12/29/2007

Um vinho excepcional


Natal, Ano Novo. Muitos brindes. Vinho delicioso. Mas é a outro vinho que me refiro: o vinho acre, ou ácido. O vinagre. Já que estamos falando em mudar o mundo, pelo menos em nossas atitudes ecoconscientes, lanço algumas sugestões para começar mudando o comportamente dentro de casa. E os homens que já estão se preparando pra correr, voltem! He he. Sim, pois a responsabilidade é de todos nós. É importante que façamos alterações em nosso estilo de vida e na organização doméstica a fim de colaborar para garantir a sobrevivência da Terra. São atitudes tão simples, que qualquer um pode desenvolver o hábito de realizá-las.


Vinagre, o mil e uma utilidades

No post de hoje, gostaria de relembrar algumas dicas para deixar o planeta mais limpo, começando pela nossa casa. E apenas com um único produto: o vinagre. Com ele, podemos diminuir o uso dos detergentes e substituir os produtos de limpeza à base de cloro . Uma solução de vinagre ou limão diluídos em água serve para limpar vidros e tirar gordura. O desodorizador de ambiente pode ser substituído por uma solução de ervas com vinagre ou suco de limão. Além de gastar menos dinheiro, estaremos evitando produtos responsáveis pelo aumento de doenças respiratórias e alergias.

Veja que dicas práticas e econômicas:

Na limpeza do banheiro, a maioria dos produtos de limpeza contêm cloro, substância extremamente irritante aos olhos, nariz e pele. Experimente vinagre puro 5% em um frasco limpo de pulverizador em seu banheiro, e use-o para a limpeza. O cheiro do vinagre desaparece em pouco tempo.

O vinagre puro é excelente para limpar a borda da pia do banheiro: basta pulverizar e remover com um pano. Se preferir, despeje vinagre e deixe descansar durante a noite, enxaguando pela manhã. Para acabar com aquele mofo que fica no banheiro, pulverize vinagre destilado branco na área mofada e deixe, sem enxaguar. O vinagre puro mata 99% das bactérias, 82% do mofo e 80% dos germes.

Para limpar janelas e espelhos, use três colheres de vinagre diluídas em 11 litros de água quente. Se o vidro estiver muito sujo, primeiro limpe-o com água e sabão. Para secar superfícies, utilize tecido de algodão reutilizado ou jornais velhos. O vinagre também é muito bom na copa e na cozinha. Pulverize-o na tábua de cortar carne, após o último uso, e deixe durante a noite. Para amaciar suas roupas, adicione ½ copo de vinagre durante o enxágüe.

Há muitas outras utilidades para o vinagre. Vejam aqui os usos surpreendentes deste coringa: na máquina de lavar roupas, na limpeza dos banheiros e da casa, nas lixeiras, em urina de animais, nos cabelos, no piso e balcão da cozinha, ufa, e muito mais.

Prefere o tradicional detergente?

Quer comprar os produtos industrializados para não passar por pão duro, he he? Então, procure utilizar produtos de limpeza sem fosfato, sem soda, sem cloro e sem CFC. Os detergentes para louça costumam conter fosfato, nutriente que provoca crescimento acelerado de algas em rios e lagos, causando a morte das espécies aquáticas. Por isto, utilize-os o menos possível ou os substitua pelos biodegradáveis, que podem ser absorvidos facilmente pelo meio ambiente. Existem no mercado produtos que não possuem tais ingredientes e não agridem sua saúde nem poluem o ambiente.

Então, tim tim! E um ano novo e limpinho para todos nós! Pelo menos a consciência...

12/18/2007

Feliz Mundo Novo


O Fábio Yabu, do Mude o Mundo, lançou a série Mude o Mundo de cartões de Natal e Ano Novo. Para podermos desejar boas festas aos nossos queridos de maneira sustentável.

Como estarei fora do ar durante esse período, queria deixar aqui a dica e aproveitar para mandar meus votos também.

Mas continuem visitando o blog, pois os outros colaboradores continuam por aqui, para entreter e informar. :-)
Que, em 2008, possamos, cada vez mais, fazer a nossa parte.

12/17/2007

Resumo de Bali

Amazon

O Pedro Doria fez um excelente resumo/análise política da última reunião da ONU sobre mudanças climáticas, que ocorreu na semana passada em Bali.

Infelizmente, ficou claro também que o Brasil ainda tem um longo caminho pela frente para realmente mostrar que faz a sua parte ao mundo...

Ser um dos maiores emissores de CO2 do planeta por causa do desmatamento da Amazônia não é uma posição "confortável" quando o assunto é aquecimento global - e suas consequências políticas e econômicas, que podem ser desastrosas. Se cuida, Brasil.

12/15/2007

Mobilização Nacional CONTRA a Transposição do Rio São Francisco

Estou repassando este email que recebi do grupo Recursos Hídricos, do qual faço parte, sobre a greve de fome do Frei Cappio, há mais de 15 dias, em virtude do problema da Transposição do Rio São Francisco que o Governo Federal já está implantando ao invés de optar pela REVITALIZAÇÃO.

Por Prof. Dr. Sérgio Vilas Boas
Doutor em Geociências e Meio Ambiente na área de Bacias Hidrográficas
Educador Sócioambiental

Por eu ser Engenheiro Agrônomo e Doutor em Geociências e Meio Ambiente com TESE na área de Bacias Hidrográficas, compartilho com os colegas cientistas da área de recursos hídricos que subsidiam suas análises e pareceres com dados técnicos e focados num verdadeiro compromisso social e ambiental, optando por medidas mais simples, locais e eficazes.

Assim opto, como optei em Setembro de 2005, pela REVITALIZAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO, e sou CONTRA a Transposição.

Talvez a maioria de vocês não saibam, em Setembro de 2005, dois dias após o início da primeira greve de fome do Frei Cappio, recebi um email de um dos colegas da Rede Sócioambiental por Emails (então com menos de 30 dias que eu a havia criado). Repassei ao grupo (contava com aproximadamente 90 pessoas) e dois dias após, recebi um email de um sobrinho do Frei agradecendo-me pela mobilização pela Internet (sendo que a mídia convencional e tendenciosa não havia anunciado até então, por motivos óbvios, o que passou a ser feito somente no final daquela semana no programa "Fantástico"), convidando-me inclusive para uma reunião da família em São Paulo, onde estava sendo articulada uma mobilização com a opinião pública. Percebi o poder do projeto mobilizador da Rede Sócioambiental por Emails que eu havia criado, uma vez que eu não conhecia o sobrinho do Frei (alguém da minha rede repassou o meu email à ele).

Da mesma forma, agora reinicio a mesma mobilização, uma vez que o governo federal insiste em não ouvir a Comunidade Científica nacional, o povo brasileiro e instituições sociais e ambientais que já se manifestaram majoritariamente CONTRA a Transposição com alternativas muito mais baratas e viáveis.

Entrem no site da mobilização nacional e se interem dos fatos. Não esqueçam de assistir aos clipes que constam no site:
http://www.umavidapelavida.com.br/

A água vem sendo encarada como Commoditie (ver link http://www.labjor.unicamp.br/midiaciencia/article.php3?id_article=121 e água virtual, isto mesmo, a estamos exportando diariamente e a sociedade nem percebe isto) nos últimos anos e há uma articulação mundial dos Cartéis da Água que visam única e exclusivamente interesses econômicos em contraposição à manutenção da vida, dados os números absurdamente insanos de mortes que ocorrem no mundo todo pela ausência do líquido ou pela ingestão de água contaminada.

De qualquer forma, penso que cada um de nós é responsável pelo senso crítico que desenvolve diariamente em suas vidas, ditando como conseqüência o seu Futuro e o de seus descendentes. Cabe à mim apenas apresentar-lhes algumas informações que sirvam de subsídio para que vocês componham uma opinião à respeito.

Assim, estou anexando logo abaixo uma palestra que vem muito bem a calhar para reflexão à respeito da questão da água na América Latina e entender como vem se dando este encaminhamento dos Cartéis da água aos quais me refiro. É de fonte confiável, pois conheço o trabalho do Prof. Wagner que faz a abertura e apresentação do palestrante, o que penso que irá oferecer à todos vocês, subsídios para compor suas próprias opiniões sobre o tema.

PALESTRA: Lutas Sociais pela Água na América Latina

Ciclo de Conferências Mudanças Globais e Gestão da Água
Lutas Sociais pela Água na América Latina - IEA - USP - 6 de agosto de 2007
http://www.iea.usp.br/iea/online/midiateca/mudglobais/v070806b_100/Web/Script/index_IE.htm

Coloco também alguns links, uma vez que a mídia está abafando o caso. A Folha de São Paulo tem oferecido matérias com uma certa constância nos últimos dias, com relação às manifestações de solidariedade de entidades civis, sindicais e da comunidade acadêmica, terceiro setor e científicas à campanha do Frei Cappio.

