redução média de emissões de CO2 dos carros novos de 12,4% entre 1995 e 2004. Por meio desta estratégia, a União Européia espera acabar com o crescimento das emissões de CO2.

Uma reunião entre representantes da indústria automobilística, as ONGs e as associações de consumidores ocorreu dia 11 de julho último em Bruxelas, além de uma consulta pública pela Internet, tendo como objetivo a coleta de idéias em relação à elaboração do conjunto de medidas legislativas necessárias à execução desta estratégia.


Fonte : Comissão Européia : Redução das emissões de CO2 dos veículos automóveis

7/23/2007

Uma boa notícia

Do Blog do Planeta:

Um caso de tecnologia que vem para ajudar. Leitores individuais para água e gás com leitura remota. Leiam aqui.

7/21/2007

Um país sem árvores

Projeções indicam que em cerca de 6 anos no máximo as ilhas Salomão não terão nenhum resquício de floresta tropical. Nenhuma árvore sequer, nada. A razão disso? O crescimento desenfreado da indústria madeireira para atender a demanda dos mercados consumidores de sempre: China e Índia.

Será o primeiro de muitos outros países? O futuro e a ganância econômica desenfreada dirão. Só uma coisa é certa: uma vez desmatado, com solo pobre, é muito mais difícil recuperar.

Não adianta depois chorar pelo látex derramado.

7/20/2007

Qual é o meu limite?

O conceito de "desenvolvimento sustentável" tornou-se mundialmente conhecido por obra e graça de Gro Harlem Brundtland - no relatório "Nosso Futuro Comum (Our Common Future, 1987) - onde se dizia ser necessário um desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.

O conceito foi definitivamente incorporado ao jargão mundial na ECO92 (Rio de Janeiro) e dele derivou a tão famosa, e tão menos ainda aplicada, "Agenda 21". Nos anos que se seguiram à Conferência do Rio, o conceito foi criticado por correntes de pensamento dos mais diversos matizes. Defensores e detratores até hoje não se entendem.

No fundo, o conceito trazia - e ainda traz, como pano de fundo - a idéia de limite. Qual o nosso limite, hoje, que permite às gerações futuras estabelecerem, também, seus próprios limites? Ou, dito de outra forma, que direito tenho hoje de estabelecer o limite que as gerações futuras poderão ter? Quem me deu esse direito? Deus? A Lei? Minha consciência?

Qual é o meu limite? Até onde estou disposto a abrir mão daquilo que o desenvolvimento econômico pode me dar, para deixar que as gereções futuras decidam a mesma coisa?

Talvez estejamos abordando a questão do meio ambiente pelo lado errado. Descobrimos, todos os dias, novas formas de continuar o desenvolvimento, desde que seja ambientalmente bom. Desenvolvemos automóveis que não poluem, mas não mudamos o hábito de andar de automóvel. O problema da escassez permanece e algum dia se fará notar. Mas será que estou disposto a limitar meu conforto e parar de andar de automóvel?

Questionamos o desenvolvimento, mas não questionamos nossos limites. E é por que, no fundo, não queremos questionar nossos valores.

7/17/2007

Economia sustentável: e a felicidade, onde fica?

Volta e meia, visito o No Impact Man (O homem do impacto zero, em uma tradução livre) para ver o que ele anda aprontando. Aliás, o projeto dele é bem legal: ele se propôs a, durante um ano, zerar o impacto da família (ele, esposa, filha pequena e um cachorro) sobre o meio ambiente, morando em Nova York. Ele quer provar que é possível viver em uma grande metrópole e ser legal com o meio ambiente ao mesmo tempo. Claro que, na sua experiência, ele toma algumas medidas radicais, tipo mandar cortar a luz do apartamento, mas a proposta dele diz respeito a descobrirmos o que podemos fazer para minimizar o impacto sobre o meio ambiente, ajudando-nos a descobrir o que é viável dentro da realidade de cada um. Mas esse cara merece um post à parte, porque nem eu mesma consegui explorar todas as informações disponíveis por lá.

