1/31/2007

A privatização da água

O texto abaixo foi originalmente publicado no dia 13 de janeiro de 2007, em meu blog orbis terrarum. Contudo, como é um assunto de extrema relevância, fiz pequenas alterações para adequá-lo ao Faça a sua parte e com isso aumentar o alcance da denúncia.
Na minha leitura do mundo - e cada um deveria fazer a sua própria leitura independente desta ou daquela ideologia – a humanidade caminha rumo a um inescapável colapso que se aproxima cada vez mais rápido. Esta crise é moral. É uma crise que passa pela subversão de valores humanos em troca de riqueza material. É uma crise que vai substituindo a solidariedade pela indiferença. É uma crise - como escreveu o geógrafo Milton Santos - promovida por um sistema que transforma cidadãos em consumidores.
Alguns acreditam numa barafunda planetária. Para mim, a ordem das coisas já foi bem estabelecida, até a ciência, que prometia libertar a humanidade da dor, da fome e do sofrimento, já está profundamente implicada nas relações de poder contemporâneas, sobretudo com o poder econômico. “Hoje”, aponta o também geógrafo Carlos Walter Porto-Gonçalves, “a ciência vem se tornando uma força produtiva de capital e não mais um meio para a emancipação humana”. Nas sociedades capitalistas, a técnica visa ao aumento de produtividade, quanto maior o controle sobre os processos, maior as possibilidades de se atingir o objetivo.
Mas até que ponto pode chegar o homem e sua sanha pela acumulação interminável de riquezas? Até que ponto entidades jurídicas preocupadas apenas na lucratividade de suas operações e no retorno de capital a seus acionistas estão efetivamente preocupadas com o bem-estar da população e com a conservação do meio ambiente? São perguntas que a mim suscitam perplexidade ante as respostas que podem ser encontradas após pequena pesquisa na Internet.
O caso mais recente está acontecendo em São Lourenço, no circuito das águas em Minas Gerais, próxima à cidade onde meu pai nasceu: Lambari. O caso é preocupante porque envolve diretamente um elemento essencial para a sobrevivência do homem, e que, segundo os economistas, será a maior riqueza de uma nação: a água. E o pior, é a nossa água que está sendo lavrada, engarrafada e exportada para o mercado externo, deixando um rastro de destruição no Parque das Águas da cidade.
A privatização do recurso hídrico mais caro à humanidade exemplifica bem a real situação pela qual passamos no planeta Terra. Um bem natural que deveria ser de amplo acesso público é expropriado pela iniciativa privada na expectativa de continuar o incremento de suas vendas e conservar os escassos lençóis freáticos europeus. E a empresa responsável por isso? É a corporação suíça Nestlé.
A situação é tão grave que a fonte da água magnesiana, a mais procurada e consumida, secou há três anos, depois de mais de cem anos de regularidade. Seu fim coincide com a superexploração do Poço Primavera, de onde a Nestlé obtém a matéria-prima da água Pure Life, carro-chefe internacional da conquista do primeiro lugar mundial entre os fabricantes de "águas com sais adicionados". Técnicos da Nestlé afirmaram em audiência pública que "não há no momento tecnologia para recuperá-la". Para secá-la, parece que houve. A da Fonte Vichy, só ocorrente, no planeta, no Parque e na cidade francesa de Vichy, vai pelo mesmo caminho: é a próxima a secar, a julgar pela drástica redução do seu volume de afloramento.

Eu sei que cada leitor interpretará este texto ao seu modo. E caberá a cada um decidir de qual lado ficará. Mas acredito que todos devem conhecer melhor a situação, pois o que fazemos hoje pode definir nosso próprio futuro!
Para conhecer o site do Movimento Amigos do Circuito das Águas Mineiro (MACAM), que encabeça a resistência contra a Nestlè, clique AQUI

1/30/2007

Projeto Forro Vida Longa...

... é o nome de um projeto para reutilização do alumínio presente em embalagens de leite e outros "longa vida" que está sendo elaborado na Unicamp. O uso do alumínio é como refletor térmico. Dicas passo a passo, bem no estilo "faça você mesmo", com orçamento descrito e idéias de uso. Lúdico e ecológico. Vale a pena conferir o site.

(Dica gentilmente cedida pela Alline.)

1/29/2007

Na vanguarda da moda ecológica

A Lucia Freitas já havia comentado no post abaixo sobre a preocupação ecológica da São Paulo Fashion Week, mas garimpando pela internet, achei um artigo elogiando o evento e suas intenções ecológicas, com várias fotos dos tecidos "ecológicos" lá apresentados. O artigo é do World Changing, um site de sustentabilidade nota 10, cuja missão é:

"Worldchanging was founded on the idea that real solutions already exist for building the future we want. It's just a matter of grabbing hold and getting moving."

Afinal, um mundo diferente é possível.

1/28/2007

Modismos ambientais

Parece estar se tornando moda "calcular" o quanto as pessoas emitem de CO2 pelas atividades cotidianas que realizam. Três sites (que eu tenha conhecimento até agora) oferecem uma calculadora para tal. Façamos uma análise comparativa e outra das metodologias adotadas.

O primeiro site é o da Fundação SOS Mata Atlântica. Por esse link pode-se acessar a calculadora. Essa calculadora afere os seguintes três itens:

- utilização de carro por dia
- transporte coletivo por dia
- viagens de avião por ano.

Entrando com meus valores (só ando de carro e uma média de 1000Km por mês - arredondei para 40Km diários), não uso transporte coletivo e há mais de 2 anos não viajo de avião. O resultado é que emito 2,57t de CO2 e devo plantar 4 (3,92) árvores para compensar o estrago.

A metodologia (muita extenso o texto para copiar aqui) pode ser lida nesse link. Há que se observar que a metodologia refere-se apenas às emissões por transporte. Um pequeno trecho:

"É necessário entender que uma árvore cresce muita mais lentamente que as nossas emissões, por isso o que foi calculado para um ano de nossas vidas será convertido em biomassa de uma árvore em um tempo muito maior. Foi considerado que uma árvore será plantada e acompanhada por um tempo de cerca de 20 anos. É impossível estimar precisamente quanto de CO2 uma árvore é capaz de absorver neste tempo, as variáveis são inúmeras: a espécie plantada, a fertilidade do solo, temperatura do ambiente, quantidade e distribuição da chuva ao longo do ano, doenças, predadores, densidade do plantio (um reflorestamento geralmente possui de 1000 a 2000 mudas por hectare), luminosidade, dentre outros fatores.

Uma floresta clímax de Mata Atlântica é capaz de estocar cerca de 400 toneladas de biomassa (madeira) por hectare (1 hectare = 100m x 100m = 10.000 m2), desta biomassa cerca da metade é carbono, isto é, 200 ton/ha. Essa massa de carbono equivalem a cerca de 720 toneladas de CO2. Um brasileiro, estima-se, emite cerca de 0,6 toneladas de CO2, logo um hectare de floresta desmatada equivalem às emissões de 1200 pessoas/ano. Considerando que uma pessoa viva 80 anos, um hectare de floresta corresponde às emissões de 15 pessoas durante a sua vida (de 0,6 toneladas de CO2/ano)."