Notícias 10 de Dezembro de 2007 - 11:12
(http://www.bahiaemfoco.com/noticia/2323/mais-de-6-mil-pessoas-na-romaria-de-apoio-a-frei-cappio)

FOLHA - http://busca.folha.uol.com.br/search?site=online&q=Frei+Cappio

Site da mobilização nacional e link para a carta entregue pelo Frei ao Presidente Lula em 04/10/07)
http://www.umavidapelavida.com.br
http://www.umavidapelavida.com.br/carta_brasil.html

Acreditem... os acontecimentos e desdobramentos que vêm ocorrendo nos últimos anos quanto a ÁGUA aqui no Brasil e na América Latina como um todo é muito mais GRAVE do que a maioria da população brasileira tem conhecimento (observem o que ocorreu no México-vide comentário na palestra anexada).

Enfim, pessoal. Os que porventura, após assistirem a palestra e lerem as matérias nos links que anexei e acharem importante tal mobilização, assinem o abaixo assinado (cujo link insiro logo abaixo e o qual acabo de assinar sob o nº12775) e encaminhem o email às suas listas de contato o mais rápido possível, pois afinal hoje já é o 19º dia de greve de fome do Frei.


Os que quiserem se aprofundar um pouco mais no assunto, sobre como as grandes corporações estão se apoderando da água doce do nosso planeta, recomendo que leiam o livro: "OURO AZUL"- Maude Barlow e Tony Clarke - Editora M. Books -2003

Forte abraço à todos.

Por um Brasil MAIS JUSTO e SOLIDÁRIO.

Prof. Dr. Sérgio Vilas Boas
Doutor em Geociências e Meio Ambiente na área de Bacias Hidrográficas
Educador Sócioambiental
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PARTICIPAR É SINAL DE CONSCIÊNCIA

Você que é consciente, sofre a repressão de informação, pois há mais de 15 dias o D. Luiz Cappio faz jejum e oração e a grande maioria da população não está sabendo porque nossa imprensa escrita e falada não está noticiando. Vamos fazer nossa parte enquanto sociedade civil. Participe agora do abaixo assinando a petição e envie a toda sua lista, se quiser mais informações sobre o projeto e tudo o que está acontecendo acesse o www.umavidapelavida.com.br.

12/13/2007

SOS Terra: retrocesso nas negociações em Bali


Recebi esta carta da Avaaz, uma organização não-governamental cujo objetivo é fazer com que a vontade da população mundial seja conhecida por aqueles que detêm o poder. Eles estão em Bali, e as coisas, como vocês devem saber, não estão progredindo como deveriam. Eis o apelo da Avaaz:


Caros amigos,

Os EUA, Canadá e Japão estão boicotando o encontro da ONU em Bali - veja nossa petição de emergência para salvar as negociações, assine automaticamente clicando abaixo!

"Pedimos com urgência que os Estados Unidos, o Canadá e o Japão parem de bloquear as metas de redução de emissões para 2020. E que os outros países se recusem a aceitar qualquer proposta inferior."


Estamos aqui em Bali para o encontro da ONU sobre mudanças climáticas e infelizmente nossas notícias não são boas. A princípio tudo parecia bem, os negociadores estavam chegando a um consenso de que os países desenvolvidos deveriam se comprometer a metas pós-Kyoto de redução de emissão de CO2 até 2020. Esse seria um passo crucial, segundo os cientistas do Painel Intragovernamental sobre Mudanças Climáticas, para se evitar sérias catástrofes relacionadas ao aquecimento global. Mas hoje a má notícia chegou: os Estados Unidos, Canadá e Japão rejeitaram qualquer menção aos cortes de emissão no tratado pós-Kyoto. Agora, os outros países estão em cima do muro e a todo momento as diretrizes do novo tratado mudam. Não podemos deixar que três governos boicotem um processo pelo qual o mundo todo está aguardando. Por isso estamos lançando uma petição de emergência para pressionar os negociadores antes que o encontro chegue ao fim essa sexta-feira. A equipe da Avaaz em Bali irá entregar essa mensagem de toda forma possível – diretamente ás delegações presentes, em espaços públicos do encontro e através de um anúncio no principal jornal da Indonésia – o Jakarta Times. A petição pede que os Estados Unidos, Canadá e Japão aceitem as metas do acordo pós-Kyoto e que o resto do mundo não se contente com nada menos do que isso. Tome um minuto do seu tempo e clique no link para ver e assinar a petição de emergência para os Estados Unidos, Japão e Canadá:




Hoje se completa 10 anos desde a assinatura do Protocolo de Kyoto. Não podemos deixar que os Estados Unidos, o Japão e o Canadá levarem a melhor. Milhares de membros canadenses da Avaaz lançaram uma campanha pedindo para seu governo não os traírem, os membros japoneses estão escrevendo para seus líderes e os americanos estão enviando mensagens para Bali. O Al Gore e outros membros do Congresso Americano também estão chegando á Bali dizendo para os negociadores ignorarem a delegação oficial dos Estados Unidos pois ela não os representa. De todos os cantos do planeta todos nós podemos nos mobilizar para fazer parte do encontro de Bali ao assinar essa petição de emergência. Nossa equipe fará de tudo para representar a voz global em Bali e pressionar os negociadores por um tratado que tanto esperamos. Mobilize-se agora e espalhe a notícia para seus amigos, só temos até sexta-feira.




Com esperança e determinação Paul, Ricken, Galit, Ben, Iain, Graziela, Milena e toda a equipe da Avaaz


PS. A Avaaz foi a única organização a ganhar permissão para marchar dentro do espaço do encontro sábado passado. Enquanto centenas de milhares de pessoas marcharam ao redor do mundo nós trouxemos mais de meio milhão de assinaturas colhidos pela nossa mobilização virtual para o coração das negociações. Carregamos com orgulho as faixas e as bandeiras representando os membros de todos os países que apóiam a campanha. Também estamos sediando o Prêmio Fóssil do Climate Action Network – uma rede de ONGs ambientais presentes em Bali – veja o vídeo da premiação - http://www.avaaz.org/fossils (não traduzido para o Português).




A Terra pede socorro.
(Imagem do site da Avaaz.)


12/11/2007

Impacto negativo + impacto positivo = impacto zero

O Colin Beavan, do No Impact Man, entrou numa fase interessante do projeto. Como já falamos aqui, ele se propôs a, junto com a família (esposa, filha e um cachorro), viver sob regras bastante rígidas para zerar seu impacto sobre o meio ambiente. A duração prevista para o projeto era de um ano.

A fórmula básica usada por ele é "impacto negativo + impacto positivo = impacto zero". O objetivo dele, mesmo depois do fim da fase punk do projeto, é, no mínimo, não causar nenhum dano adicional à Terra por conta do seu modo de vida. Para isso, ele procura compensar as atitudes que têm um impacto negativo com outras que tenham um impacto positivo.

Pois bem. No fim de novembro, acabou a fase cheia de regras do projeto. Agora ele entrou num processo de avaliar o que volta a ser como antes e o que pode e deve mudar para se viver uma vida sustentável. E talvez essa seja a parte do projeto mais interessante para nós, reles mortais.

Ele já falou sobre a questão da eletricidade: voltou a usar a máquina de lavar (sem água quente), mantém a temperatura da geladeira no mínimo possível, apaga as luzes que não estão sendo usadas e tira da tomada os aparelhos que não estão sendo usados. Decidiu abolir a TV e o ar condicionado, além de ter optado por religar a energia da casa com uma opção verde de energia eólica.

Mais uma vez, dicas sobre as quais a gente pode pensar e idéias que a gente pode copiar ou adaptar.

Viajando em tons de verde

Uma das maiores dificuldades que enfrento na minha tentativa contínua de ser uma pessoa menos poluidora do mundo ocorre durante as minhas viagens. No conforto do meu lar, é muito mais fácil manter controle de uma vida mais verde. Quando pisamos na rua - e mais ainda, quando viajamos para um lugar desconhecido - o controle diminui drasticamente, e me sinto meio que nas mãos de outros, que podem ou não ser ecoconscientes. É claro, há medidas pessoais mesmo fora do seu lar que você pode fazer para minimizar lixo e poluição, mas em média, essas são muito menos eficientes que dentro do seu habitat natural. De qualquer forma, estou sempre atrás de informações e dicas que me mostrem como posso melhorar essa situação e ser uma viajante mais "verde".

Nessa busca incessante, achei recentemente um artigo no Brave New Traveler que dá sugestões de como tornar suas viagens mais ecoeficientes, deixando para trás menos sujeira, mas sem perder a graça e o prazer da jornada. Algumas das dicas:

- Desligue todos os aparelhos da tomada ao sair de casa.

- Evite comprar souvenirs - a princípio, eu não entendi essa dica, porque sempre gosto de contribuir com o comércio local, e acho que isso melhora a vida das pessoas. Mas lendo o texto, entendi por que o autor assim sugere.