Enfim, no post de hoje, ele fala sobre a relação entre economia e a felicidade do povo. E apresenta a New Economics Foundation (Fundação pela Nova Economia, em tradução livre), que elaborou o Happy Planet Index (HPI ou Índice da Felicidade do Planeta). Esse índice mede a eficiência da economia de um país em termos de saúde e felicidade por tonelada de gases de efeito estufa emitida. Cada país ganha pontos pelos níveis de satisfação e expectativa de vida e perde pontos pelo tamanho da pegada ecológica média de seus cidadãos.

Entre 178 países, o Brasil figura em 63º lugar, com um HPI de 48,6, considerado médio. Segundo a fundação, nem mesmo o país com o índice mais alto (Vanuatu) é perfeito, e está longe de ter um índice considerado desejável. Eles também explicam que os países mais bem colocados não são necessariamente os mais felizes do mundo (nenhum dos países ganhou nota alta em todos os três aspectos medidos), mas que seus habitantes são bem-sucedidos, vivem muitos anos e são felizes sem abusar demais dos recursos naturais. Segundo eles, o alto consumo de recursos não está diretamente relacionado a altos níveis de bem-estar.

Se quiser calcular o seu HPI (em inglês), clique aqui. Meu total deu 47.7 (mais ou menos a média do Brasil, ou seja, tenho um longo caminho pela frente), e achei legal responder ao questionário porque pode me ajudar a refletir sobre meus hábitos e o que posso mudar (eles inclusive dão dicas sobre o que podemos fazer para melhorar).

7/16/2007

Freeware para gerenciar emissão


Vai começar o leilão de carbono. E a HandCase não perdeu tempo. Usuários de Palm já têm freeware à vista: CO2Global. Para descer o programa, clique em Freeware e faça o download...
Diz o release que é possível gerenciar a compra e venda de créditos de carbono, fazer o planejamento das ações sustentáveis e de controle de emissão, organizar os certificados comprados ou vendidos, estabelecer índices de adicionalidade, emissão, redução.... E ainda tem tabela de índices para cálculo de créditos de carbono e relação de links importantes sobre créditos de carbono e desenvolvimento sustentável. Mão na roda pra deixar tudo verdinho.

A realidade sobre a energia solar

Uma reportagem do NYTimes de hoje comenta sobre o uso da energia solar como alternativa energética (pelo menos nos EUA), em tons de realidade nua e crua. Fato: para tornar a energia solar uma escolha generalizada da população e da economia, é preciso mais investimento em ciência & tecnologia, para que seja aumentada a eficiência da conversão dos raios solares em eletricidade, traduzida em números razoáveis econômicos. Iniciativas individuais (os painéis caseiros) não devem ser desincentivadas, mas para fazer grandes indústrias e cidades inteiras utilizarem a energia solar ao invés da termelétrica, é preciso muito mais que os painéis que hoje temos no mercado. Pensando em macroescala, a tecnologia adequada ainda precisa surgir.

Rodízio de placas - SP


Morei em São Paulo muitos anos e conheço bem os problemas que o trânsito causa. Lembro, sem nostalgia, dos meus olhos permanentemente vermelhos, da vida que corria sempre atrasada e da agressividade gratuita dos motoristas estressados. Convivi, por muitos anos, com buracos do metrô, construções de viadutos e alargamento de ruas e avenidas. São Paulo era – e ainda é – um eterno canteiro de obras.