O segundo, The Green Iniciative, considera, além dos itens anteriores, o uso de eletricidade e de gás. Entrando com meus dados (consumo de eletricidade numa média mensal de 300KWh e 12 botijões ano - um por mês em média para a família. Considerei-me responsável pela metade desse consumo) obtenho uma emissão de 3,27t de CO2 e devo plantar 22 árvores.

O site não apresenta, apesar de dar indicações de que apresentaria, a metodologia. O link refere apenas isso:

"Cálculo de Energia Elétrica consumida:
Metodologia de Linha de Base Aprovada - AM0004 - "Grid Connected power generation that avoids uncontrolled burning of biomass" UNFCCC.
Todos os outros Cálculos: Oeko Institute - GEMIS - Global Emission Model For Integrated Systems ver. 4.2"


Aqui já começam as grandes diferenças. Ora, a emissão de CO2 é muito próxima: 2,57 para 3,27. A diferença no número de árvores é GRITANTE: 4 para 22. Questão de Metodologia? Em parte sim, pois o segundo acrescenta itens que o primeiro não considera.

O terceiro, Wired Magazine, é, sem dúvida, o mais completo em termos de coisas ue considera. Começa por estabelecer um ônus (500 pounds) pela simples existência do lixo em nossas casas. A isso ele acrescenta, além dos itens anteriores:

- o tipo de moradia
- o tipo de aquecimento utilizado
- o tipo de alimentação e o local de onde está provém
- se a gente é reciclador ou não.

Uma observação: no item alimentação, o site considera a carne, esquecendo que a agricultura (arroz e soja) são grandes emissores de GEE.

Pontuei 26824 pounds (13,41 toneladas). O que isso significa está na tabela a seguir, que copiei do site:




















Results

Whatever your score, you can help counter the effect by investing in clean energy credits. These offsets go toward renewable energy sources like wind and solar power. Each dollar donated to TerraPass, Carbonfund.org, or Climate Care buys you roughly 256 pounds of guilt-free spewing.


Up to 15,000 pounds per year: Deep Green



15,000 to 40,000 pounds per year: Fair-weather ecofriend



More than 40,000 pounds per year: CO2 addict




Way to go -- you make the rest of us look like Hummer-loving carbon bombs. You're not going to get your score much lower without serious sacrifice. Spending about $60 on carbon credits would make you a saint.


Hey, you live and work in the real world -- and that means car and air travel. With some simple adjustments you can probably cut your load quite a bit. Or you can divert about $100 from your gas money to carbon credits to help absolve you of your sins.


They can have the keys to your SUV when they break into your well-heated McMansion. But You're going to have to drop $200 or more annually to make up for the damage you're doing to the environment.



O site não converte em árvores e sequer apresenta a metodologia utilizada. Utilizando o fator explicado no texto do SOS Mata Atlântica (uma árvore retém 598 Kg de CO2) chega-se a 23 (22,42) árvores. Praticamente o mesmo valor do outro site, que leva em consideração muito menos itens.

Escrevi, no início, que faria uma análise das metodologias. Impossível, pois dois não divulgam. Ora, isso é, no mínimo, temerário. Ciência certamente não é, caso contrário apresentariam a metodologia com a maior tranqüilidade, com o fez a Fundação SOS Mata Atlântica, mesmo que com todas as hipóteses aproximativas utilizadas.

Por fim, há que se considerar estudos que apontam que as florestas também são emissoras de CO2. Um artigo na Scientific American ("Amazônia e o carbono atmosférico", ed. n. 6) relata estudos realizados sobre isso:

"Mas ainda não se sabe, em escala regional, se a floresta atua como um absorvedouro ou como uma fonte de emissão de carbono para a atmosfera (Keller et al., 1997). Os dados recentes sugerem que as emissões de CO2 dos rios, ribeirões e brejos podem ser muito maiores que se pensava até agora, contribuindo com cerca de 1 tonelada de C/ha por ano (Richey, 2002)."


Como se vê, a "coisa" é bem mais complexa do que querem fazer parecer, mesmo porque, todos os sites possibilitam o pagamento de alguma quantia em dinheiro para que eles mesmos se encarreguem de plantar as árvores por nós. Como confiar em quem sequer mostra como faz as contas?

Plantar árvores é bom e há uma maneira be segura de se fazer isso: as prefeituras, em geral, tem um programa de adoção de canteiros e outras áreas verdes. Entre em contato com a prefeitura e adote um canteiro perto da sua casa. Ali você poderá plantar não apenas árvores, mas plantas com flores, contribuindo também para embelezar a cidade. E sem o estresse de ficar calculando sua emissão de CO2.

1/27/2007

Árvores e crianças crescendo juntas!

A cada bebê nascido, a mãe ganha uma muda de árvore.




Este é o projeto Plantando Vida, em Diamantina. Para cada bebê nascido, uma muda de árvore plantada. A idéia surgiu em Pará de Minas, no Centro-Oeste do estado, em 2000, e agora rende frutos em Diamantina, no Alto Jequitinhonha, a 292 quilômetros de Belo Horizonte. Desde 1º de janeiro, para cada bebê que nasce na maternidade do Hospital Nossa Senhora da Saúde, a mãe leva uma muda arbórea ou ornamental para casa.

A iniciativa do projeto Plantando Vida é da empresária Josefina Mota Ribeiro, de 65 anos, e da turismóloga Ariana Rodrigues Silva, de 24, noiva do filho de Josefina. Desde o dia 1º já nasceram mais de 15 bebês no município. A primeira muda, um ipê-amarelo, foi plantada no estacionamento da academia de esportes de Josefina, por sua filha Camila Mota Ribeiro e pela neta Lívia Ribeiro Duarte.

O projeto foi inspirado no Verde Mais, nascido em Pará de Minas com o mesmo objetivo e iniciado pela professora Arlete Mendes Khoury. Implantado em maio de 2000, consiste em presentear a cada mãe, que sai da maternidade, com uma muda de árvore, para que seja plantada e cuidada permanentemente. O projeto é monitorado pelas escolas, em parceria com a Maternidade local e o IEF - Instituto Estadual de Floresta. Este projeto é reconhecido internacionalmente.

Em Diamantina, já ganhou vários parceiros, como o Instituto Estadual de Florestas (IEF), Polícia Militar de Minas Gerais, Corpo de Bombeiros, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Secretaria Municipal de Saúde, empresários e membros da comunidade. “Começamos a tecer uma rede de colaboradores, para que o projeto funcionasse. O IEF, por exemplo, vai nos doar as mudas; a universidade dará orientação sobre o plantio e a PM e os bombeiros vão nos indicar áreas alternativas de plantio. Os agentes do Programa de Saúde da Família e funcionários do Hospital Nossa Senhora da Saúde vão conscientizar as mães sobre a importância do projeto”, explica Ariana.