- Alimente-se de comida local - uma dica duplamente eco: ecológica e econômica.


As demais dicas estão e o artigo terá mais duas partes, que já estou no aguardo. Deixo aqui o link inicial como dica de leitura especial aos amigos que viajarão nessas festas e nas férias de janeiro, e que também se importam com o ambiente em que vivemos e com as mazelas que ele vem sofrendo. Que tal aplicar alguma das idéias que o texto sugere?

O ambiente agradece.

12/05/2007

Enquanto isso, no Japão...

Enquanto a França trabalha pelo meio ambiente, o Japão faz feio. Confira a matéria no Escriba.

11/29/2007

França : Sinal Verde ?


Segundo seu presidente, a França deseja ocupar no mundo a liderança na luta contra o aquecimento global e pelo desenvolvimento sustentável. Para isto, durante três meses o poderoso Ministério do Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável, Energia e Transportes promoveu a "Grenelle* do Meio Ambiente" reunindo representantes de ONGs, sindicatos, coletividades locais, empresas e políticos visando propor e discutir as medidas necessárias para atingir este objetivo. O público também foi consultado via Internet, respondendo a um questionário sobre quais medidas estaria disposto a aceitar.


O programa resultante é ambicioso e foi apresentado dia 25 de outubro último pelo presidente Nicolas Sarkozy em um discurso, na presença de Al Gore. Segundo ele, toda decisão governamental deverá ser analisada em relação ao impacto causado sobre o meio ambiente e a biodiversidade. Prevê também um investimento de 1 bilhão de euros em 4 anos na pesquisa e formação, sem aumento de impostos e sem sacrificar o crescimento do país. Considerando irreal que as pessoas aceitem se sacrificar nos nossos dias para assegurar as condições de vida das gerações futuras, estabelece que para cada mudança efetuada neste sentido, uma alternativa deve ser proposta, visando manter o conforto atual. Pois o programa toca em hábitos arraigados, como os modos de transporte, diminuindo o investimento nos transportes rodoviários e aéreos, e aumentando no ferroviário, fluvial e marítimo.

Um dos pontos críticos da discussão foi a questão energética. O governo fez pé firme para conservar a energia nuclear, responsável atualmente por 80% da energia elétrica produzida na França, logo o novo reator EPR será mantido...mas informou que não haverá construção de outros parques nucleares. E as medidas prevêem o investimento paralelo nas energias renováveis : para cada euro investido na energia nuclear, um euro será investido nas energias alternativas.

Algumas das propostas dizem respeito aos outros países, como por exemplo, "os produtos oriundos dos países que não respeitam o protocolo de Kyoto devem sofrer sobretaxas no mercado francês", ou "nas etiquetas dos produtos devem ser escrito quanto CO2 foi produzido para sua produção e seu transporte até o consumidor".

A França deseja difundir estas idéias na Europa e no mundo, e nisto tem o apoio de Al Gore que declarou que seria necessário um "Grenelle mundial".

Todas estas propostas passarão pelo Parlamento para serem votadas. Apesar do aval do mais eminente defensor francês do meio ambiente Nicolas Hulot, alguns temem que certos "lobbies" bloqueiem a aprovação das medidas. Mas se passarem, será a primeira vez que um país orienta suas decisões em função do impacto sobre o meio ambiente. Será que desta vez vai? A caixa de Pandora verde estaria aberta? Saberemos em breve.



Foto acima : Al Gore com Jean-Louis Borloo (minsitro do meio ambiente, desenvolvimento sustentável, energia e transportes da França)


Discurso de Nicolas Sarkozy com as conclusões do Grenelle - texto (francês, inglês, espanhol, alemão) e vídeo
Video da televisão francesa sobre o discurso acima
Site "Grenelle do Meio Ambiente"

*A palavra Grenelle faz referência aos acordos sociais de Grenelle que puseram fim às greves de 1968.

11/17/2007

Amazônia sufocada



O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse neste sábado que a Amazônia está "sendo sufocada", ao encerrar a reunião do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em Valência. Ele afirma que o governo brasileiro avança no combate ao desmatamento e tem promovido o gerenciamento sustentável da floresta. Mas teme que o aquecimento global já esteja minando estes esforços. De acordo com a previsão do IPCC, grande parte da selva amazônica se transformará em savana. "Toda a humanidade deve assumir a responsabilidade em nome das gerações futuras", declarou Ban.

O texto que foi divulgado oficialmente neste sábado pelo secretário-geral não menciona a Amazônia ao listar ecossistemas onde já se percebem evidencias "fortes" de impacto da mudança climática. Mas os negociadores incluíram um quadro mais "suave" em que, entre vários exemplos, afirmam que "até meados do século, aumentos de temperaturas associados à redução do nível de água no solo devem ocasionar uma substituição gradual da floresta tropical por cerrado no leste da Amazônia".

Além disso, eles enfatizaram que terras semi-áridas do continente sul-americano - como o sertão nordestino - tendem a ser substituídas por vegetação árida.O alerta dos cientistas eleva a pressão para que os governos tomem medidas concretas contra o aquecimento global. O atual Protocolo de Kyoto, que estabelece metas de emissões de CO2 para nações desenvolvidas até 2012, vem sendo descumprido por vários países e sequer foi ratificado pelos Estados Unidos.Segundo ele, os países em desenvolvimentos devem ser ajudados em três frentes: com fundos para financiar a tecnologia de energias limpas; através de "correntes financeiras para adaptação"; e por uma maior cooperação em pesquisa e desenvolvimento científico, assim como a transferência de tecnologias limpas.

Sabemos que a maior concentração de fontes de emissão de CO2 está em países que rejeitaram ou não ratificaram o protocolo de Quioto, que visa à redução do aquecimento global. Como a mudança climática afetará mais efetivamente os países em desenvolvimento e o degelo provocará inundações em zonas montanhosas e escassez de água na Asia meridional e na América do Sul, cabe aqui reiterar o fator humano por trás do aquecimento e a necessidade de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, especialmente pela queima de combustíveis fósseis. Segundo o relatório há possibilidades "reais e acessíveis" para combater essas mudanças.

Eu quero acreditar nisso.

Fonte
imagem


11/14/2007

Greenpeace: Desmatamento Zero Já!

O Greenpeace está de campanha nova. Uma corrente pelo desmatamento zero na Amazônia. Como joaninhas são seres sensíveis e adoram mato, eu já fui lá encher o saco do Lula. Explico: quando sobrevoei o Pará e o Amazonas, em 1992, a bordo dos velhos Tucanos da Esquadrilha da Fumaça, eu vi o que se faz com a mata. A gente via, a 200/300 metros de altura, as verdadeiras clareiras surgindo na floresta, e os fiozinhos de fumaça. Ação humana. Quinze anos depois, através dos velhos jornais e revistas, sei que a situação só fez piorar.

Conhecida como pulmão do mundo, a nossa floresta precisa ser preservada. E frente à pressão do biocombustível, que já tomou as terras de São Paulo (o interior virou um canavial só, é impressionante), acho muito improvável que a Amazônia resista. As imagens de satélite estão aí, ano a ano, mostrando o avanço das áreas vermelhas.

Há pressão internacional, o Brasil faz discurso verde - e a gente conhece bem como funciona a burocracia tupiniquim: por fora bela viola, por dentro pão bolorento. E já que estamos na era do digital, vambora lá, dar um abração neste pedaço de Brasil - que também é nosso.

via O Escriba

11/10/2007

FÓRUM ALTO TIETÊ 2007 ( GRANDES PROJETOS E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS)

RECURSOS HÍDRICOS:
QUAIS OS PROJETOS QUE IMPACTAM A QUALIDADE E A QUANTIDADE DA PRODUÇÃO DE ÁGUA NO ALTO TIETÊ?

TEMA DO ENCONTRO: GRANDES PROJETOS E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS

O encontro acontece no próximo dia 22 de novembro, quinta-feira, com início a partir das 13:30h na Agência da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, localizada na Rua Boa Vista, nº. 84 - 6º andar - São Paulo/SP.

O Projeto Fórum, aprovado e financiado pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro), tem como convidados os representantes das prefeituras e do Estado, pertencentes à Bacia do Alto Tietê e demais interessados em conhecer e atuar na Gestão de Recursos Hídricos.

O Fórum conta com o apoio da Câmara Técnica de Planejamento e Gestão - CTPG do CBH-AT, sendo um de seus maiores objetivos o de assegurar a participação efetiva, técnica e articulada da Sociedade Civil dentro do Comitê, com base no atual Estatuto do CBH-AT, o Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e o Plano Estadual de Recursos Hídricos.

Programação:

13:30h - Inscrição e entrega de material;

14h00 - Abertura e apresentação dos subsídios técnicos: Nelson Pedroso - Coordenador do Fórum e Eduardo Coutinho de Paula;

15h00/17h30 - Debate e Sistematização dos trabalhos com Brunch.