O paradoxo de tentar reduzir o trânsito de veículos sem antes oferecer uma alternativa eficiente de transporte público sempre existiu, naquela que é uma das maiores cidades do mundo. Mesmo as ocasionais tentativas de mudar parte da cidade para outras regiões, transferindo empresas, universidades e criando infra-estrutura em cidades do interior, não diminuiu o problema. Os problemas de São Paulo – como de toda cidade grandesão proporcionais às suas dimensões. É mais fácil administrar cidades menores, e as soluções ali encontradas podem e devem ser adaptadas para as grandes metrópoles. Em Salvador, por exemplo, o trânsito de veículos de carga tem horário rígido no centro histórico.

Muitas cidades européias possuem as chamadas ZTL (Zonas de Tráfego Limitado), geralmente no centro da cidade. Nelas, a velocidade máxima é de 30 km/h, o trânsito é restrito a moradores, comerciantes locais e pequenos veículos de carga. As opções para quem precisa ir ao centro existem, mas funcionam se as pessoas se dispõem a mudar os próprios hábitos, mesmo quando essa mudança exige algum sacrifício. Em Piacenza, a cidade onde moro, no Centro-norte da Itália, existem estacionamentos nas periferias coligados ao centro através de micro-ônibus a cada dez minutos. Tudo grátis. Quem faz o percurso habitualmente, pode, ainda, usufruir de uma bicicleta exclusiva, fornecida pela prefeitura (como a da foto acima), pelo valor simbólico de cinco euros por ano, incluindo a manutenção. A única obrigação é repor a bicicleta, ao anoitecer, na mesma vaga de onde foi retirada, próximo ao ponto final do micro-ônibus, no centro. O cinturão viário que circunda a ZTL também possui estacionamentos com as bicicletas da prefeitura.

Outras cidades, como Florença, por exemplo, cobram pedágio dos veículos de quem não mora na cidade, assim como incentivam os habitantes à compra de bicicletas elétricas, pagando boa parte do custo de aquisição.

Paris acaba de aderir às bicicletas. A prefeitura local colocou à disposição milhares de bicicletas para aluguel diário, como fazem outras cidades européias, mas o valor cobrado pode tornar a empresa pouco atraente, se a necessidade da bicicleta for superior à primeira meia hora, que é grátis.

Durante o inverno, quando aumenta a concentração de partículas em suspensão e o ar fica irrespirável, começa o rodízio de placas. Nesses dias a vigilância é rigorosa e a multa, salgada. podem circular os automóveis cujas placas coincidam com a alternância dos dias, se par ou ímpar. Em algumas cidades é permitido transitar com veículos de última geração, com filtros que impedem qualquer resíduo poluente. Também é possível circular com qualquer automóvel, mesmo os mais velhos e mais poluentes, desde que transportem um mínimo de três pessoas.

Num esforço para melhorar ainda mais a qualidade do ar e conscientizar os moradores, quase todas as grandes e médias cidades italianas promovem os “domingos a ”, que é como iremos acabar no futuro que está logo ali na esquina, se não mudarmos o hábito de usar o carro para tudo.

7/13/2007

Formigas, abelhas e o Faça a sua parte!

"O surgimento desse tipo de inteligência está associado a uma questão fundamental na natureza: como se explica que as ações simples de cada indivíduo resultem no comportamento complexo do grupo?".

Esse é um tema sempre polêmico e que divide opiniões: há os que defendem que somente ações coletivas podem resultar em mudanças; há os que, a contrario sensu, entendem que ações individuais são mais importantes.

O trecho citado é de uma reportagem da última edição da National Geographic Brasil (julho/2007), cujo título é "Inteligência Coletiva". Não vou me alongar, pois considero - e desculpem a ousadia - uma leitura obrigatória.

O link: National Geographic

7/12/2007

Momento Jabá

Uma reportagem escrita por essa que vos fala sobre a vida e os problemas que o peixe-boi da Flórida vem passando para manter sua sobrevivência (e não ser consequentemente extinto) saiu na edição deste mês da revista Mergulho (n. 132). O início da reportagem está online aqui, mas se quiser ler tudo, é preciso correr às bancas.

7/10/2007

Vai sair do papel...