Adorei isso!

Veja a reportagem completa.

1/26/2007

Ser viajante em tempos de aquecimento global

23May06 Japan02

E agora?

Já há algum tempo eu venho me questionando sobre o problema da poluição emitida pelas aeronaves e o que fazer para diminuí-la - mais precisamente desde que esbarrei há um ano (mais ou menos) num link que calculava a parcela de poluição de cada um. Apesar de eu (tentar) levar uma vida o mais ecologicamente possível - reciclar ao máximo, preferir o transporte público, evitar gastos desnecessários de energia elétrica, etc. - meu índice de CO2 foi às alturas, literalmente. Por um fator simples: as viagens de avião.

Sabemos que aviões consomem uma quantidade fenomenal de combustível, necessárias para manter toneladas de metal no ar. Esse combustível todo, é claro, termina na atmosfera sob a forma de CO2, colaborando para a ciranda de problemas climáticos que vemos na atualidade - principalmente aquecimento. Uma medição da temperatura atmosférica nos 3 dias consecutivos ao 11 de setembro de 2001 quando todas as aeronaves nos EUA estavam obrigatoriamente em solo, mostrou que a variação térmica diária era muito maior, ou seja, mais temperaturas baixas apareciam na escala do que a situação que vivemos diariamente, com os aviões cruzando os céus.

Felizmente, já existem pessoas e empresas procurando alternativas a esse problema, tentando construir um avião ecologicamente correto; entretanto, a maior parte dessas alternativas ainda são idéias pro futuro, não imediatas. Na prática, o que podemos fazer hoje é sermos bons consumidores e tomar medidas para diminuir as emissões de CO2 relacionadas a viagens. A mais drástica delas é
deixar de viajar de avião, ou tentar viajar apenas quando estritamente necessário. Nesse caso, procurar empresas com melhores ofertas (onde os vôos provavelmente estarão mais cheios e a eficiência de transporte é maior) ou que sejam mais "ecologicamente corretas" - embora o avião em si não o seja, a empresa responsável por ele pode ter planos de diminuição de CO2 em ação, incentivar projetos ambientais, etc. Afinal, o avião ser um agente poluidor ainda é reflexo de um problema tecnológico de modelo - a "eterna" e errônea dependência do petróleo.

(Parênteses: Um amigo meu inglês está nesse momento viajando da Inglaterra ao Tibet de trem, para evitar exatamente o uso de avião. Vários dias na estrada. Esse é talvez o maior exemplo de pessoa preocupada com o ambiente com que já me deparei. Fim do parênteses.)

A questão, entretanto, que permeia é: não viajar, ao mesmo tempo que é um benefício ao ambiente, é um problema para a melhoria da sociedade como um todo, porque no extremo do raciocínio, estaríamos fadados a conhecer apenas nossos arredores, e não o mundo - experiência esta última que é impagável na formação de uma mentalidade global. Não há internet nem fotos possíveis que tragam o barulho das ruas de Taipei, os miados dos zilhões de gatos que andam pelas ruas de Honolulu, ou o cheiro (deliciosamente desagradável, por sinal) das bolhas de sulfa nas crateras de Rotorua, na Nova Zelândia. Essas experiências fazem parte do "estar em um local" e elas enriquecem a visão de mundo, nos tornam pessoas mais flexíveis, adaptáveis. Elas colaboram para sua visão aberta de horizonte, e te mostram o quanto a diversidade étnica, de idéias e de ecossistemas é um bem de valor inestimável. E isso, no final colabora para a existência de cidadãos mais preocupados com questões globais. Uma roda-viva.

Vivo nessa contradição, e me dói. Afinal, amo viajar. Pelos meus últimos cálculos, precisaria plantar 111 árvores para compensar as 16.7 toneladas de CO2 que ajudei a deixar na atmosfera apenas em 2006, resultados de tantas viagens de longa distância. Preciso começar a fazer como Dave Matthews e Al Gore, que "compram" árvores antes de viajar na tentativa de (tentar) neutralizar a emissão própria. Ou, pelo menos,amenizar.

Na Folha

Mares poderão subir por mais mil anos

Conclusão é de relatório de painel de cientistas ligado à ONU, que diz
que Terra esquentará em média 3C a mais até 2100.

Relatório do IPCC, que dará a última palavra sobre o estado do clima,
dirá que não há mais dúvida de que homem causa aquecimento.


"O nível médio do mar vai subir pelos próximos mil anos se os governos
não criarem um projeto para baixar as temperaturas médias globais
neste próximo século. A conclusão é de um aguardado relatório sobre
clima da ONU.

O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), comitê de
2.500 cientistas responsável pelo relatório, vai publicar parte de
suas conclusões oficialmente no dia 2 de fevereiro, em Paris.
O relatório prevê mais secas, chuvas, perdas de gelo no Ártico e nas
geleiras, além da elevação do nível do mar até 2100. E adverte ainda
que o efeito do aumento das concentrações dos gases-estufa na
atmosfera vai durar por bastante tempo.

"As emissões de dióxido de carbono por atividades humanas no século 21
contribuirão para o aumento do nível médio do mar, e para o
aquecimento global, pelos próximos mil anos, tempo necessário para que
esse gás também seja removido" disseram fontes que revelaram trechos
do relatório.

Entretanto, o documento tem boas notícias sobre o intervalo de
alteração do mar. Novas projeções, baseadas em seis modelos, apontam
que a elevação ficará entre 28 cm e 43 cm. No relatório anterior do
IPCC, de 2001, as alterações apontadas eram de 9 cm a 88 cm.
Durante o século 20, o aumento do nível médio do mar ficou em 17 cm.
Essa alteração, agora, ameaça ilhas, zonas costeiras e cidades em
estuários.

O relatório afirma que é "muito provável" (até 90% de chance) que as
atividades humanas, lideradas pela queima de combustível fóssil,
estejam fazendo a atmosfera esquentar desde meados do século 20. O
relatório de 2001 dizia que essa ligação era "provável" (66% de
chances ou mais).

Em Nova Déli, o chefe do IPCC, Rajendra Pachauri, disse esperar que o
relatório possa "chocar" governantes e fazer com ajam. "Não se pode
deixar de considerar o crédito desse trabalho científico", disse.
O rascunho do documento - o texto será finalizado um dia antes da
publicação, na França - projeta um aumento de temperatura entre 2C a
4,5C a mais do que os níveis registrados antes da Era Pré-Industrial.
A estimativa mais certeira fala em um aumento médio de 3C, assumindo
que níveis de dióxido de carbono se estabilizem 45% acima da taxa atual.
Essa estimativa é mais precisa do que a anterior, divulgada em 2001. O
último intervalo oficial começava em 1,4C e terminava em 5,8C. Não
havia uma medida intermediária, como haverá agora. A União Européia
diz que qualquer aumento superior aos dos 2C vai causar alterações
perigosas.