Inscrição gratuita, e pode ser feita no local do evento.
Informações: (11) 6865-5411 / 4365-1976
E-mail: agds@agds.org.br

Subsídios Técnicos para serem debatidos neste Fórum:

A renovação de contratos previstos no marco legal da Lei Federal do saneamento; Qual a posição dos prefeitos?

1.. Vale a pena criar a Frente Parlamentar do Saneamento Ambiental na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo?
2.. O sistema de flotação e seus impactos na dinâmica e produção de água para as represas Billings e Guarapiranga;
3.. Os impactos observados da implantação do traçado do rodoanel;
4.. Quais os impactos da legislação atual (leis específicas dos mananciais);
5.. Qual o impacto do deflorestamento das reservas de produção hídrica?

Obs.:
Os interessados também poderão enviar antecipadamente as suas contribuições por e-mail
Haverá certificado de participação.

fonte: Sicat

11/06/2007

Ecomondo

Entre os dias 7 e 10 de novembro, acontece em Rimini a Ecomondo.

Trata-se de uma feira sobre métodos e equipamentos para a reciclagem de resíduos urbanos, como a utilização de pneus usados na construção de estradas. Ou, como preferem enfatizar os organizadores do evento: “Un appuntamento straordinario per confrontarsi sulle novità e sulle potenzialità di questo settore in continua espansione com la più alta aspettativa di investimenti e proffitto nel prossimo decennio.” (Uma oportunidade extraordinária para conhecer as novidades e o potencial de um setor em permanente expansão, que oferece a maior expectativa de investimentos e lucros dos próximos dez anos.) Mas o evento também se ocupa de energia alternativa, tratamento de água, qualidade do ar e legislação ambiental. Informações em português AQUI.

O caminho é esse: a preocupação ambiental só decola quando for demonstrado que é lucrativa.
.

11/03/2007

Arte de papelão


O artista plástico inglês Chris Gilmour, que reside atualmente na Itália, faz maravilhas com caixas e embalagens de papelão usadas. O que normalmente viraria lixo, nas mãos dele se transforma em belas obras de arte.

A proposta do artista é retratar o dia-a-dia, e suas obras são todas em tamanho natural. Agora pasmem: ele trabalha apenas com papelão e cola. Nada de arames, placas ou que-tais.

Arte contemporânea e ecológica.
Atualização em 4 de novembro de 2007:
E a nossa Denise, mais uma vez, traz uma excelente contribuição para meu pequeno artigo. O papelão que jogaríamos fora pode virar arte e também brinquedos para nossos pequenos. Vejam também o que diz a nossa amiga Ana Cláudia, sobre brinquedos alternativos.

10/29/2007

Ecológicas e fashion!




Como o papo sobre a redução do uso de sacolas de plástico é recorrente - e também porque é uma coisa muito fácil que podemos fazer para reduzir o nosso impacto ambiental - aqui vão algumas dicas de onde você pode adquirir uma bolsa superfashion e ajudar o meio ambiente.

O Instituto Acqualung oferece um kit com duas Sacológicas e um lixo para carro. Novidade quentíssima da Luz Fernandez, tem também as sacolas retornáveis Carbono Zero. E as sacolas da Silvana Buena, divulgadas pela Mercedes Lorenzo no Folha Verde. A Carol Grilo, da FofysFactory, também lançou a ShopBag, a sacola ecológica da marca.

Se você também tem a sua versão de sacola ecológica ou conhece alguma legal, deixe o link nos comentários!


Foto daqui


Atualização em 1º de novembro de 2007


Para a turma prendada, a Denise indicou um site com instruções para fazer bolsas de crochê com sacolas plásticas (em inglês). Numa pesquisa rápida, encontrei este aqui, em português. Dá pra fazer coisas lindas!

10/22/2007

Consenso sobre os recifes de corais do mundo

A Universidade de Queensland, na Austrália, publicou hoje um documento chamado "Declaração de consenso sobre o futuro dos recifes de corais". Compilado por mais de 50 cientistas do Centro de Excelência em Estudos de Recifes de Corais, traz uma imagem nada bonita da situação dos mares do mundo. Entre os diversos tópicos citados, muitos infelizmente de difícil realização na atual conjuntura da humanidade. Destaco aqui os tópicos que mais me chamaram a atenção (tradução livre minha):

- Conclamamos a sociedade e os governos a diminuírem substancial e imediatamente as emissões dos gases de efeito estufa. Sem essas reduções, o dano decorrente do aquecimento global sobre os recifes de corais será em breve irreversível.

- Mudanças climáticas, pesca em escala industrial e poluição continuam a causar declínios elevados e rápidos na abundância das espécies de recifes de corais e mudanças globais no mesmo ecossistema. Mesmo recifes bem-monitorados e remotos estão correndo perigo com as mudanças climáticas.

- O mundo tem uma janela de oportunidade para salvar os recifes de corais da destruição causada pelas mudanças climáticas. Redução global substancial das emissões de gases de efeito estufa devem ser iniciadas imediatamente, não daqui a 10, 20 ou 50 anos.

- A ação local pode ajudar a reconstruir os recifes de corais e promover sua recuperação. É extremamente importante que evitemos os booms de algas nos recifes, reduzindo a descarga de sedimentos e protegendo os estoques de peixes herbívoros.


Leia o resto aqui. E faça a sua parte pelo mar, esse tesouro tão ameaçado por nós humanos.

Coral reef

(Via Blue Beyond.)

10/15/2007

Ações práticas fazem diferença: pratique

Sou uma resmungona. Sou capaz de falar horas sobre os descalabros com o meio ambiente, com o planeta, entre nós mesmos. E, depois da pesquisa do Ibope que diz que o brasileiro sabe o que fazer, mas não faz, resolvi que o negócio é fazer. Ainda bem que o título deste blog é Faça a sua Parte. A cada dia um passinho. Você faz, depois esquece, aí faz de novo e quando vai ver, a mudança se transforma em hábito. A lista abaixo surgiu ao longo de muitos anos de olho na saúde do planeta azul.

Ações que adotei:

  • Separar o lixo reciclável + reduzir o consumo de embalagens não recicláveis/reaproveitáveis.
  • Lâmpadas econômicas na casa toda
  • Reduzi o uso absovente externo. Como as fraldas descartáveis, eles não são recicláveis. Os internos são de puro algodão.
  • Uso aquecimento a gás para o banho
  • "Salvei" três gatos da morte certa no Centro de Controle de Zoonoses. São lindos, carinhosos e fidelíssimos.
  • O jornal, as revistas e as latas de alumínio são "doados" à zeladora, que ganha um trocado vendendo para a reciclagem.
  • Evito PET. Não é reciclado, acaba no rio. Já vi o Pinheiros coberto de garrafas verdes. As latinhas, por outro lado, sempre terminam com catadores.
  • Quando compro cosméticos e produtos de beleza, me certifico de que não foram testados em animais.
  • Prefiro produtos que têm refil.
  • Evito produtos que não são biodegradáveis.
  • Levo minha própria sacola ao supermercado.
  • Fecho a torneira para escovar os dentes. Banhos são "curtos" (não tanto quanto deveriam, confesso). Ensinei a faxineira a lavar a cozinha com a água da máquina de lavar louça. Lavo a louça com a torneira fechada - e ainda vou aprender a lavar na bacia...
  • Prefiro móveis em madeira reciclada.
  • Alimentos orgânicos (não usam agrotóxico, que mais que detonar a saúde da gente, detona o entorno da plantação).
  • Pilhas e baterias vão para lojas que as recolhem. Apesar da pilha comum estar liberada no lixo, não coloco lá. Sempre que dá, escolho usar as recarregáveis.
  • Aviso a prefeitura sobre bueiros entupidos.
  • Ainda não consegui resolver a questão de como reciclar equipamentos. Tenho um teclado defeituoso, uma impressora "morta", quase uma centena de disquetes (:D) e um tanto de CDs que ainda não encontraram um destino bacana.

Dangerous Beauty

Bloggers Unite - Blog Action Day

Pássaros Brasileiros Ameaçados

Oiseaux Brésiliens en Danger

Brazilian Birds Endangered



Fonte das fotos



Olhe toda esta beleza! Você acha que o homem pode fazer melhor que a
natureza?

Então ajude-a a preservar seu meio natural e combata o comércio
clandestino das espécies protegidas.

As gerações futuras agradecerão.


Regardez cette beauté! Pensez-vous que l'homme peut la faire mieux que
la nature?

Alors aidez-la, en préservant leur environnement et en combattant le
commerce des espèces protégées.

Les futures générations vous remercieront.


Look at the beauty of the nature. Do you think men can make it better?

So help it to keep natural environment and
fight against illegal commerce of preserved species.

Future generations will say you "Thank you".