Matéria da BBC:

Entenda a polêmica em torno das hidrelétricas no rio Madeira
Itaipu
Capacidade de produção de energia elétrica está próxima do limite
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) concedeu nesta segunda-feira licença ambiental para a construção de duas grandes usinas hidrelétricas no Rio Madeira.

A aprovação, no entanto, foi feita com restrições. As construtoras que vencerem as licitações deverão seguir 33 exigências para reduzir os impactos ambientais dos projetos.


sigam lendo para começar a entender...

7/06/2007

Publicidade e sustentabilidade: caminhos diferentes?

O tema foi uma sugestão da Silvia Schiros, nossa querida colaboradora, ao comentar um post que fiz no meu blog. Vou direto à conclusão. Poupo, assim, o tempo do leitor. Não haverá sustentabilidade enquanto a ideologia publicitária for essa que está aí: consumo acima de tudo.

A razão é simples. Só o "mãozinha", da Família Adams, é capaz de mexer-se sozinho. As demais precisam de um braço que as faça mexer, inclusive a "mão invisível" do mercado. E de um cérebro que envie comando a este braço. Pois bem, a publicidade é o cérebro que faz mexer esta mão invisível e todas aquelas outras que se mexem avidamente nos supermercados, lojas, etc. Alguma dúvida?

Talvez se possa pensar que o cérebro sejam as organizações produtoras de bens. Vejamos o que nos diz o psiquiatra Cláudio Costa, em um comentário ao post que citei:

"creio que o fundamento da 'propaganda' (mantenho o nome) é mesmo a descoberta de que somos "seres de desejo", e não "seres de necessidade". Há enorme diferença, tanta que ousaria dizer: o que nos constitue como 'humanos' é o Desejo. Animais são seres "de necessidade" e não mais que isso. Ser-desejante nos faz 'seres-da-falta": daí, buscamos eternamente algo que nos falta (e jamais saberemos bem o que) e aí, tchan-tchan-tchan!, somos atraídos pelo imaginário, matéria prima do marketing bem feito. Não adianta fazer propaganda: "Coma!". Comer é uma necessidade, sob pena de morrermos caso não o façamos. Mas comer o que? Aí aparece o desejo: "quero comer tal coisa e não outra coisa". O cachorrinho não escolhe: estando com fome come qualquer alimento (atraente para sua espécie, claro). Não adianta falar com ele que tal marca de ração é usada por 9 entre 10 estrelas-cadelas, ele traça a que tiver! Eis o preço que pagamos por não sermos cachorro: comemos o mais caro, o desnecessário, o que não precisamos e até o que faz mal."

Me arrisco numa seara que não é a minha - o entendimento da mente humana -, ao dizer que o papel da publicidade/propaganda (continuarei usando o termo publicidade, mais amplo, visto que propaganda é apenas o produto final) é justamente esse: fazer com que percamos a noção da diferença existente entre desejo e necessidade. E é pelo campo da necessidade que a publicidade ataca. Transformando desejo em necessidade, ela nos faz consumir todo tipo de quinquilharia produzida pelos braços. É o tal consumismo.

Não erro muito ao estimar que 70% de tudo o que é produzido no mundo não é necessário e sequer desejamos. Mas acreditamos que sim, que não mais podemos viver sem as "maravilhas modernas" que nos empurram cotidianamente.

Vamos introduzir a sustentabilidade no assunto. Sustentabilidade é um conceito que busca uma visão sistêmica, holística, da existência humana (e aqui falo de uma visão "sistemica" e não de uma visão "integradora". Há uma diferença, conforme vamos perceber). Das quatro esferas da existência humana, a sustentabilidade se ocupa de três: a social, a ambiental e a econômica. Deixa de lado, infelizmente, a mais importante, que é a esfera individual. E é nessa esfera, a individual, que a publicidade se faz valer. E é por essa razão que não conseguimos deixar hábitos que são social, ambiental e economicamente nocivos.