Estabilizar os níveis de dióxido de carbono poderá aumentar as
temperaturas futuras em 0,5C, principalmente entre 2100 e 2200. Em
2300, isso elevaria o nível do mar de 30 cm a 80 cm em relação a hoje.
Depois disso, então, ambas as taxas começarão a cair.

O nível do mar já esteve de 4 m a 6 m mais alto quando as temperaturas
estavam 3C mais quentes, há 125 mil anos.http://www2.blogger.com/img/gl.link.gif

A corrente do Golfo, que leva águas quentes ao Atlântico Norte, estava
bem mais fraca, mas não o suficiente para estagnar por completo sua
contribuição de aquecimento. Existe, agora, um pequeno risco de que
ocorra uma abrupta interrupção desse sistema de corrente até 2100."

(Da Folha de São Paulo de hoje. Matéria gentilmente enviada pela Andréa N.)

Sobre plantar árvores e "neutralizar-se"

Pegando carona no post da Lucia Freitas , achei muito interessante esta iniciativa do The green iniciative , segundo o qual, através de uma "calculadora verde' você pode calcular sua emissão anual de Gases de Efeito Estufa e a quantidade de árvores que deverá plantar a fim de neutralizar estas emissões, contribuindo com o esforço global para impedir o aquecimento de nosso planeta e, ao mesmo tempo, estará proporcionando uma série de benefícios ambientais para a nossa e as próximas gerações.

Eu tenho de plantar 6 árvores para neutralizar minha emissão anual!! Parece brincadeira, mas pode ser eficaz como medida de conscientização para o problema ambiental. Talvez seja uma iniciativa romântica, como diz a Lucia, "seres humanos jamais serão carbon free. É pura química!", mas de qualquer forma, penso que deveríamos plantar e replantar árvores sempre.

Apenas 5 minutos pelo Planeta

A ONG CIDADE FUTURA convoca os amigos para dedicarem apenas 5 minutos do dia 1º de fevereiro de 2007 para o Planeta. Em todo o mundo haverá grande mobilização. Participem, cidadãos, contra a mudança climática!

Estamos apoiando a iniciativa internacional da Aliança pelo Planeta (grupo francês de associações ambientalistas) que lançou um apelo simples a todos os cidadãos de se dedicarem por cinco minutos à Terra. Todo o mundo apagará por 5 minutos suas lâmpadas e aparelhos elétricos entre 19h55min e 20 horas.

Não se trata apenas de economizar eletricidade nesse dia, mas também chamar a atenção da mídia e daqueles que têm poder de decisão sobre o desperdício de energia e a urgência de agir! Cinco minutos de repouso para o Planeta Terra.

Não toma muito de seu tempo, não custa nada, e isso mostrará às autoridades e fabricantes de todo o mundo que a mudança climática é uma questão que deve ser levada em conta em qualquer decisão política.

Por que dia 1º de fevereiro? Nesse dia será apresentado na França um relatório feito por um grupo de técnicos em climatologia da ONU. Os cidadãos não podem deixar escapar a ocasião para manifestarem sua opinião sobre a urgência com que deve ser tratada a mudança climática mundial.

Se todos participarem, essa ação poderá aparecer na mídia e ter peso político.

Faça circular ao máximo esse apelo entre os seus amigos, colegas e parentes.

A diferença de fuso horário com relação à França não tem importância porque o Brasil se manifestará ainda no dia 1º de fevereiro (das 19:55 às 20h, de Brasília).

No dia 1º de fevereiro vamos para a Praça Tubal Vilela, no centro de Uberlândia, fazendo mobilização da sociedade local para que dediquem 5 minutos para o Planeta.

Quais as causas das mudanças climáticas?

As mudanças climáticas, outro nome para o aquecimento global, acontecem quando são lançados mais gases de efeito estufa (GEEs) do que as florestas e os oceanos são capazes de absorver.

O aquecimento global não é um fenômeno natural, mas um problema criado pelos homens. Qualquer pequena tora de madeira, cada gota de óleo e gás que os seres humanos queimam são jogados na atmosfera e ficam na camada de gases ao redor da Terra.

Isso forma uma espécie de cobertor cada dia mais espesso que torna o planeta cada vez mais quente e não permite a saída de radiação solar: é o efeito estufa, causador de vários impactos negativos sobre as pessoas e a natureza.

Informações:
Frank Barroso
Diretor-Executivo
Da ONG CIDADE FUTURA
Fones: (34) 3087-4422 / 3217-6139

Ou no site em francês da Aliança Pelo Planeta.

O fim do mundo!

Pretendia ficar quieto, mas não agüentei. Passeando pelo blog da Lila, vi um post sobre algo que eu desconhecia, o tal de ENVIGA.

Pensava já ter visto tudo no mundo. Descobri que vou morrer sem ter visto tudo... (se esse post não estiver bem de acordo com o blog, por favor desculpem, mas desde que trocar métodos naturais por produtos enlatados/industrializados não é apoiar a causa do meio ambiente, achei que tem tudo ver...)

Enviga é o resultado de uma parceria entre a Nestlè e a Coca-Cola (já deu pra sentir, né?). É uma bebida que promete emagrecer. Agora, imaginem a campanha publicitária que resultará dessa parceria. Para quem quiser mais detalhes sobre o produto, aqui é o site.

Em meio a tantas informações e links, descobre-se (aqui) que o tal produto "queima", em média, apenas 106 calorias, considerando pessoas "de peso normal" que tomem, PASMEM, três latinhas por dia. O site (que eu tenha visto) não especifica em quanto tempo (parece ser em apenas um dia) se perdem essas 106 calorias extras. Vale a pena ler o "in our study", particularmente o item "The Clinical Trial". Justificam o produto com base num teste realizado com APENAS 35 pessoas saudáveis, com idades entre 18 e 35 anos.

É piada!

O princípio ativo da bebida seria um componente existente naturalmente no "chá verde", que aceleraria o metabolismo. Duas questões para pensar:

1) vale trocar uma bela caminhada por três latinhas de "refri"? (uma caminhada de 30 minutos queima muito mais do que isso...)
2) vale trocar um bom chá verde natural por três latinhas de "refri" ao preço de US$ 1,40 (em média nos EUA. Imaginem por aqui quanto custará...)

Faça a sua parte, não compre (nem para experimentar), não tome e sequer recomende. E se possível, escreva contra.

1/25/2007

Casca de arroz pode gerar energia

Pesquisas vêm sendo desenvolvidas no Brasil e no exterior

Redação Portal CONPET22/01/2007

A casca do arroz, que é quase toda descartada, pode gerar energia. É o que mostraram os pesquisadores da Universidade de Hanói, no Vietnã, e do Instituto Fraunhofer, na Alemanha.
Eles desenvolveram um sistema que queima a casca com grande aproveitamento do seu poder calorífico, o que eleva seu rendimento a um ponto capaz de viabilizar a geração de energia elétrica.