Links :

Espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção
Vídeo sobre os pássaros brasileiros da TV Cultura





Blog Action Day

Hoje é dia do Blog Action Day, cujo tema deste ano é o meio ambiente. Faço uma pequena colaboração, repoduzindo o seguinte pensamento:

"Estou otimista, porque a vida tem os seus próprios caminhos para evitar a extinção; e também os seres humanos têm os seus próprios caminhos. Eles vão dar contiuidade à tradição da vida."

Vandana Shiva, citado por Fritjof Capra em seu livro "As Conexões Ocultas".

Blog Action Day - Mundo de plástico


Hoje, dia 15, é dia da Ação dos blogues. O tema dessa blogagem coletiva é Meio Ambiente. É fácil falar sobre o assunto. O difícil é conscietizar as pessoas a mudarem seus hábitos de consumo e abrirem mão do conforto a favor da preservação da natureza.

Desde que comecei a participar da ação proposta pelo Faça a sua parte, percebi que há uma resistência dos empresários em diminuir a quantidade de plástico em seus produtos. As embalagens trazem tantas camadas de plástico que é de arrepiar. E os funcionários colocam tantos sacos plásticos para embalar os produtos, que chega a ser engraçado: eles colocam e eu retiro. O que pode ser colocado no bolso ou na sacola que sempre levo, não precisa de plástico que , faltamente irá parar no lixo e, conseqüentemente na natureza.

Hoje eu vivo mais preocupada com as crianças. Elas é que sentirão os efeitos de nossa irresponsabilidade. Se não se firmar um acordo, um pacto entre a sociedade e a própria sociedade no sentido de se preservar os recursos naturais, não teremos muito o que deixar para nossos filhos e netos. É importante que todos, Estado e sociedade, tracem metas de preservação, de desenvolvimento sustentável e trabalhem para cumpri-las. O que não se pode é ficar de braços cruzados e nada se fazer, colocando em risco a vida em nosso planeta.

Quando optamos por uma vida mais saudável e um consumo responsável dos recursos naturais, estamos preservando não só o meio ambiente, mas o direito à vida para nossas crianças. A minha netinha, a Princesinha pega um copo de água e pergunta para minhas plantas: “tá com sede?” E entorna a água na terra. Depois faz carinho nas folhagens. Perfeita integração entre homem e natureza. Que este mundo não vire um enorme globo de plástico…

imagem

Blog Action Day

No meu trabalho de urbanismo, uma das matérias primas são os mapas temáticos, ou seja, mapas que mostram determinados tipos de ocorrências no território. Um desses mapas é o das Geleiras e Rock-Glacier, que aqui na região existem nas altas montanhas. Por curiodade, fiz uma sobreposição dos mapas das geleiras dos anos 2000, 2006 e 2007, todos feitos com base a imagens de satélite e com erro admissivel de 5 metros.

A retração ocorrida em 7 anos é muito sensivel e pronunciada. Observando o arquivo fotográfico então, o susto é ainda maior. Fotos tiradas com diferença de 90 anos quase não parecem retratar o mesmo lugar. Claro que falta ainda uma certeza absoluta a respeito da influência da ação humana sobre estes fenômenos, mas as evidências são tão fortes que apostar nisso não é nada absurdo.

Na semana passada uma enorme massa de rocha se destacou de um dos cumes das montanhas dolomíticas do Alto Adige, poucos quilometros ao norte de onde estou, causando uma avalanche de pedra e poeira que por sorte não causou vítimas. A causa é o aquecimento que fazendo derreter o gelo dos Rock-Glacier que são um amontoado de rocha e agua congelada, faz desmontar os picos que lhes estão assentados sobre. Espera-se que muitas outras avalanches ocorram, antes da derradeira, aquela metafórica, que vai varrer nossa vida civilizada e cheia de confortos.




Aqui se pode ver em azul a projeção das geleiras em 2000, em laranja em 2006 e em vermelho a de 2007. A retração é evidente

Abaixo um detalhe

Blog Action Day – Meio ambiente

O apresentador da tv mostra o prêmio do concorrente e explica que a cama – o prêmio é uma cama – possui todas as partes de madeira, nada de pregos, parafusos ou cola e que, por isso, é uma cama ecológica. Apresso-me em esclarecer às minhas filhas que o conceito está errado, que a cama seria ecológica se produzida com material reciclado e que o apresentador é uma besta.

Há um ano e meio vou trabalhar de bicicleta. São só quinze minutos de pedaladas contra os dez minutos que levaria se fosse de carro. No caminho, são seis rotatórias construídas para eliminar os semáforos. Passo por um viaduto ou uso uma passagem subterrânea para atravessar a linha do trem. Cruzo com carros, motos, ônibus e caminhões enquanto atravesso a cidade de concreto e asfalto. Os aviões deixam um risco branco, silenciosos no alto do céu. Ouço, lá longe, um apito de fábrica chamando a boiada operária.

Fica difícil imaginar como era Piacenza antes que o bicho cidade tomasse conta do lugar. O cinturão verde em volta dela é um conjunto de terrenos agrícolas onde se planta feno, tomate e girassol. Os córregos foram domados em canais usados para irrigar a plantação. Um agricultor faz os últimos ajustes no trator e toma um gole d’água da garrafinha plástica.

Foram muitos os escritores, artistas, cineastas, cientistas, que imaginaram como seria a vida humana na Terra após uma imensa catástrofe natural ou provocada. Lemos os livros, apreciamos as obras, assistimos os filmes e nos informamos sobre as conclusões científicas. Nos divertimos e nos julgamos conscientes. Mas continuamos a abater árvores demais para fabricar camas; construímos rotatórias demais; andamos de carro demais e existe asfalto demais; circulam trens demais e viajamos em aviões demais; temos fábricas demais e usamos garrafas plásticas demais.

Transformamos o planeta em um formigueiro humano, com viadutos e passagens subterrâneas, ignorando e extinguindo outras espécies. Abatemos as florestas e plantamos monoculturas lucrativas. Caminhamos inexoravelmente para uma catástrofe provocada, mas a arrogância humana nos faz acreditar que, no fim, acharemos uma saída. No fim.

O apresentador da tv é o fiel representante do bicho homem que habita as cidades. Este ser capaz de criar músicas, livros, obras de arte, filmes, e de estudar cada milímetro deste mundo sólido, líquido e gasoso, mas incapaz de evitar a própria extinção. O apresentador da tv não está sozinho: somos todos umas bestas.

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Blog Action Day 2007: Derretimento do Ártico

No início de agosto, vi essa foto no Real Climate que me deixou perturbada:

Artic ice cap
(Foto originalmente pertencente à Universidade do Illinois.)

Em rosa, vemos o chamado "valor mínimo de extensão do Ártico". Explico melhor. Todo ano, os polos derretem um pouco no verão e recongelam durante o inverno. Ou seja, há um equilíbrio de gelo nessas regiões, mas é um equilíbrio dinâmico, que gera gráficos em ziguezague, onde o importante são as tendências para onde os gráficos vão com o passar do tempo (pra cima, pra baixo ou estáveis). Em geral, a primeira quinzena de setembro é quando a quantidade de gelo no Ártico chega ao menor nível, todo ano. Isso acontece porque esse período marca o fim do verão no hemisfério norte, ou seja, o fim da época quente que favorece o derretimento das calotas. É claro, há séculos esse ciclo derrete-congela acontece, e o valor mínimo de extensão não varia abruptamente. Ou seja, o gráfico tem se mostrado estável, na maior parte do tempo histórico.

É quando a figura aí em cima se torna perturbadora. Ela mostra que no início de agosto desse ano, a área de derretimento já era de 1.2 milhões de km2, e pior, mostrava que comparado aos dados de setembro de 79, a área derretida aumentou muito mais que o normal. E ainda faltava chegar no mês de setembro, quando o verão efetivamente terminaria.

Eis que setembro chegou, e os dados foram ficando cada vez mais assustadores. Até que em outubro, finalmente se chegou à triste conclusão de que 2007 foi um ano histórico pro clima mundial: nunca o Ártico derretera tanto num verão, desde que se começou a medir tal valor. (O NYTimes fez uma reportagem clara sobre o fato, e acompanhou-a com uma animação em flash que mostra esse derretimento nos últimos 4 anos. A animação, assim como a foto acima, é também impressionante.)

Devido a esse derretimento todo, 2007 foi o ano em que pela primeira vez na história recente da humanidade, a passagem noroeste do pólo, um atalho que liga a Europa a Ásia e antes era impossível de ser ultrapassado devido ao gelo, ficou navegável. Essa mera abertura de navegação muito antes de se tornar motivo de preocupação ambiental, se tornou disputa político-econômica para Rússia, Dinamarca e Canadá, que agora trocam farpas sobre quem é o dono dos recursos minerais no subsolo da área, analisando cadeias montanhosas submarinas e afins. A Rússia chegou ao ponto de plantar uma bandeira a 4 km de profundidade, clamando que o Ártico é deles. O Canadá iniciou então uma operação de "soberania". Depois pensa-se o que fazer com flora, fauna e habitantes da região, é claro.