Pela influência da publicidade moldamos, ou melhor, determinamos, nosso comportamente econômico, social e ambiental. Nos fazendo acreditar que desejamos mais do que necessitamos, produzimos mais lixo, mais violência, e, por óbvio, mais lucro para os braços que movem a mão invisível.

O interesse da publicidade é o lucro, para si e para os braços (sem dúvida, não há aqui uma generalização. Mesmo porque, as coisas boas também são divulgadas pela publicidade). Mas tudo o que produz lucro, também produz lixo. Esse é o cerne da ideologia: nós (aqui tomados, agora, individual e socialmente falando) e o ambiente ficamos com o lixo; eles com os lucros.

Einstein dizia: "Não dá para resolver um problema com o mesmo raciocínio que o causou".

A maior parte das soluções apresentadas e/ou em desenvolvimento para resolver o problema do meio ambiente falham exatamente na idéia do Einstein: são soluções ainda no modelo econômico vigente e que, portanto, conitunuarão a exigir uma publicidade dentro da ideologia vigente. É o caso dos chamados biocombustíveis. Trocar petróleo por cana-de-açucar, ou milho, dá na mesma, pois apenas trocaríamos uma Exxon por uma Copersucar (só para citar dois exemplos que vieram imedatamente à cabeça), ou seja, seis por meia dúzia.

E o que faz a publicidade? Não importa se petróleo ou cana, vamos continuar vendendo. Vou apenas trocar o combustível do meu automóvel: gasolina por alcool. Mas não vou andar de transporte coletivo, de bicicleta ou mesmo ir caminhando para o trabalho. Por quê?

(talvez o exemplo mais paradgmático, modernamente, dessa ideologia, seja o celular: pra que trocar de aparelho a toda hora? Por que desejamos mais do que simplesmente conversar, o que, para a publicidade, não passa de uma mera necessidade? Mas necessidade de conversar não vende, né? Pecisamos mais do que isso, afinal? Notícia de hoje nos diz que as trocas superam as vendas de novos aparelhos:

"A indústria brasileira de telefonia móvel vai inaugurar em 2007 um movimento que trará mudanças consideráveis no modelo de negócios de operadoras e fabricantes de aparelhos. Pela primeira vez, o mercado de reposição de celulares superará o de novos usuários... " sigam lendo)

Só teremos preservação do meio ambinte quando duas coisas ocorrerem:

1. o conceito de sustentabilidade incorporar a dimensão individual, e
2. a publicidade parar de transformar necessidade em desejo.

Ambas de difícil solução. Não que incorporar a individualidade em um conceito seja difícil (a sugestão está dada, afinal), mas porque, para mudar a forma como consumimos o mundo, se faz necessária a segunda.

Publicidade e sustentabilidade: caminhos diferentes? Não necessariamente...

7/05/2007

LiveEarth: preocupação com ambiente

Via BlueBus

A eletricidade usada para alimentar os shows do Live Earth, marcados para sábado, sairá de fontes renováveis, como o biodisel. A medida é uma das adotadas pelos produtores do evento para reduzir as emissoes de gases causadores do efeito estufa e lidar com o enorme volume de lixo resultante dos espetaculos. Os gases poluentes emitidos pelos avioes em que viajam os artistas ou pelo transporte do público serao compensados por investimentos em energia renovável e na proteçao de florestas. Pneus e barris de óleo usados no evento de Nova Iorque serao reutilizados, e algumas das placas do show em Johanesburgo serao aproveitadas como telhas de casas.

Para reduzir o uso de plástico, as caixas dos hambúrgueres em Londres serao feitas de amido comestível. E os ingressos para o concerto em Hamburgo, na Alemanha, vao incluir uma taxa de 0,3 euro para a absorçao de gases poluentes. Em Sydney, os ingressos dao direito a passagens gratuitas nos transportes públicos.