Brasil

No Brasil, um grupo de pesquisa liderado pelo professor da Universidade Federal de Santa Maria (RS), Ayrton Martins, desenvolve formas de extrair energia de diferentes tipos de biomassa como o caroço do pêssego e a serragem do eucalipto, além da casca do arroz.Segundo Martins, existem biorrefinarias no mundo hoje apenas em fase de teste, mas, em menos de dez anos, elas devem se tornar realidade no Brasil e no mundo.

fonte: conpet

Verde é fashion

A Bienal está invadida pela nuvem de fashionistas. É o SPFW que chega com a sua máquina de fazer notícias. De buzz marketing a pensamento verde, tem de tudo (até blog, como vocês já estão verdes de saber).
Acompanhei in loco umas três edições e não apareço por lá há três. A organização sempre teve uma atração por boas causas. O projeto Gota já circulou por lá e também o Cuide. São iniciativas para conscientizar este povo, teoricamente desconectado de assuntos "sérios" - e também dar visibilidade a algumas causas.
Garanto que o Paulo Borges, no meio da sua agenda pra lá de cheia encontrou tempo para assistir pelo menos à entrevista do Al Gore no Millenium, da GloboNews, sobre o documentário Uma Verdade Inconveniente. Isso se não foi ao cinema, comprou o livro e abraçou a causa.
Ou bem ele sinceramente abraçou a idéia ou está fazendo uma bela pose de bom moço. De toda forma não importa: o evento aderiu ao movimento e se "neutralizou" pelo ano inteiro.
O texto (e o selo) estão logo na entrada do site oficial do SPFW: "Quer saber como funciona? Ser carbon free é ser neutro na emissão dos gases na atmosfera. E para que isso aconteça o processo é simples: basta separar um tempo todos e contabilizar uma estimativa de quanto gás carbônico você joga na atmosfera todos os dias. O cálculo final vai estabelecer um número de árvores que deve ser plantado."
Na prática, significa que a Luminosidade, empresa de Borges que organiza o SPFW, vai plantar quase cinco mil árvores de 80 espécies em trechos degradados da Mata Atlântica. E mais: há três "estações de sustentabilidade" na Bienal e mais um no Shopping Iguatemi - porque, afinal, moda é luxo só - que calculam o gasto dos visitantes e garantem a neutralização.
Quem está aqui pode ir até a Iniciativa Verde, calcular seus gastos e tornar-se totalmente verde. No meu caso, nenhuma viagem de avião e o uso de ônibus/metrô para transporte garante baixo custo também na neutralização: Sua emissão anual é de 0.63 ton/CO2. A The Green Initiative recomenda que 4 árvore(s) sejam plantadas.
Detalhes que ninguém vai te contar no site oficial dos fashionistas e descobri navegando:
1. A UMA ganhou o selo verde pela neutralização da emissão da loja no MorumbiShopping.
2. o selo da Garimpo+Fuxique é referente (ainda segundo o site) às emissões de 2006... Será que vão renovar o contrato?
Anyway, o mundo já ficou beeem melhor. Vou plantar minhas árvores.
[humor] Agora, só falta avisar que seres humanos jamais serão carbon free. É pura química! [/humor]

Educação Ambiental

A lei que institui a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) estabelece, no seu artigo 2°, os princípios que informam a atuação dos entes públicos e privados na defesa do meio ambiente. Dentre eles, diz o inciso X:

"educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente".

Por seu turno, os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN, sugerem que os temas Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Orientação Sexual (1ª a 8ª séries) e Trabalho e Consumo (5ª a 8ª séries) sejam tratados como Temas Transversais, isto é, devam ser ensinados em todas as disciplinas. Segundo o PCN, eles foram escolhidos "por envolverem problemáticas sociais atuais e urgentes, consideradas de abrangência nacional e até mesmo de caráter universal. A grande abrangência dos temas não significa que devam ser tratados igualmente; ao contrário, exigem adaptações para que possam corresponder às reais necessidades de cada região ou mesmo de cada escola."

Em 1999 foi editada a Lei 9.795 para dispor sobre a educação ambiental e instituir a Política Nacional de Educação Ambiental. Seguindo o princípio da transversalidade - e da interdisciplinariedade que envolve o meio ambiente -, a lei desaconselha, expressamente, que as escolas criem uma disciplina específica para tratar do meio ambiente (Art. 10, § 1° - A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino.), abrindo exceção apenas para cursos de pós-graduação, extensão ou em áreas voltadas para o aspecto metodológico da educação ambiental (Art. 10, § 2°).

O tema é muito abrangente e extenso para um único post. Cada um deve fazer a sua parte, mas nunca esquecendo que a solução deve, necessariamente, passar pela educação. Somente a educação é capaz de transformar o ser humano. Somente a educação ambiental será capaz de transformar o atual ser-humano-destruir do meio ambiente em um ser-humano integrado ao meio ambiente.

Em outros posts pretendo desdobrar e aprofundar os temas ligados à educação ambiental.

1/24/2007

A ciência por trás do aquecimento global

Lembram do Kerry Emanuel? Pois ele escreveu no Boston Review um artigo para leigos, onde explica meticulosa e claramente sobre a ciência por trás do problema do aquecimento global. O artigo é longo, mas vale a pena ser lido, principalmente as 2 partes finais, onde ele disserta sobre como a política se meteu nessa história - e critica tanto a atitude da direita quanto a da esquerda. Imprescindível.

(Via Real Climate)

Iniciativa "3C": 4 bilhões para combater mudança climática

Roma (EFE)- A ENEL investirá CE 4 bilhões para combater a mudança climática, anunciou hoje a companhia energética italiana.

A ENEL fez este anúncio no mesmo dia em que a imprensa italiana destacou que a Itália é um dos países mais atrasados na introdução de fontes de energias sustentáveis.

O comunicado indica que o conselheiro delegado da ENEL, Fulvio Conti, apresentou hoje ao presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, a iniciativa "3C", na qual traça uma estratégia global para combater a mudança climática.

A iniciativa estaria referendada por outras quatorze companhias de energia líderes mundiais no setor.

Segundo a nota da ENEL, a companhia tem a intenção de investir CE 4 bilhões para fazer da sociedade energética italiana "a mais avançada do mundo na busca de soluções inovadoras para reduzir o impacto ambiental da produção e da distribuição de energia".

"Daremos nosso apoio à iniciativa "3C" com numerosos projetos concretos. O programa de meio ambiente lançado pela ENEL se articula sobre três áreas principais: fontes renováveis, eficácia energética e pesquisa sobre as emissões", afirmou Conti.

O conselheiro delegado se disse convencido de que "todas as opções, da tecnologia do carvão limpo até o hidrogênio e a energia nuclear, devem ser desenvolvidas para combater a mudança climática e garantir a segurança do fornecimento".


Contribuição enviada por Paula Jalassi

1º Simpósio Brasileiro de Mudanças Ambientais Globais

Acontecerá nos dias 11 e 12 de março, promovido pela Academia Brasileira de Ciências e pelo Instituto de Pesquisas Espaciais, nas atividades do PROGRAMA INTERNACIONAL DA GEOSFERA-BIOSFERA (IGBP).