Mas não é só a extensão de gelo do Ártico que vem diminuindo. Nos últimos 6 anos, a taxa de diminuição da camada de gelo do solo na região foi de 50%, ou seja, a espessura do gelo também diminuiu muito. Nesse ritmo alucinado de derretimento, já há previsões científicas de que o Ártico desaparecerá por completo em 23 anos; ou seja, em tempo geológico, amanhã.
A geografia da região vem se alterando drasticamente, e ilhas na Groenlândia vêm surgindo onde antes apenas gelo predominava. Algumas espécies animais já vêm sofrendo as consequências desse derretimento acelerado. Morsas, por exemplo, foram se alimentar nas praias do Alaska, já que seu hábitat natural de verão desapareceu. De acordo com um artigo recente do famoso pesquisador de clima da NASA Jim Hansen (link em pdf), o aumento de temperatura global está chegando num "tipping point", ou seja naquele ponto "x" em que não adiantará fazer muito mais para reverter o quadro do paciente, e grandes mudanças acontecerão inevitavelmente. Ficaremos sem Ártico no verão.

E o que isso implicará? A resposta mais honesta é: não se sabe. Já há registros de aumento de terremotos na Groenlândia, mas seriam eles apenas reflexos do processo de derretimento? Há previsões sobre o aumento do nível dos mares globais que deixariam países-atóis do Pacífico debaixo d'água - e a maioria deles vem tentando fazer acordos de realocação com países próximos, como Austrália e Nova Zelândia, a fim de se preparar para quando o mar invadir. Existem outras hipóteses do que pode acontecer ao planeta, mas o nível de incerteza ainda é elevado para se afirmar qualquer coisa.

O único fato é: o planeta vai mudar. Ou talvez antropocentricamente pensando, tentar se defender à forma dele, das agressões que vem sofrendo. E nossa atitude vai ter que mudar também nesse mundo novo, sem gelo no pólo norte e mais propenso a catástrofes climáticas gerais. É preciso antes de tudo investir em tecnologias que possam amenizar a mudança drástica, principalmente aquelas relacionadas a alternativas energéticas pro processo de existência humano. Diminuir gases que colaboram com o aumento da temperatura atmosférica. Reformular todo o sistema de pensar das pessoas, como bem disse o mais recente prêmio Nobel da Paz Al Gore, em entrevista na Rolling Stone (link via Pedro Doria).

Só assim o derretimento do Ártico não se tornará um horizonte negro para nossa existência na Terra.

Horizonte-negro


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*Esse post faz parte da comemoração do Blog Action Day 2007, cujo tema escolhido é Meio Ambiente. Blogs do mundo inteiro estão falando sobre o tema no dia de hoje, na tentativa de fazer com que as pessoas discutam meio ambiente para um melhor futuro. Visite, comente, participe. Assim o dia terá feito (um pouquinho que seja...) a diferença merecida. :)

Bloggers Unite - Blog Action Day

10/12/2007

Prêmio Nobel da Paz e o Dia da Criança

A luta contra o aquecimento global recebeu hoje um justo reconhecimento: Al Gore e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) receberam o Prêmio Nobel da Paz.

Coincidentemente, Al Gore teve seu documentário - que recebeu o Oscar da categoria - questionado por um juiz da Alta Corte britânica. Do site da BBC:

"Segundo o magistrado, os erros científicos da obra incluem a alegação de que o nível do mar subirá até 20 pés (mais de 6 metros) por causa do derretimento do gelo na Antártida e na Groenlândia.

Esta afirmação foi considerada "alarmista". Segundo o juiz, indícios apontam que o derretimento do gelo da Groenlândia liberaria esta quantidade de água "apenas em milênios".

Outra parte do documentário reprovada pelo juiz faz referência a estudos científicos que indicam que, pela primeira vez, ursos polares se afogaram ao tentar nadar longas distâncias – até quase 100 quilômetros – em busca de gelo.

"O único estudo científico que ambas as partes conseguiram apontar é um que indica que quatro ursos polares foram encontrados recentemente afogados por causa de uma tempestade", disse o juiz.

A Corte aceitou ainda a argumentação de que não há evidências científicas suficientes para estabelecer uma relação entre o aquecimento global e o desaparecimento da neve no monte Kilimanjaro, no leste da África."

De qualquer forma, o filme poderá ser exibido desde que os professores apontem as questões controversas e estimulem o debate apresentando os argumentos e provas contrários.

Mantidas as devidas proporções entre as afirmações científicas e aquelas de caráter publicitário, o fato é que Uma Verdade Inconveniente tornou-se um marco, agora definitivo, da luta contra os abusos que a humanidade comete contra o meio ambiente.

Melhor presente nossas crianças não poderiam ganhar no seu dia, pois essa Terra será delas.

10/11/2007

Dia 15 de outubro : Dia de Ação dos Blogs:

Voltamos a lembrar: Blog Action Day

Bloggers Unite - Blog Action Day Mobilização mundial dos blogs para falar sobre um tema único. O tema desse ano é Meio Ambiente. A data é especial e todo blog, independente do assunto de que trata normalmente, é convidado a participar do evento. Blogs de viagem podem, por exemplo, discutir sobre ecoturismo; blogs de piadas, fazer reflexões bem-humoradas sobre a questão ambiental - e assim sucessivamente. Guarde a data na agenda, cadastre seu blog no site do Blog Action Day e prepare o post. Publique no dia 15 de outubro , em seu blog!

Participe! 15 de outubro: dia de falar sobre o meio ambiente na blogosfera.

Faça a sua parte!

10/10/2007

Turismo do aquecimento global

Eis que lugares antes inóspitos do Ártico agora estão aos poucos se tornando "visitáveis" e potencialmente turísticos a um número crescente de pessoas, já que a temperatura maior não afugenta tantos mais. O turismo do ex-gelo vem aumentando consideravelmente, incluindo aí de cruzeiros de luxo a aventuras mochileiras. Mas é bom lembrar que quando o assunto é aquecimento global, não há almoço grátis e atentar pro fato de que "Hello Svalbard, goodbye Micronesia!", como bem disse o Gadling, de onde tirei essa notícia.

Eu ainda prefiro tentar salvar a Micronésia, enquanto há tempo. :)

10/05/2007

Artigos

Interessantes artigos na ediçãode outubro da National Geographic:

Uma análise sobre as diversas fontes de biocombustível em O Sonho verde, com um infográfico comparativo. Há, também, um ensaio sobre a questão do carbono, Carbono - Nosso desafio e um infográfico que mostra as mudanças climáticas no mundo.

Site da revista: National Geographic

10/04/2007

Água Mineral


Nos primeiros quinze dias de Itália pensei que enlouqueceria e cheguei a considerar o retorno imediato ao Brasil. Tudo por causa da água. Não conseguia encontrar uma água mineral que matasse a minha sede e a da torneira é intragável, além de riquíssima em calcário. Depois de experimentar dezenas de marcas, acabei encontrando uma que conseguia beber sem adicionar umas gotinhas de suco de limão, como fazia com as outras. Com o tempo fui me acostumando, mas ainda prefiro a minha marca salvadora.

À época, lembrei do lançamento da água mineral da Brahma, quando ainda trabalhava lá. Durante a apresentação, o diretor ressaltou o enorme mercado a ser conquistado, comparando o consumo de água mineral entre Brasil e Europa. Ele só esqueceu de dizer que a água da torneira de boa parte da Europa, apesar de tratada, é desaconselhada para o copo. Serve para cozinhar macarrão, lavar frutas e verduras e tomar banho. Café, chá ou limonada, só com água mineral, que deve ser de montanha e pouco profunda para evitar o contato com os resíduos fósseis dos antigos habitantes marinhos da região.

O uso cotidiano de água desmineralizada e de produtos químicos impedem o acumulo de calcário em ferros de passar roupa, máquinas de lavar roupa, máquinas de lavar louça, aquecedores de água e radiadores. Certa vez esqueci um copo-d’água – que usei para molhar uma planta – no balcão da cozinha. Após alguns dias a água havia evaporado e o copo perdeu a transparência. Tinha ficado opaco e branco. Branco calcário.

Água mineral é o produto mais consumido na Itália, o que me faz refletir sobre o destino das garrafas plásticas, cuja reciclagem efetiva é drasticamente inferior do que gostariam os órgãos públicos e as organizações ambientais. Mesmo depois de acostumado a água mineral italiana, cheguei a pensar em importar do Brasil um filtro de barro (talha), mas quem o fez me garantiu que as velas se entopem completamente em cinco ou seis dias, e que o calcário que nelas penetra, endurece e impede a passagem da água, inutilizando-as completamente, destruindo o sonho da água com gosto de barro. É claro que existem processos eficazes de filtragem para uso doméstico, mas o custo dos equipamentos e a constante manutenção desanima qualquer ecologista que não pertença a uma classe economicamente privilegiada.