Se o show do Rio for mantido, derrubando a liminar que cancelou o espetaculo, vai provocar a maior operaçao de limpeza, já que o evento, que é gratuto, pode atrair 1 milhao de pessoas para a praia de Copacabana. Estavam previstas a distribuiçao de saquinhos para incentivar o publico a recolher seu proprio lixo e a contrataçao de catadores de papelao e ferro velho para ajudar na limpeza da praia.

Update: Acaba de chegar no e-mail...
A Mondo Entretenimento informa que está confirmado o Live Earth para este sábado, dia 07, a partir das 16h, na praia de Copacabana (Rio de Janeiro). Conforme anunciado ontem, a Polícia Militar contará com o efetivo necessário pra garantir a segurança do show. Isso se deve à mudança de um outro evento que estava previsto para ocorrer no mesmo dia, na praia do Flamengo, e foi transferido para a Praça da Apoteose. A Polícia Militar garantirá a segurança de todos os presentes com a mesma eficiência com que realizou outros eventos do mesmo porte no local. A organizadora do evento agradece o apoio da imprensa e do público que contribuíram para divulgação do show, da causa ambiental, e torceram pela efetivação desse importante evento internacional. A Mondo Entretenimento espera todos para aproveitar um show cuja produção reserva várias surpresas e grandes artistas reunidos em prol da conscientização do maior número de pessoas possível em relação ao aquecimento global.

Justiça suspende show Live Earth em Copacabana

Da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A juíza da 4ª Vara da Fazenda do município do Rio de Janeiro, Maria Paula Gouvêa Galhardo, suspendeu a realização do show Live Earth sábado (7), na Praia de Copacabana, ao atender pedido do Ministério Público. O Live Earth é um projeto que será realizado em nove cidades do mundo. Durante 24 horas uma maratona de shows deverá acontecer simultaneamente com o objetivo de estimular a reflexão sobre o meio ambiente. O show, que estava previsto para o Rio de Janeiro, seria a única apresentação gratuita do evento. Os organizadores ainda podem recorrer da decisão.

De acordo com o promotor de Justiça Eduardo Santos de Carvalho, a expectativa era que o evento recebesse cerca de 700 mil pessoas. Segundo ele, um número maior que a população do município de Niterói.

De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Militar, os organizadores do evento receberam autorização para realizar o show, mas a polícia ressaltou que poderia haver dificuldades para garantir a segurança do público, já que grande parte do efetivo policial está comprometido com a segurança dos Jogos Pan-Americanos e com a ocupação do Complexo do Alemão.

De acordo com a promotora de Justiça Denise Tarin, caso o evento aconteça os organizadores, a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Secretaria Municipal de Turismo terão que pagar uma indenização referente a possíveis danos causados ao meio ambiente.

"O número de eventos, as proporções que esses eventos estão alcançando, nos faz ver que não podemos focar esses eventos só no lado do entretenimento e da cultura. Dois valores constitucionais devem ser avaliados: direito ao meio ambiente equilibrado e também à questão da segurança", afirmou a promotora.

Em nota, a Secretaria de Turismo diz que ainda não foi informada oficialmente sobre a suspensão do show, mas se compromete a informar e cumprir todas as determinações judiciais necessárias para a realização do evento.

7/03/2007

Teu carro, movido a algas?



O biocombustível está na pauta de todas as discussões sobre a matriz energética atualmente e é considerado como o sucessor do petróleo para o transporte. Em todos os países as plantações de cana de açúcar, e das oleaginosas em geral, como o girassol, a colza, a soja se estendem para fornecer a matéria prima do "combustível do futuro".