Academia Brasileira de Ciências
Endereço: Rua Anfilófio de Carvalho, 29, 3o Andar - Centro
Rio de Janeiro, RJ CEP 20030-060
Telefone [+55](21)3907-8100
Fax [+55](21)3907-8101

Saiba mais

Contribuição enviada por Paula Jalassi

1/23/2007

Divulgue o blog

Agora sim temos um selinho para divulgar o blog na blogosfera afora! Queremos agradecer o André Kenji, do Dissidência, que gentilmente fez a arte do selinho para nós.

Escolha o tamanho do selo que você deseja, copie o código na caixinha e cole no template do seu blog.

Ajude a divulgar o blog. Assim você também está fazendo a sua parte.

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1/19/2007

Mudança de Hábito

No Brasil, na Bahia e em outros estados, já existem escolas, empresas e instituições que aderiram à idéia da coleta seletiva do lixo. Nos corredores de espaços coletivos observamos que há vasilhames de plásticos, com as suas devidas especificações de produtos como plásticos, papel, metal, vidro, orgânico, etc.

A intenção dos idealizadores da coleta seletiva é fortalecer o novo paradigma da sustentabilidade. Mas, estamos concluindo que não adianta apenas colocar os vasilhames específicos, é necessário, paralelamente, difundir, também, o porquê da coleta seletiva. A cultura do mau hábito, ou seja, de jogar o lixo em qualquer lugar, ainda prevalece. O aluno da escola, o funcionário da empresa, não tem o cuidado de ler ou fazer a relação da cor com o produto especifico para a coleta, nos vasilhames. Nessa pressa o vidro vai para o vasilhame do plástico, o orgânico vai para o de metal, o papelão vai para o orgânico, numa mistura danada de ruim e, continuamos sem concretizar a proposta de educação ambiental, que tem na falta de cuidado com os resíduos, sólidos ou líquidos, um dos seus grandes problemas ambientais.

Numa das palestras das "Quintas Ambientais" promovida pelo CRA da Bahia, o jornalista André Trigueiro revelou dados como o de que para o Brasil promover o seu saneamento básico, hoje, seriam necessários cerca de 40 bilhões de reais. Sabendo que para o saneamento é necessário, primordialmente, o controle da destinação do "lixo" a partir de cada casa, da escola, do hospital, da empresa, a sociedade está sendo convidada a promover o "Pacto Doméstico para a Coleta Seletiva do Lixo" promovido pelo Movimento AMA ­Amigos do Meio Ambiente.

Nesse pacto cada residência ou estabelecimento de ensino ou comércio, não só educaria a sua comunidade para fazer a coleta seletiva do seu lixo, como justificaria os ganhos sociais e econômicos que cada um teria na simples mudança de comportamento, ou seja, deixando de jogar qualquer coisa em qualquer lugar, para apenas colocar no vasilhame certo, aquilo que esta indicado.

No bairro do Saboeiro, em Salvador, num condomínio Fernando Presídio, por exemplo, alguns moradores como Andrea Almeida, informa que aprendeu a diferença entre separar e misturar e está realizando este procedimento, que tem o apoio da AMA - Amigos do Meio Ambiente e dos moradores. Os ganhos econômicos obtidos com a separação de latinhas, vidro, papelão e outros produtos estão agregando valor ao ambiente e para os cadadores, que fazem da atividade uma fonte de renda. Outros condominios contactados pela AMA vendem os produtos e os recursos são revertidos para benefícios e reivindicações feitas pelos próprios moradores, como jardinagem, manutenção de espaço esportivo, segurança, etc.

Em lugares como Los Angeles, nos Estados Unidos, 65% do lixo doméstico ou das empresas, já não estão mais indo para as portas e sim para a reciclagem direta nos lugares que promovem essa política.

No Brasil, onde o desemprego sempre foi um grande problema social, os catadores deveriam já estar com a sua atividade regulamentada e reconhecida como um grande aliado para a sustentabilidade, agregando valor econômico e de saneamento para o bem da saúde publica.

A AMA esta fazendo parcerias com empresas de serviços fotográficos, como a Objetiva filmes, para a doação de potinhos de filme, que estão sendo utilizados como porta-bituca de cigarros. Porque, uma bituca, mais uma bituca, no chão, são duas bitucas, e, uma bituca, menos uma bituca, é zero bituca. E essa é a meta. "LIXO ZERO"

Texto enviado por Liliana Peixinho, jornalista, ambientalista, coordenadora da AMA-Amigos do Meio Ambiente e moderadora da lista de discussão REBIA-Nordeste.

1/18/2007

"A terra devastada": O impacto do aquecimento global na literatura

“A terra devastada” (”The Wasteland”) de T. S. Elliot é um dos grandes poemas do século XX. Escrito em 1922, ele descreve um mundo fragmentado, onde o homem se depara com seu próprio esvaziamento e deterioração. A natureza, tal qual Elliot a concebe, serve de metáfora para a condição humana, uma árida e desértica ilha cercada de um oceano de nadas. A expressão “the wasteland” (terra devastada), desde então, é usada também para se referir a essa condição triste e insólita.

Os escritores sempre escreveram a terra das mais diversas formas e para os mais diversos fins. A literatura, tal qual a pintura, é fundamental na função de descrever e, consequentemente, registrar a fauna e a flora dos países sobre os quais os autores escreviam. Consiste, então, em documentação importante para cientistas e interessados, sobretudo quando levamos em conta que a fotografia somente apareceu na metade do século XIX.

Grosso modo, desde a emergência dos Estudos Culturais, na década de setenta, não se estuda a literatura apenas para encontrar a estética nos textos. Críticos e estudiosos da literatura se preocupam com as ideologias que perpassam o texto literário. Diferentes teorias literárias examinam as relações entre escritores, textos e o mundo. Nos estudos femininos (ou feministas), pergunta-se, por exemplo, como a mulher é descrita na literatura? Por quem ela é descrita? Por que ela, invariavelmente, figura como musa inatingível ou perigosa sedutora? Por que ela quase sempre aparece no âmbito privado, ”fora” do âmbito público? São, essas construções do feminino, espelhos que refletem a realidade da mulher? Que problemas encontramos nessas representações?

Voltemos agora à questão inicial. Desde o final da década de oitenta e, mais marcadamente a partir da década de noventa, criou-se uma nova, digamos “categoria”, na crítica literária denominada “ecocrítica“. A ecocrítica expande a relação escritor - texto - mundo, quando considera que o ”mundo” não se refere somente à sociedade mas envolve, também, o ecosistema em sua totalidade. Como dizem Chery Glotfelty e Harold Fromm, se aceitamos que tudo está interconectado, “devemos concluir que a literatura não flutua acima do mundo material como um éter estético; ao contrário, ela tem um papel importante neste imenso e complexo sistema global, no qual, a energia, a matéria e as idéias interagem” (The Ecocriticism Reader, minha tradução)

E, de fato, a ecocrítica encontrou adeptos fervorosos, pessoas que se dedicam a questionar assuntos fundamentais para o nosso querido e valioso mundinho. Por exemplo, numa aula de literatura a pergunta chavão “como o meio-ambiente reflete a personagem / o enrêdo, etc.?”, se desdobra em “como as metáforas do meio ambiente influenciam o modo que percebemos e tratamos o meio-ambiente?”. Dessa ótica, as perguntas se tornam tão variadas quanto interessantes: “De que maneira a literariedade afeta a relação do homem com o meio-ambiente?”; “Como a literatura registra a devastação ecológica que países como o Canadá, Nova Zelândia, Brasil, Austrália, etc. sofreram com a chegada do europeu no “Novo Mundo”?