E, assim, vamos tocando a vida, tomando água mineral em nome da preservação dos nossos rins e fígados; torcendo pela reciclagem das embalagens que usamos; esperando que, no Brasil, as pessoas não caiam no engodo do uso da água mineral em casa e que continuem preferindo o filtro doméstico ou a boa e velha talha de barro. É só usar um pouco de açúcar para limpar as velas e a reciclagem estará feita. Sem o risco de sentir-se uma ostra.

Faça a sua parte.
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9/30/2007

As Plantas que Limpam o Planeta


Thalspi caerulescens - fonte da foto

É primavera! Observem estas lindas florzinhas que parecem que foram colocadas lá para o prazer de nosso olhos. Mas elas não são apenas agradáveis ao olhar, elas também podem cumprir uma outra tarefa na natureza : limpar os solos e as águas da poluição por metais pesados, provenientes das indústrias. Seu nome é Thalaspi caerulescens , da família Brassicaceae, e ela é um dos principais focos das pesquisas sobre a fitoremediação, que tem como objetivo o uso das plantas para degradar, remover ou estabilizar substâncias tóxicas do solo ou das águas contaminadas.

E ela não é a única, existem várias plantas chamadas hiperacumuladoras, i.e, que podem estocar metais dos quais elas não necessitam para seu desenvolvimento (ou que os metabolizam para espécies menos nocivas) que podem realizar esta faxina na natureza. Pois, se estes metais pesados poluidores não forem retirados ou impedidos de migrar, eles vão se acumular nos vegetais comestíveis ou contaminar o lençol freático, acarretando problemas como dermatite alérgica, perfurações do septo nasal, câncers, cefaléia, náuseas e desmaios nos seres humanos. E não é apenas a contaminação por os metais pesados que podem ser tratada por esta técnica, os solos e águas contaminados por herbicidas ou derivados do petróleo também.



Em seguida, os metais contidos nas plantas podem ser extraídos da biomassa, os metais armazenados podem ser recuperados por empresas de fitomineração e o ciclo estará fechado. Este processo é mais barato que os métodos convencionais, que necessitam retirar a terra poluída e transportá-la para um local de tratamento ou depósito.

O problema é que estas plantas só podem recuperar uma baixa concentração destes poluentes. E é aí que entra o estudo efetuado na Universidade de Liège, por exemplo, no qual se estuda o genoma destas plantas para descobrir quais são os genes responsáveis por estas propriedades. Uma vez conhecidos, estes serão então inoculados em plantas como o fumo ou o álamo, que apresentam um crescimento mais rápido ou uma capacidade mais elevada de captação destes poluentes. O "hic" em relação ao meio ambiente é a utilização de transgênicos...mas os cientistas que desenvolvem estas pesquisas tranqüilizam o público afirmando que estes podem ser esterilizados, eliminando assim o risco de propagação.

A fitoremediação já é uma realidade. Nos EUA, a mostarda indiana transgênica, por exemplo, foi usada para tratar solos contendo arsênico na Califórnia. No Canadá, o chumbo, o cobre e o zinco foram retirados do solo graças a 3 espécies : o salgueiro, a mostarda indiana e a festuca (gramínea para pastagens). A Universidade da Georgia desenvolve algodoeiros transgênicos para limpar solos contaminados com mercúrio. As plantas já estão sendo testadas em um terreno da cidade de Danbury, no Estado norte-americano de Connecticut, de onde 60 algodoeiros irão retirar o mercúrio depositado por uma antiga fábrica de chapéus.


No Brasil, várias equipes de pesquisas já se debruçam sobre este processo, em escala de laboratório. Por exemplo, um tipo de samambaia é estudado para a fitoextração de arsênio e o feijão de corda é usado para a recuperação de solos contendo herbicidas. O chorão para a recuperação de águas contendo derivados de petroleo; mamona, girassol, pimenta da Amazônia e tabaco para o tratamento de solos contendo cádmio, chumbo, cobre, zinco e níquel.

Embora esta técnica apresenta limitações tais como um tempo de descontaminação longo, ela é economicamente viável e uma excelente utilização de recursos naturais. Resta esperar que seja levada a sério, ultrapasse a escala de laboratório e chegue aos nossos campos.


Alguns Estudos no Brasil :

9/27/2007

Educação ambiental no ClicFilhos

O portal ClicFilhos produziu uma série de matérias sobre aquecimento global, e dá dicas de como podemos fazer a nossa parte. Confiram!

O tal do aquecimento global. Aqui, Carla Oliveira fala sobre as causas do aquecimento global e dá dicas do que podemos fazer para reduzir o nosso impacto, em linguagem simples e accessível.

Lixo que vira brinquedo. Neste artigo, Carla ensina como fazer nove brinquedos usando sucata.

Cardápio à base de sobras. Maria Paola de Salvo fala sobre as propriedades nutricionais de alimentos que, em geral, em vez de irem para a mesa, vão para o lixo, e dá dicas de como podemos utilizá-los.

Seja um consumidor consciente. Outro artigo de Carla Oliveira, onde ela chama a atenção para um dado alarmante: atualmente, o homem anda consumindo 20% a mais dos recursos naturais disponibilizados pela mãe natureza do que a capacidade de renovação do planeta.

Ecologia também se aprende na escola. Aqui, Lucy Casolari mostra que a escola também tem um papel importantíssimo quando se trata de educação ambiental.

Sempre alerta! Carla Oliveira mostra por que a formação dos escoteiros é um excelente exemplo para todos nós: “Por meio de jogos, trabalhos manuais, excursões, músicas e muitas outras atividades, os escoteiros aprendem valores fundamentais, como a importância de ajudar o próximo, respeitar a natureza, conviver em grupo, ter autonomia, responsabilidade e auto-confiança.”

9/17/2007

"Guindaste" sobre sacola plástica

A Carol Costa postou em seu blog "Guindaste" uma excelente reportagem da revista Página 22 (que eu não conhecia e parece não ter versão online) sobre o uso de sacolas plásticas atualmente. Aos interessados em fazer a sua parte, números impressionantes são lá revelados. Muito lúcida, a reportagem termina com uma conclusão infelizmente perfeita do Marcelo Coelho:

“Não dá para querer um pensamento ecológico sem pensar no bolso. Enquanto o plastiquinho não me custar nada, enquanto uma folha de papel custar centavos, ninguém vai conseguir que as pessoas levem menos sacolas para casa ou usem os dois versos do papel.”

A reportagem completa está lá no blog da Carol: parte 1 e parte 2. Visite e estimule a discussão.

9/13/2007

Solar Bottle

Todos os anos, objetos de design inovativo e com relevância do ponto de vista social, merecem a atenção do Index Award. Os vencedores da seção home deste ano foram o italiano Alberto Meda e o argentino Francisco Gomez Paz que projetaram juntos a Solar Bottle. Um engenhoso método de transportar e purificar a água. Se se pensa a quanta gente não tem acesso à água potável, o prêmio se revela mais que merecido.

O processo de purificação usa o mais óbvio, barato e simples agente antibactericida: o sol. O set prevê dois frascos transparentes, muito largos e pouco espessos e com um lado revestido em aluminio, que serve de espelho, fazendo aumentar a temperatura. O pegador é também um apoio para regular a inclinação em relaçáo ao sol. Com uma esposição de seis horas , a água estará livre de qualquer agente patogênico, ação dos raios ultravioleta.

Design to improve your life“, era o chamado do concurso. Esse projeto assim altamente sustentável e de uso de energia limpa, preencheu o requisito. Belo exemplo.


9/11/2007

Convocação

Dia 15 de outubro está sendo planejada uma mobilização mundial dos blogs para falar sobre um tema único - é o chamado Blog Action Day. O tema desse ano é Meio Ambiente. Nós aqui no Faça a sua parte escrevemos sempre sobre o tema, mas vale lembrar que a data é especial e que todo blog, independente do assunto que trata normalmente, é convidado a participar do evento. Blogs de viagem podem por exemplo discutir sobre ecoturismo; blogs de piadas, fazer reflexões bem-humoradas sobre a questão ambiental - e assim sucessivamente.

Guarde a data na agenda, cadastre seu blog no site do Blog Action Day e prepare o post. É 15 de outubro: dia de falar sobre o meio ambiente no universo da blogosfera.

(Via Favoritos by Luiza Voll)

9/05/2007

Ibope indica: brasileiro sabe, mas não faz

Eu tinha uma forte suspeita de que nós, brasileiros, até sabemos como cuidar do meio ambiente. Fazer é outra conversa. Hoje, ouvindo o JN, uma pesquisa do IBOPE, quem diria, confirmou as minhas suspeitas. O povo sabe direitinho que é para separar lixo, dar outro destino a pilhas e baterias, que é preciso cuidar. Na hora de fazer... nem tudo são ações práticas.