No entanto, os defensores do meio ambiente já apontam vários problemas que poderiam ser acarretados por sua produção em massa (veja também o post "Etanol" deste blog) :

- problemas de biodiversidade, pois trata-se de uma monocultura,
- degradação do meio ambiente, pela utilização de adubos e pesticidas
- utilização de grandes extensões de terra, que poderiam ser usadas para a plantação de alimentos, sem falar nos riscos de deflorestação
- alto consumo de energia para a sua produção

Diante destas restrições, uma nova fonte potencial de biocombustíveis vem sendo estudada com o objetivo de fornecer o biodiesel para os transportes : as microalgas. Estas, sob condições de estresse, produzem de 20% a 80% de seu peso seco em ácidos graxos (dependendo da espécie), que é a matéria prima do óleo combustível. Para sua multiplicação (por divisão...) elas necessitam somente de luz do sol, água (que pode ser a água do mar), sais inorgânicos (de fósforo, de nitrogênio) e pasmem, de CO2. Sim, para se reproduzir elas precisam consumir CO2, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Além de ser um recurso renovável e biodegradável, seu rendimento em óleo combustível por hectare é 30 vezes superior ao das culturas das plantas oleaginosas.

Fonte : Relatório NREL/TP-580-24190


Sua produção pode ser feita em grandes “piscinas” a céu aberto (esquema acima), nas quais são injetados o CO2, os sais necessários, agitação e naturalmente, sob a luz do sol, da qual sua reprodução é altamente dependente.

Elas também podem ser obtidas em bioreatores, os quais são formados de tubos transparentes enrolados em espiral (foto acima) de forma a deixar a maior superfície possível exposta à luz. O elemento nutritivo principal, que é o CO2, pode ser fornecido pelas fumaças das chaminés das centrais elétricas, próximos das quais os bioreatores serão localizados. Desta forma, além de se constituir na matéria prima para a produção do biodiesel, elas contribuem também à sequestração do CO2, que é um dos responsáveis pelo efeito estufa. Em seguida, as algas produzidas são "colhidas" e concentradas, o oleo é extraído e transformado em biodiesel.

Painéis solares produtores de algas já vendidos na Espanha e na África do Sul


Um problema ainda é o preço, dados de 1998 calculavam que o barril de biodiesel produzido a partir das microalgas saía por 100 dólares, logo melhoras são necessárias para torná-lo competitivo. E não faltam esforços neste sentido. Países como a Suíça, a Alemanha, Israel, a África do Sul, a Argentina, Portugal, já estudam esta alternativa energética, sendo que os Estados Unidos realizam estudos sobre elas desde os anos 50, estudos estes que se aceleraram com a crise do petróleo da década de 70. A França, criou o consórcio Shamash, em dezembro de 2006, reunindo vários laboratórios de pesquisa visando melhorar cada fase do processo, de modo a reduzir os custos respeitando os critérios do desenvolvimento sustentável.


O Brasil aposta no etanol como biocombustível. No entanto, diante dos problemas colaterais de sua produção em grande escala citados acima, seria interessante para o país diversificar suas possibilidades de produção de combustíveis para o transporte. Tive conhecimento que a COPPE/UFRJ do Rio, viabilizou um processo para a obtenção de biodiesel a partir do tratamento do lixo e dos esgotos. No entanto, sua produção a partir de microalgas embora conhecida, ainda não dispõe de iniciativas concretas. Paulo Suarez, da Universidade de Brasília, declarou recentemente (20/05/07) "está ficando claro para mim que as algas são uma alternativa concreta de fonte de matéria-prima para aprodução de biodiesel. Acredito que está na hora de colocarmos essa alternativa na nossa pauta e iniciar a desenvolver tecnologia adaptada ao nosso país, sob o risco de haver no futuro próximo uma perda completa de competitividade do biodiesel produzido pelas culturas tradicionais".

Para saber mais :

A Look Back at the U.S. Department of Energy’s Aquatic Species Program: Biodiesel from Algae
Modeling and Simulation of the Algae to Biodiesel Fuel Cycle
Biodiesel et microalgues
Microalga como matéria-prima para a produção de biodiesel