Literatura

São, ao meu ver, perguntas fundamentais, uma vez que dirigem as nossas atenções para assuntos que devem ser pensados. Um dos principais motivos de termos negligenciado o nosso meio-ambiente é auma absurda falta de ética. Superar essa crise, como sugere Al Gore em Uma verdade inconveniente, requer não somente um entendimento científico de como nossos ecosistemas funcionam, mas, sobretudo, uma verdadeira reforma ética, de conduta mesmo. A ecocrítica não vai salvar o nosso meio ambiente, é claro. Mas pode ajudar.

Para concluir, fico imaginando que textos Hemingway escreveria hoje em dia. As neves de Kilimanjaro já não exerceriam o mesmo impacto porque elas sequer existem… Green hills of Africa, seriam tão “green”? O belo romance O velho e o mar, que concedeu o prêmio nobel de literatura para Hemingway, teria sido escrito da mesma forma? Pois hoje seria muito difícil pescar um merlin do mesmo porte no Golfo do México, imagino… Joseph Conrad seria o mesmo Joseph Conrad que eu leio nas aventuras de seus personagens na África? E a Austrália que eu li, em “primeira mão”, através das penas dos primeiros diários e cartas das esposas dos colonizadores, é a Austrália de hoje? E a nossa “Canção de Exílio” de Gonçalves Dias, exemplo maior do ufanismo de nossa terra brasilis, como fica? (Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá; /As aves, que aqui gorjeiam, / Não gorjeiam como lá /etc.)

Parece que a resposta Mário Quintana nos dá, em Canção. Um pequeno, porém eficaz protesto ecológico sobre a nossa “terra devastada”:

Minha terra não tem palmeiras…
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.

Mundo

Temperatura: 37oC, na sombra. Um verão com temperaturas atipicamente altas.
Lat: S25o 24′ 06” Lon: W 49o 17′ 15”

(Post escrito pela convidada especialíssima Cris em seu blog Público&privado e gentilmente cedido a este blog verde.)

1/17/2007

Kerry Emanuel

Para quem não sabe, uma das 100 pessoas mais influentes de 2006 pela eleição da revista Time foi um meteorologista: Kerry Emanuel, professor do MIT, em Boston. E por que ele está lá? Porque seus estudos tentam entender o motivo pelo qual os furacões têm se intensificado no mundo, principalmente no Atlântico. O artigo que Kerry Emanuel publicou na Nature (link em pdf) meses antes do Katrina destroçar New Orleans tornou-se literatura básica para qualquer discussão científica decente sobre aquecimento global e furacões que se queira ter. Ele calculou, teorizou e hoje é citado pelos 5 cantos do planeta como o grande idealizador do modelo que dita que a atividade humana é, em parte, responsável pela intensidade dos furacões.

Ano passado, eu assisti a um programa no Discovery Channel que hipotetizava sobre um super-tufão em Hong Kong - e lá estava Emanuel explicando tintim por tintim como essa tragédia se desenvolveria na atmosfera e o que causaria nos arranha-céus da cidade.

Essa semana, Chris Mooney está blogando diretamente da Reunião Anual da Associação Americana de Meteorologia, e relatou em seu blog a palestra de Kerry Emanuel. Um pedaço me saltou aos olhos:

"Emanuel was a party to that consensus statement, but of course he has his own views. And it's clear that although at present he hasn't won over all of his fellow scientists, he still thinks global warming is playing a significant role in increasing the power dissipation of hurricanes, especially in the Atlantic. (Emanuel showed yesterday that the data are much more contested for the Northwest Pacific.)"


Embora todos os pesquisadores sejam relutantes em dizer preto no branco que a o aquecimento global é o responsável (direto ou indireto) pelo aumento da intensidade dos furacões, percebe-se que Emanuel está claramente decidido em sua resposta. Vale notar também no post de hoje do Mooney outra constatação:

"More recently, though, Holland and his co-author Peter Webster of Georgia Tech have gone further and, in a new paper (PDF), asserted that in the Atlantic, an increase in tropical cyclone numbers over the past 100 years is indeed being caused by global warming's heating of the tropical ocean. As the paper puts it: "It is concluded that the overall trend in SSTs and tropical cyclone and hurricane numbers is substantially influenced by greenhouse warming." The paper further argues that although the proportion of major to minor hurricanes has not changed in the Atlantic, there are more of the strongest storms just because there are more storms in total."

Ou seja, não só a intensidade, mas o número de furacões que se formam no Atlântico aumentou em função do aquecimento global.

É claro, ainda há discussões no meio científico sobre a parcela exata de culpa das emissões de CO2 nesse fenômeno, mas é quase certo que há uma parcela - existem outros fatores que influenciam a formação dos furacões, como temperatura da água do mar, o El Niño, correntes atmosféricas, etc.

Resta a nós ficarmos atentos ao que os próximos artigos de Emanuel e de outros grupos importantes da meteorologia podem acrescentar à discussão, que já está pra lá de quente.

(Também postado aqui)

Entrevista com Al Gore no programa Milênio

O ex-vice-presidente americano afirma que deixou a política ...para se dedicar a uma causa planetária: enfrentar o que ele chama de "crise do clima".

Clique aqui para ver a entrevista de Al Gore no programa Milênio.

Al Gore é o autor do documentário Uma verdade inconveniente.

1/15/2007

Seqüestro do CO@

fonte: WWF - O futuro
De acordo com relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança Climática, órgão das Nações Unidas), o seqüestro do gás carbônico (CO2) consiste em levar o gás para outro lugar que não a atmosfera.

Solução para diminuir o efeito estufa?

Segundo o relatório, poderia responder por pouco mais da metade do esforço necessário para impedir que ele alcance concentrações perigosas na atmosfera.

Como é feito?

Os métodos mais promissores seriam os que já estão sendo usados no Canadá, Noruega e Argélia: injetar o gás em poços cobertos por camadas de rocha.

O aquecimento não é mais problema do futuro

As concentrações de CO2 na atmosfera aumentaram em 31% desde a Revolução Industrial. E poderão atingir em 2100 o dobro dos níveis anteriores à Revolução. E é possível que esse nível seja atingido já em 2045!!
Aproximadamente 23 bilhões de toneladas de CO2 são lançados na atmosfera anualmente. São mais de 700 toneladas por segundo! O aumento da temperatura da Terra está desequilibrando seu equilíbrio natural e o clima mundial.