- 92% dos entrevistados acham que separar o lixo reciclável é uma obrigação da sociedade, mas só 61% fazem isso em casa.

- A pirataria é considerada crime por 68% dos entrevistados, mas apenas 30 % dizem nunca ter comprado um produto pirata.

- 85% dizem que vale a pena pagar mais por um produto que não agrida o meio ambiente, mas apenas 52% realmente compram esses produtos.

Pior: o pessoal coloca a responsabilidade nas empresas - e quem é que compra o produto delas, ó ser humano? Fiquei de mau humor, juro!

9/02/2007

O fim da (minha) ingenuidade ambiental

Eu publiquei esse texto bem pessoal ontem no meu blog. Algumas pessoas com quem conversei acharam melhor repercuti-lo pela rede, e eu resolvi repostá-lo aqui no Faça a sua parte na íntegra.


"Quando há alguns meses saiu o relatório definitivo do IPCC sobre a situação climática e ambiental do planeta na atualidade, eu imaginava que as palavras contidas naquele documento tivessem impacto indelével sobre as pessoas, governos e corporações. Afinal, pensei eu, sugeriu-se com aqueles resultados que o aquecimento poderia destruir boa parte da economia do mundo, fazendo sofrer principalmente os países mais pobres, sem estrutura para administrar as consequências climáticas sinistras pressupostas no documento. O Príncipe de Mônaco (!) parece que ouviu bastante, e um ou outro governante com certeza prestaram atenção, principalmente ao terem acesso a visualizações das consequências imediatas. Tudo levava a crer que aquele seria um momento divisor de águas.

Quanta ingenuidade minha. Falou-se por alguns dias sobre o tema na mídia (ah, o hype da notícia fresquinha!...), houve algumas reportagens incômodas nos jornais, revistas e TV, com cenas dignas de filme de catástrofe - que provavelmente apenas levaram os telespectadores a mudarem de canal para um programa de auditório mais "leve" (não os culpo, a vida de gado não tem sido fácil nesses dias marcados). Mas depois dos primeiros dias, o assunto meio que "morreu", e voltamos a prestar mais atenção ao escândalo político do dia (pelo menos, eu estava bem-acompanhada nessa constatação). E as pessoas decidiram retornar àquele estado de eterna negação e apatia tão típico de quem tem um enorme problema em mãos e não sabe como resolver. Freud deve explicar.

Ou deve dar risadas de mim, que me preocupo diariamente com as consequências do aquecimento global. Que não consigo mais aturar o gasto tresloucado de sacola plástica, como se estivesse escrito na Declaração Universal dos Direitos Humanos que ao nascermos temos direito irredutível, irreprovável e infinito ao uso delas. Que adquiri uma asma irritante de tanto respirar o ar super-poluído das grandes cidades, principalmente na Ásia, onde a queima do carvão ainda é a maior fonte de energia - e haja enxofre para limpar essa sujeirada toda no ar e aumentar o tempo de vida do planeta... Que fico deveras estupefata ao descobrir práticas de finning de tubarão na peixaria perto da casa dos meus pais - eu que supunha iludida que aquele recanto da minha infância estava imune à invasão chinesa faminta de barbatanas.

E, para fim total da minha ingenuidade ambiental, já há os "cansados" (para usar o termo da moda) em serem abordados por causas ecológicas. E eu, que acreditava na "benevolência humana em prol do futuro apesar dos pesares", me sinto totalmente impotente. Porque esse cansaço é em minha opinião um sinal de desistência. O problema não é pequeno por natureza e a constatação de que já existem os que desistiram dele sem sequer analisarem ou tentarem fazer algo - quer desestímulo maior que esse? Pessoas (e alguns governos!) que se consideram ecoperseguidos, e querem garantir o sagrado direito (deles) de dirigirem sozinhos de SUV com o ar condicionado ligado no máximo, de saírem de férias sem apurrinhações "verdes" ou de poluírem à vontade pela saúde da sua economia (esquecendo da saúde da sua população, é claro). Ou de simplesmente não serem mais incomodados por nenhum "ecochato", que relembrará exaustivamente o problema do aquecimento na Patagônia ou das populações insulares do Pacífico, primeiros refugiados ambientais da era aquecida - migrarão para onde? Eu adoraria que os que se sentem ecoperseguidos realmente pudessem viver na deles, sem que fosse preciso gastar dinheiro com campanhas ambientais nem enchê-los a paciência para salvar a Amazônia, a África ou sei lá onde, ou sequer ter contato com eles. É muito irritante o policiamento ideológico ou de qualquer tipo, eu mesma não gosto.

Infelizmente, entretanto, por mais que queiramos ser individualistas e vivermos de acordo com nossos padrões e cultura (vide os japoneses e as baleias, os chineses e os tubarões, etc.), lembro que a dura realidade é bem mais complexa por uma razão simplérrima: vivemos todos no mesmo planeta. Toda a espécie humana, sem distinção de raça, credo, estado civil ou condição financeira, divide o mesmo endereço da via láctea, e os mesmos recursos naturais. E um fato aumenta ainda mais a complexidade desse problema: a atmosfera não entende barreiras ideológicas, políticas e nem mesmo as geográficas. A atmosfera que nos circunda é uma só, e se mistura e circula sem fronteiras, sem preconceito algum, independente do que esteja nela - razão pela qual afeta a todos sem distinção. A poluição da China chega em Los Angeles, as queimadas da Rússia afetam o ar da Escócia e não há vontade política nem dinheiro no mundo (ainda) que impeçam isso de acontecer - é um fato físico. (Esse vídeo mostra melhor isso: em dado momento de 2000 o monóxido de carbono da queima da Amazônia foi parar na Antártica. Requer Windows Media Player para assistir.) Então, hoje, o degelo no Ártico pode não alterar em nada a minha vida aqui no Brasil (pode até trazer mais lucros para alguns com o turismo ou fazer ressurgir esquecidas jazidas de petróleo), mas amanhã, quando faltar o peixe na mesa para comer, o produto vai ficar mais caro e gastaremos mais com importação - se peixes houver para importar, é claro. Pior de tudo, pode ser economicamente desvantajoso ficar nessa inanição (link em pdf), porque o custo de não ter solução para esse problema pode aumentar sem precedentes. Estamos todos navegando no mesmo barco, e ele tem um buraco na proa: uns enxergam um catastrófico naufrágio e os tubarões ao redor, outros querem tapá-lo com um durex ou, pior, abstrair que o buraco não existe, é uma invenção, blábláblá. Há de se ter o bom-senso de achar a forma correta de agir, equilibrada, para que todos consigam se salvar desse afundamento. Mas é preciso agir, olhando para todos os dados, fatos e circunstâncias ao redor. Talvez haja um pedaço de madeira encostado na popa que possa fechar o buraco da proa, e essa oportunidade não pdoe ser desperdiçada.

Ninguém nunca disse que tomar conta (e cuidar) de um planeta era fácil - pelo menos, não para mim. Não nos ensinaram quando crianças - onde fui educada, pouca coisa nesse sentido era dita, uma falha educacional lastimável. Reciclagem na escola parecia um tema alienígena. (Hoje, sei que pelo menos isso mudou, e a educação ambiental está muito mais permeada pelos colégios do mundo. Felizmente.)

Mas precisamos sair dessa hipnose coletiva marasmática que acredita piamente que um cientista genial virá daqui a um, dois ou 10 anos com uma solução de pirlimpimpim pro problema humano do aquecimento global - sim, porque já não podemos culpar o sol por isso. O milagre da idéia revolucionária que fará o planeta voltar a ter o ambiente de séculos atrás, quando havia ainda esperanças de recuperação que não afetassem a rotina humana. Desculpe-me os iludidos de todas as classes, mas o pó de pirlimpimpim cada vez mais escasseia: precisaremos sair da nossa zona de conforto se quisermos melhorar um pouco as condições para nós. E pessoalmente acho também que por respeito aos que vêm por aí. Cada um terá que fazer a sua parte, sim: hoje, amanhã e depois e muito tempo depois.

E é apenas isso que se pede: a sua parte. Não é tão difícil: o RadioHead conseguiu, a Adobe conseguiu, a Honda (uma empresa de carros!) conseguiu. Acho que até os mais cansados conseguem, não? Basta ter ânimo para querer mudar, sem se deixar distrair com o "ruído de fundo" das ecocelebridades - entenda o papel delas. Ou basta ter vontade de sonhar que o bebê de hoje seja um adulto de um mundo mais "vivível" amanhã. Não é essa a melhor herança que um pai pode dar a seu filho: um planeta melhor?

Acho que a minha ingenuidade perdida se transformou em esperança ativa... e não é a vida resultado de contínua adaptação?"