"Não estarei vivo, não é problema meu..."

Precisamos rever nossa postura diante da situação atual. Talvez não estejamos aqui pra morrer torrados, mas nossos filhos e netos estarão, se Deus quiser. Se há alternativas viáveis, por que não usá-las?

Leia mais

Definição de aquecimento global

" 'Aquecimento global' é uma frase que se refere ao efeito sobre o clima das atividades humanas, em particular a queima de combustíveis fósseis (carvão, óleo e gasolina) e a queima em larga escala das florestas, que causam emissões à atmosfera de grandes quantidades dos "gases do efeito estufa", dos quais o mais importante é o dióxido de carbono. Esses gases absorvem a radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra e agem como um cobertor sobre a superfície, mantendo-a mais aquecida do que deveria ser. Associadas a esse aquecimento estão as mudanças climáticas. A ciência básica do "efeito estufa" que gera o aquecimento é bem compreendida. Um entendimento mais detalhado requer modelos numéricos do clima, que integram as equações básicas dinâmicas e físicas que descrevem o sistema climático completo. Muitas das características esperadas das mudanças resultantes do clima podem ser identificadas (como ondas de calor mais frequentes, aumento de chuvas tropicais, aumento na frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos). Incertezas substanciais ainda existem sobre o conhecimento dos feedbacks dentro do sistema climático (que afetam a magnitude de mudança total) e em muitos dos detalhes regionais da mudança. Devido aos impactos negativos nas comunidades humanas (incluindo aumento substancial do nível dos oceanos) e nos ecossistemas, o aquecimento global é o problema ambiental mais importante que o mundo passa no momento. Adaptação aos impactos inevitáveis e motivação para reduzir sua magnitude são necessárias. Uma ação internacional tem sido alavancada pela comunidade científica e política mundial. Devido à necessidade por ação urgente, o maior desafio atual é mudar rapidamente para uma condição de maior eficiência energética e para a geração de energia por combustíveis não-fósseis."

- Tradução minha desse resumo aqui. Referência:

Houghton, J. 2005 Global Warming. Rep. Prog. Phys. 68: 1343-1403.


(Thanks for the excellent link, S. Wayne!)

- Também postado aqui.

Campanha japonesa para economia de energia

Em 2005 o Ministério do Meio Ambiente do Japão incentivou trabalhadores a guardar ternos e gravatas e ir para o escritório com roupas mais leves, como camisetas e bermudas, durante o verão. A campanha Cool Biz fazia com que os aparelhos de ar condicionado da cidade configurassem seus termostatos a uma temperatura de 28ºC.

O resultado da campanha mostra que o país reduziu a emissão de gás carbônico em 460 toneladas, o equivalente ao volume do gás emitido por 1 milhão de residências em um mês.

Fontes:
Wikipedia
MSN-NBC

1/13/2007

Adote O Seu Planeta

Se você anda preocupado com as mudanças climáticas dos últimos anos, se sesente impotente diante das perspectivas ambientais e também tem a impressão de que a cavalaria não virá para nos ajudar; se gostaria de poder fazer algo mas não sabe por onde começar, não tem a certeza de que as suas ações causariam efeito mas está disposto a fazer algo realmente importante, adote o seu planeta. É simples assim:

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Salve a sua vida.

Esta é uma campanha voluntária, popular e internacional. Não tem patrocinador nem proprietário; ela é tão sua quanto minha e começa agora. Não espere convite ou intimação. É você quem decide.

Descubra o
que você pode fazer para ajudar a salvar o planeta. Feche a torneira enquanto escova os dentes ou faz a barba; deixe o carro na garagem e use mais o transporte coletivo; desligue o ar-condicionado uma hora antes; não compre produtos da empresa que polui; troque o atum em lata por peixe fresco; exija que a prefeitura da sua cidade adote um programa eficaz de reciclagem de lixo e controle se ele realmente funciona; desenvolva atividades ao ar livre com seus alunos; descubra como substituir as embalagens da sua empresa por material reciclado e biodegradável; divulgue a campanha no jornal, rádio ou tv onde você trabalha e informe os resultados periodicamente; use somente metade das lâmpadas do escritório e da sua casa; desenvolva um equipamento anti-poluente. Enfim, tem sempre alguma coisa que pode ser feita.

Convide a
sua associação, a sua comunidade ou seus amigos a descobrirem como podemos salvar a Terra com pequenas ou grandes ações, cada um fazendo o que for possível. Participe, divulgue e incentive, mas não espere por ninguém.

Faça a
sua parte.


Allan Robert P. J.

PS – Este texto pode ser copiado, traduzido, impresso e divulgado em qualquer meio sem prévia autorização, exceto para fins comerciais.

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1/12/2007

Como surgiu este blog

Este blog nasceu de um texto da Lucia Malla no seu blog pessoal. Eu já sou leitora da Lucia há algum tempo, e também sou preocupada com as graves questões ambientais que o planeta está enfrentando hoje em dia.

Ela diz:

Para muitos, há uma visão catastrofista na abordagem feita pela mídia e afins sobre aquecimento global - virou "palavra da moda". Eu até concordo que muitas vezes misturam-se causalidades e efeitos numa só salada indigesta, mas o acúmulo de dados que provam que a Terra está se aquecendo anomalamente nos últimos tempos é tão mais robusto que os argumentos contrários, que só me resta acreditar que as pessoas preferem culpar a visão catastrofista por desprezo total pelo futuro (atitude tipicamente suicida) ou por medo (consciente ou não) do que vem pela frente. O pior cego é aquele que não quer ver, já dizia o ditado. Mas, ao invés de nutrir medo e negar os dados que mostram que o aquecimento é uma realidade (não leva a muita coisa saber quem veio primeiro, o ovo ou a galinha), muito melhor seria se discutíssemos o futuro incluindo o aquecimento na equação do mundo e fizéssemos a nossa parte, um pouquinho cada um. Eu acredito no efeito formiguinha, e é com esse otimismo de que em 2007 poderemos dar início a um processo de conscientização ecológica global que eu saúdo a todos que passam por aqui.


Nos comentários deste texto, o Allan sugeriu usarmos o poder da blogosfera pra começar esse trabalho de formiguinha. Eu adorei a idéia e me empolguei também pra gente fazer uma campanha na blogosfera de conscientização das ameaças que o aquecimento global trazem à humanidade e como podemos mudar atitudes individualmente para que os estragos sejam menores, ou pelo menos, sejam retardados.

Nós três trocamos alguns emails e eis aqui o blog.

Ainda estou trabalhando no logo da campanha, mas em breve vamos disponibilizar um selinho pra todos que quiserem contribuir divulgando a nossa campanha. Quem quiser colaborar escrevendo no blog também, é só me mandar um e-mail.

Acompanhe este espaço para saber mais sobre o assunto e junte-se a nós para fazermos a nossa parte para cuidar do nosso planeta!